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Abertura da 1ª Semea discute identidade étnico-religiosa do Alto Solimões

img_2446A necessidade de conhecer e interagir com a realidade da região amazônica foi o ponto de partida das discussões que marcaram a abertura da 1ª Semana de Estudos Amazônicos (Semea) da Católica, na noite desta terça-feira (25), no auditório G1. Este foi o tom das boas-vindas do Pró-reitor Comunitário da Unicap e coordenador do evento, Prof. Dr. Pe Lúcio Flávio Cirne. Ele defendeu a importância de os conhecimentos acadêmico e popular caminharem juntos na defesa da Amazônia.

“Além de pesquisadores, receberemos ao longo da programação, ribeirinhos e indígenas para nos mostrar a sua importância e sua relevância. Que esta semana seja um exercício provocador da reflexão e que seja calorosa e integradora”, disse Padre Lúcio ao convidar os visitantes vindos do Alto Solimões para ficarem de pé.

Esta região que faz parte da tríplice fronteira entre o Brasil, Colômbia e Peru foi o objeto de um estudo apresentado pela palestrante da noite. A Profª Drª Renilda Aparecida falou sobre O Processo de Constituição da Identidade Étnico-religiosa no Amazonas: fronteira entre as religiões indígenas, afro-brasileira, espírita e católica. A coordenação da mesa ficou a cargo do Prof. Dr Sérgio Cezino, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Unicap.

img_2453Aparecida é professora adjunta da Universidade Federal do Amazonas atuando no Instituto de Natureza e Cultura Benjamin Constant e no Programa de Pós-graduação Sociedade e Cultura na Amazônia. “Devido ao intenso trânsito fronteiriço, as identidades nacional e internacional vivem em constante reconfiguração”.

Dados do IBGE analisados por ela revelam que o racismo “institucional e estrutural” do Brasil muitas vezes ocasionam a negação da própria identidade. Quarenta por cento da população se reconhece parda, 28% negra, 17% indígena e 13% branca “na região de maior predominância indígena do País. Depois de oito anos vivendo lá, eu digo que os indígenas são tratados como se negros fossem, com os mesmos estigmas, com a inferiorização sofrida pelos negros”.

A troca ritualística entre as diferentes manifestações religiosas que compõem a identidade étnico-cultural do Alto Solimões também foi explicada pela pesquisadora. Um dos exemplos citados foi a Igreja Evangélica Ticuna, que mistura elementos da bíblia cristã com a cultura e tradição dos índios Ticuna. De acordo com Aparecida, o intuito dessa igreja é ser uma alternativa à outras que “impõem um cristianismo fazendo com que eles (os indígenas) não possam viver esse lado da tradição ancestral”, afirmou Aparecida ao mencionar que os líderes da igreja têm formação em teologia.

“Esses grupo sociais tentam retomar aspectos mitológicos do passado e tais relatos podem ser a chave da compreensão do processo de constituição de identidade étnico-religiosa na região do Alto Solimões”, enfatizou a professora ao final de sua explanação.

Momento Cultural – Antes da programação acadêmica, o evento de abertura da 1ª Semea contou com a apresentação do Madrigal Lindbergh Pires. Sob a regência do maestro Jadson Oliveira, foram interpretadas músicas do compositor paraense Waldemar Henrique. As canções tinham elementos do folclore amazônico como A Lenda do Boto-Rosa e Tambatajá.

 

 

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