A MULHER POPULAR E O ESTIGMA DA ASCENSÃO SOCIAL NA TELEDRAMATURGIA
ANÁLISE CRÍTICA DE MARIA DO CARMO EM RAINHA DA SUCATA
Palavras-chave:
Performatividade, Ascensão Social, Classe, TelenovelaResumo
Esta pesquisa propõe uma análise crítica da personagem Maria do Carmo na telenovela Rainha da Sucata (1990), compreendendo-a como figura novelesca que dramatiza as tensões simbólicas da chamada “nova riqueza” no Brasil da década de 90. Ao deslocar a telenovela para o campo da teoria literária, adota-se a perspectiva de Bakhtin (1988), Auerbach (2007) e Antonio Candido (2000), reconhecendo a narrativa televisiva como forma estética e discursiva dotada de densidade crítica. A fundamentação teórica ancora-se nos conceitos de capital, distinção e habitus de Bourdieu (2008), nas reflexões de García Canclini (1997) sobre consumo e pertencimento, e na abordagem de Hall (2003) quanto à construção midiática das identidades. Com metodologia qualitativa e interpretativa, de inspiração analítico-discursiva, a investigação centra-se na análise de cenas selecionadas que evidenciam a performatividade da riqueza e os conflitos entre diferentes frações de classe. Os resultados indicam a construção de uma identidade liminar, simultaneamente celebrada e estigmatizada. Conclui-se que a telenovela, enquanto narrativa ficcional, funciona como instância produtora de sentidos sobre mobilidade social, exclusão e prestígio no imaginário brasileiro contemporâneo.
Referências
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