Boletim Unicap

Antropóloga francesa faz palestra de encerramento da 13ª Semana da Mulher

Chegou ao fim, na noite desta quinta-feira (19), a 13ª Semana da Mulher da Unicap, promovida pelo Instituto Humanitas. O encerramento foi marcado pela palestra da antropóloga francesa Véronique Durand – pesquisadora visitante do Departamento de Ciências Sociais da UFPE –, que abordou as violências invisíveis contra a mulher no mundo. O assessor de Relações Internacionais da Unicap, Prof. Dr. Thales Castro, atuou como debatedor. O evento, que teve início às 19h, lotou o auditório G1.

IMG_7766Véronique iniciou suas palavras conceituando os diferentes tipos de violência (violência de estado, política, simbólica, econômica e bullying). Em seguida definiu a violência entre pessoas como sendo “comportamentos de dominação ou escravismo usando a força física, verbal ou psicológica”. Ao abordar, especificamente, a violência contra a mulher, citou o conceito da Assembleia Geral das Nações Unidas, que a define como “qualquer ato de violência dirigido contra o sexo feminino e causando ou podendo causar às mulheres um prejuízo ou sofrimentos físicos, sexuais ou psicológicos, incluindo a ameaça de tais atos, o constrangimento ou privações arbitrárias de liberdade”.

À medida que foi detalhando o pensamento que serviu de base para o tema que abordou, Véronique apresentou 7 tipos mais comuns de violência contra a mulher ao redor do mundo; são eles respectivamente: a sua instrumentalização mediante conflitos, como estupros, sequestros e a escravizações de grupos femininos em áreas dominadas; as práticas culturais e tradicionais, como a mutilação genital e ablação do clitóris; os casamentos forçados ou arranjados, que segundo a Unicef, mais de 250 milhões de meninas no mundo foram casadas enquanto eram crianças (onde muitas delas morrem, por não estarem fisicamente preparadas para o ato sexual);  prostituição, trabalho forçado e escravidão, nesse ponto lembrou a atual situação do grupo religioso Yágizi, que sofre perseguição de grupos fundamentalistas religiosos, onde mulheres são sequestradas, leiloadas e tornam-se escravas sexuais; queimaduras por ácido, que em países como Bangladesh, são uma prática comum; feminicídio, caracterizado como um crime de ódio contra o gênero feminino (que em 3 de março de 2015, tornou-se um crime hediondo na Constituição brasileira); e por último a violência doméstica, forma de violência mais vivida ao redor do mundo.

IMG_7792Ao longo da noite, tornou-se perceptível para a plateia, que o estupro, a escravização e a extrema submissão feminina são as principais formas de efetivação da violência contra a mulher, não só fisicamente, como socialmente, uma vez que a própria sociedade patriarcal responsabiliza as mulheres por essa prática. Véronique afirma que “de fato, em sociedades onde a sexualidade e a virgindade são fundamentais, são as mulheres quem têm vergonha, nunca os agressores”. Ela continua “é preciso entender a violência à mulher como um problema social, e o combate a essa prática deve ser institucionalizada”. Ela defende que a única forma de combater essas práticas, é uma reeducação para ambos os gêneros e diz “a sociedade, da mesma forma que vai moldar as mulheres, vai moldar os homens; então é preciso educá-los”. Ela finalizou sua palestra com um pensamento de Gandhi, que diz “só engrandecemos o nosso direito à vida cumprindo o nosso dever de cidadãos do mundo”.

 

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