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Aplicativo que revoluciona comunicação de pessoas com paralisia cerebral apresentado no TDC Recife

Um erro médico e a dor de uma família em ter uma filha com paralisia cerebral se transformaram em uma ação inovadora de negócio de grande impacto social. A jornada de amor, dedicação, perseverança, foco e fé do criador do aplicativo Livox não cabe em resumos, mas os seus relatos sempre emocionam e comprovam como a tecnologia pode transformar a vida de milhões de pessoas. O case foi apresentado durante palestra na noite desta quinta-feira (11), no auditório G2, como parte da programação do TDC Recife 2019.

Tudo começou em 2007. A menina Clara nasceu no Recife e complicações no parto reduziram a oxigenação no cérebro, provocando paralisia cerebral com graves sequelas neurológicas que a impediram de andar e falar. A partir daí, a família iniciou uma peregrinação pela reabilitação da menina.

A primeira batalha foi uma campanha para obtenção de recursos para um tratamento com células tronco. A mobilização liderada pelo pai de Clara, o desenvolvedor Carlos Pereira, sensibilizou o Náutico e o Santa Cruz. Os clubes promoveram o Clássico da Solidariedade. Deu certo. A menina Clara foi uma das primeiras brasileiras a fazer tratamento com células tronco. “O tratamento foi muito bom para ela, mas não representou a cura. Mesmo assim, ela teve uma grande melhora”, recordou Carlos. “Era preciso estimulá-la”.

Para superar o novo desafio, Carlos procurou investidores estrangeiros e montou uma clínica de reabilitação com tecnologia de ponta mas não era o suficiente. “Eu percebi que a minha filha queria se comunicar. Não sei se vocês sabem, mas a pior prisão que existe é o seu próprio corpo. Existem pelos 300 milhões de pessoas no mundo não-verbais: são pessoas com paralisia cerebral, autistas, com sequelas de derrames e muitas dessas doenças impedem as pessoas de falar. Isso é igual a população do Brasil e do México. Imagine você ter uma coceira, não conseguir se coçar nem pedir a alguém, estando com sede e não conseguir falar. É horrível. Cheguei a conclusão de que minha filha não iria conseguir falar sozinha então decidi a aprender a programar”.

Foi aí que ele criou o software de comunicação alternativa Livox. O que o diferencia é o algoritmo premiado aliado a uma estrutura de inteligência artificial, aprendizagem de máquina e relatórios de acompanhamento. O aplicativo tem a capacidade de se personalizar à medida em que o usuário vai usando. Um desses algoritmo é o Intellitouch, que entende o tipo de toque na tela de uma pessoa com deficiência ou com falta de coordenação motora. “O Livox é capaz de se ajustar a uma ampla variedade de deficiências”, disse Carlos. Atualmente o Livox está presente em onze países de 25 idiomas diferentes. Já são mais de 25 mil usuários.

O sucesso do aplicativo despertou a atenção de prefeituras e de organismos internacionais. Carlos Pereira já deu palestras na ONU e no Massachusetts Institute Technology (MIT). O sucesso internacional fez o Google se tornar investidor do projeto e desde 2015 Carlos mora com a família nos Estados Unidos. Ele trabalha na aplicação do Livox na automação de carros para pessoas com deficiência.

 

 

 

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