Boletim Unicap

Intercom lança Prêmio Luiz Beltrão na Assembleia Legislativa de Pernambuco com palestra de Lúcia Santaella

A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) lançou, na noite desta terça-feira (12), no auditório do anexo da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o Prêmio Luiz Beltrão 2011. Em sua 14ª edição, o prêmio é um reconhecimento à qualidade dos trabalhos acadêmicos realizados no campo das ciências da comunicação no Brasil e uma homenagem ao pioneiro da pesquisa científica sobre os fenômenos comunicacionais na universidade brasileira. Neste ano, particularmente, o lançamento do prêmio deu início também às comemorações dos 50 anos do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, que vai sediar de 3 a 6  de setembro deste ano o XXXIV Congresso Nacional da Intercom.

Na solenidade de lançamento da edição 2011 do prêmio, a Profª Drª Lúcia Santaella, da PUC-SP, ganhadora do prêmio Luiz Beltrão 2010 na modalidade maturidade acadêmica, fez uma conferência sobre a “Pesquisa em Comunicação no Brasil”. O evento contou com a presença da deputada Teresa Leitão; do Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens; da Pró-reitora Acadêmica e coordenadora local do Intercom 2011, Profª Drª Aline Grego; da diretora científica da Intercom e organizadora do Congresso Nacional, Profª Drª Marialva Barbosa; e da diretora cultural da entidade, Rosa Maria Dalla Costa. Promovido pela Intercom, o prêmio tem o apoio do Globo Universidade.

A deputada Teresa Leitão, que estava representando o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Guilherme Uchoa, deu as boas-vindas aos presentes ressaltando a honra que a Casa de Joaquim Nabuco estava tendo em sediar o lançamento de um prêmio tão importante, sobretudo por homenagear Luiz Beltrão, um ex-funcionário da Alepe. Ela aproveitou para parabenizar a Universidade Católica de Pernambuco pelos 50 anos do curso de Jornalismo e fez questão de frisar que dois de seus irmãos – os jornalistas Ricardo Leitão e Paulo André Leitão – se formaram na Unicap.

Na sequência, foi a vez do Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens, saudar os presentes. Ele se disse emocionado de participar de uma mesa formada em sua maioria por mulheres, sobretudo em um momento em que o Brasil começa a ser governado por sua primeira presidenta. Agradeceu à Assembleia Legislativa pelo espaço que estava cedendo para a solenidade, aproximando o poder legislativo da academia, e agradeceu a militância de cada uma das componentes da mesa na comunicação. Padre Pedro ressaltou o compromisso da Católica para a consolidação da vida profissional dos comunicadores e lembrou o “deslize democrático” do país, quando o STF acabou com a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. O Reitor também enfatizou o orgulho que a Católica tem em ter tido em seus quadros o professor Luiz Beltrão, que não apenas criou o curso de Jornalismo da Universidade, mas também o primeiro centro de estudos da comunicação do país na Unicap. Ele revelou, ainda, que numa viagem recente à Brasília foi apresentando a um neto de Luiz Beltrão, que chorou ao saber que era reitor da Universidade Católica de Pernambuco, instituição pela qual seu avô tinha profunda estima. Padre Pedro disse que também ficou muito emocionado com o encontro. Finalizando, destacou que “Luiz Beltrão foi um olindense que levou o nome de Pernambuco para o Brasil e para o mundo”.

Rosa Maria Dalla Costa exibiu em um telão todos os detalhes sobre o prêmio (ver abaixo) e, em seguida, houve a entrega de uma placa em homenagem a Luiz Beltrão à professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco Salett Tauk, na ocasião representando a família do jornalista. Logo depois, a assistente-chefe do Patrimônio Histórico da Assembleia Legislativa, Cíntia Barreto, também prestou uma homenagem a Luiz Beltrão pelo trabalho realizado ao longo do tempo em que foi funcionário da casa. Após as homenagens, a Pró-reitora Acadêmica da Unicap, Aline Grego fez a apresentação da conferencista, de quem foi aluna no Doutorado em Comunicação da PUC-SP.

Lúcia Santaella é pesquisadora 1 A do CNPq. Professora titular no programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, com doutoramento em Teoria Literária na PUCSP em 1973 e Livre-Docência em Ciências da Comunicação na ECA/USP em 1993. É coordenadora da Pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, Diretora do CIMID, Centro de Investigação em Mídias Digitais e Coordenadora do Centro de Estudos Peirceanos, na PUC-SP. É presidente honorária da Federação Latino-Americana de Semiótica e Membro Executivo da Associación Mundial de Semiótica Massmediática y Comunicación Global, México, desde 2004. É correspondente brasileira da Academia Argentina de Belas Artes, eleita em 2002. Foi eleita presidente para 2007 da Charles S. Peirce Society, USA. É também um dos membros do Advisory Board do Peirce Edition Project em Indianapolis, USA e um dos membros do Bureau de Coordenadores Regionais do International Communicology Institute.  Recebeu o prêmio Jabuti em 2002 e em 2009, o Prêmio Sergio Motta, Liber, em Arte e Tecnologia, em 2005 ,e o prêmio Luiz Beltrão-maturidde acadêmica, em 2010.  Quase 200 mestres e doutores defenderam suas dissertações e teses sob sua orientação, de 1978 até hoje. Tem 35 livros publicados, dentre os quais 5 são em co-autoria e dois de estudos críticos. Organizou também a edição de 11 livros. Além dos livros, tem perto de 300 artigos publicados em periódicos científicos no Brasil e no Exterior.

Lúcia Santaella começou sua brilhante conferência agradecendo a oportunidade de estar na terra de Luiz Beltrão. Ela disse que, se o tema  da sua conferência “A pesquisa em comunicação no Brasil, com ênfase na pesquisa empírica” tivesse sido apresentado a ela no início dos anos 1990, teria plenas condições para responder a ele satisfatoriamente. Naquela época, ela foi consultora da área de comunicação no CNPq e isso lhe deu a oportunidade de conhecer com bastante intimidade todos os projetos de pesquisa apoiados pelo CNPq que se desenvolviam por todo o território nacional. Hoje, no entanto, transcorridos quase 20 anos, Santaella disse que sobrava-lhe timidez para enfrentar esse tema, na medida em que ele pressupõe o mesmo nível de conhecimento sobre a pesquisa em comunicação no Brasil que  ela tinha naqueles tempos. “Há que se considerar também que as condições atuais são muito distintas daquelas de duas décadas atrás”, enfatizou.

Ao longo de sua fala, ela discorreu sobre a expansão e onipresença da comunicação, que se constitui, segundo ela, em verdadeiro pivô de todas as outras ciências humanas, avançando até mesmo dentro de algumas ciências naturais; explicou as subdivisões das ciências; enumerou os tipos de pesquisa; e finalizou sua apresentação enfatizando que “é necessário considerar que, por trás de todas as epistemes, tipos de pesquisa, métodos, procedimentos e técnicas, a pesquisa científica é uma atividade específica e especializada realizada por pessoas vivas. Uma atividade que demanda de quem se propõe a desenvolvê-la uma certa vocação, um certo grau de renúncia às agitações da vida mundana e insubmissão às tiranias da vida prática; demanda a curiosidade sincera pelo legado do passado e a vontade irrefreável de prosseguir; exige isolamento disciplinado e consequente capacidade para a solidão reflexiva, hábitos de vida muito específicos, ao mesmo tempo que abertura para a escuta cuidadosa e sempre difícil da alteridade, junto com a capacidade renovada de se despojar do conforto das crenças, quando isso se mostra necessário. Exige, antes de tudo, amor pelo conhecimento. Só esse amor pode explicar a docilidade do pesquisador aos rigores da ciência, especialmente aos rigores do método”. Foi aplaudidíssima.

Antes do coquetel, Santaella recebeu da Assembleia Legislativa o ensaio fotográfico “Visões do Legislativo”, de autoria de Breno Laprovítera.

Sobre o prêmio

O Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação destina-se a reconhecer a qualidade do trabalho acadêmico realizado nas universidades ou nos centros/institutos de pesquisa, valorizando a atuação individual, grupal ou coletiva. Sua finalidade é identificar anualmente quais as pessoas, equipes ou instituições que apresentaram contribuições relevantes para o campo das ciências da comunicação, de modo a construir/consolidar a identidade da nossa comunidade acadêmica. Seu público-alvo é formado por pesquisadores, professores, estudantes e demais interessados no trabalho acadêmico e nos rumos da pesquisa na área da Comunicação Social.

Para participar

Os candidatos ao prêmio são indicados pela comunidade acadêmica das ciências da comunicação, através de um processo de consulta aos sócios da Intercom, dirigentes e colegiados dos cursos de comunicação (graduação e pós), institutos de pesquisa e outras entidades da área. As indicações serão feitas através de ficha própria, disponibilizada em espaço web indicado pela Intercom no site www.intercom.org.br.

As indicações de candidaturas vão ocorrer no período de 12 de abril a 20 de maio de 2011. Em seguida, de 20 a 31 de maio, as indicações são analisadas e validadas de acordo com o regimento do prêmio. O júri então faz sua votação para que até 30 de junho sejam anunciados os vencedores em cada categoria.

A escolha dos vencedores é feita por um colegiado, composto pelos ex-presidentes da Intercom; e pelos vencedores do Prêmio Luiz Beltrão na Categoria “Maturidade Acadêmica. A entrega dos diplomas e troféus será feita no dia 5 de setembro, em sessão solene, durante o XXXIV Congresso Nacional da Intercom.

Categorias

O prêmio está dividido em dois grupos: Personalidades e Instituições, que por sua vez se dividem em quatro distintas categorias, sendo duas premiações para cada grupo. Veja abaixo:

Personalidades

1 – Liderança Emergente
Destinado a jovem doutor que esteja adquirindo projeção local ou regional pela seriedade e produtividade do trabalho desenvolvido, pela capacidade de liderar projetos/equipes e pela busca de conexões nacionais/internacionais. A seleção deve ser feita pelos indicadores da trajetória percorrida num período mínimo de 5 anos e máximo de 10 anos após o doutoramento do candidato.

2 – Maturidade Acadêmica
Destinado a pesquisador-senior, autor de estudos significativos e produtor de conhecimento comunicacional que tenha obtido reconhecimento nacional e/ou internacional. A escolha se fará a partir do conjunto da obra. Os candidatos devem ser comunicólogos com 10 anos ou mais de carreira acadêmica ou profissional.
Instituições

3 – Grupo Inovador
Destinado a núcleos de pesquisa que venham se destacando pela capacidade de inovar nos planos teórico, metodológico, tecnológico ou pragmático, construindo idéias, gerando produtos ou modelos comunicacionais. A seleção se fará pelos indicadores da trajetória do grupo nos últimos 5 anos.

4 – Instituição Paradigmática
Destinado a cursos, departamentos, escolas, institutos, empresas, sindicatos, associações, igrejas, ONGs ou órgãos públicos que tenham se notabilizado pela criação/manutenção/fortalecimento de programas de pesquisa sistemática dos fenômenos comunicacionais. A seleção se fará pelos indicadores da produção institucional nos últimos 5 anos.

Quem foi Luiz Beltrão

O professor pernambucano Luiz Beltrão foi o fundador do primeiro centro acadêmico nacional de estudos midiáticos, o Instituto de Ciências da Informação da Universidade Católica de Pernambuco (1963), editor da primeira revista brasileira de ciências da comunicação (Comunicações & Problemas, 1965) e ainda o primeiro doutor em Ciências da Comunicação do Brasil (Universidade de Brasília, 1967). Sua obra ganhou reconhecimento nacional e prestígio internacional, nos âmbitos do jornalismo e comunicação de massa.

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