As religiões afro-brasileiras foram tema do Fórum Inter-religioso da Unicap
|O Fórum Inter-Religioso da Universidade Católica de Pernambuco apresentou, na última segunda-feira, dia 17, às 16h, no Auditório do CTCH, 1º andar do bloco B, a palestra sobre “As religiões afro-brasileiras, das ciências às teologias”, proferida pelo pesquisador João Luiz Carneiro.
Após estudar as principais religiões e aprofundar temáticas transversais às tradições espirituais, o Fórum da Unicap foca os desafios colocados pela intolerância religiosa, que tem afetado principalmente os grupos afro-brasileiros.
Organizado e promovido pelo Observatório Transdisciplinar das Religiões do Recife, desde 2007, o Fórum Inter-Religioso inovou nesta edição, com o formato de videoconferência, onde o palestrante participou diretamente de São Paulo, interagindo com o público presente no auditório da Católica.
O coordenador do Observatório, Prof. Dr. Gilbraz Aragão, abriu o evento, cumprimentando os presentes e apresentando o palestrante. João Luiz Carneiro é doutor em Ciências da Religião, pela PUC-SP; mestre em Filosofia, pela UGF-RJ; especialista em Teologia Afro-brasileira, pela Faculdade Umbandista de São Paulo; especialista em Gerenciamento de Projetos, pela UFF; graduado em Administração de Empresas, pelo Cefet-RJ, e atualmente é professor da FTU e da FMU.
João Luiz Carneiro é autor do livro “Religiões afro-brasileiras”, que foi lançado neste mesmo dia pela Editora Vozes, no Recife.
A partir da publicação do seu livro, João Carneiro mostrou o trânsito das religiões afro-brasileiras, quando começaram a ser pesquisadas, estudadas, refletidas como um saber religioso digno e independente, com um posicionamento claro na esfera pública. Mostrou, ainda, como a ciência começou a olhar para esse objeto de maneira mais efetiva no Século XX, até que os próprios afro-brasileiros, os praticantes da Umbanda, das encantarias, dos candomblés começaram a se unir para fazer uma reflexão própria sobre seu pensamento religioso e na sistemática que deu origem à Teologia Afro-brasileira.
“Toda Escola Afro-brasileira seria composta por epistemologia, método e ética, por um corpo de conhecimento, uma forma de transmitir esse conhecimento pela iniciação e uma forma de viver essa iniciação seria o etos, a ética desse povo de santo, desse povo juremeiro, desse povo umbandista, e estaria estabelecido esse tripé das Escolas Afro-brasileiras. Com o passar do tempo, pesquisando e estudando essas religiões, Babá Rivas Neto (sacerdote médico) oferece uma segunda visão teórica sobre o assunto. Seria o posicionamento de três grandes grupos das religiões afro-brasileiras: as Umbandas, Candomblés e as Encantarias. Esses núcleos, seriam o conjunto base que forma aquela tradição. Só que essas tradições podem dialogar. A Umbanda pode dialogar com o Candomblé, o Candomblé pode conversar com a Jurema, a Jurema pode conversar com a Umbanda”, explica o pesquisador.
João Carneiro prossegue dizendo que: “Com essa estruturação do senso crítico das religiões afro-brasileiras, nós mostramos que estamos na academia e não mais sendo apenas olhados e analisados academicamente. Normalmente o trânsito é alguém se forma em Ciências Sociais, Ciências da Religião, Ciências Humanas e, a partir, de sua formação acadêmica, faz um olhar desde fora da religião, ou seja, a partir da História vou olhar o Candomblé, a partir da Psicologia vou olhar o sujeito, o indivíduo da Jurema. Como nós propomos um exercitar, uma reflexão teológica afro-brasileira, eu estou dizendo que posso olhar desde dentro e não só pegar o conhecimento desde fora. O teólogo afro-brasileiro é aquele que se interessa pela pesquisa em Teologia Afro-brasileira ou faz uso da Teologia Afro-brasileira para estudar a sua religião afro-brasileira em outro campo do saber, a exemplo das Ciências da Religião, que têm uma vantagem epistemológica, porque ao olhar de dentro você tem uma apropriação melhor do conhecimento”.
Em entrevista ao Boletim Unicap, o professor Gilbraz Aragão falou das novidades do Fórum Inter-Religioso. “Neste semestre, a gente tem duas novidades. A primeira é que a gente está se debruçando sobre uma demanda da sociedade, que são casos de intolerância contra as religiões afro-brasileiras, realizando uma série refletindo sobre a espiritualidade, a arte e o que tem de positivo nessa cultura religiosa de diversas tradições como o Candomblé, a Umbanda e a Jurema. A segunda novidade é que a gente está começando a usar a tecnologia a favor da teologia. Estamos incorporando essa possibilidade de videoconferência para pegar grandes nomes que a gente não possa trazer até aqui. Isso pode gerar uma história na Católica de uso mais intensivo das novas tecnologias na educação.”
Muito bem pensado.Como lamento,lamento mesmo não poder estar vivenciando um curso de Mestrado em Ciências da Religião. Preciso elaborar um projeto com alguém que acredite me oriente como fazê-lo dentro das linhas de pesquisas da universidade.Entre em contato comigo.Obrigada.