MITO-FANIA
DA TEORIA À EXPERIÊNCIA DA CONSCIÊNCIA MÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.25247/paralellus.2023.v14n34.p233-253Palavras-chave:
Mythe, sacré, conscience supra-sensible, symbolique, invisible, corpsResumo
Desde seus primórdios, a antropologia cultural tem se deparado com as expressões do pensamento mítico nas sociedades tradicionais e nos povos primitivos, especialmente os não europeus. As interpretações desse imaginário cultural variam entre a hipótese de uma forma específica de pensamento arcaico, desconstruída e superada pelo pensamento racional de origem europeia, e uma explicação estruturalista baseada em estruturas cognitivas universais, como a de Claude Lévi Strauss, que minimiza a distância entre o pensamento selvagem e o científico, mas se refere a eles como formalismos abstratos, esvaziados de seus afetos e conteúdo existencial. Uma abordagem mais fenomenológica e existencial da imaginação mítica, no sentido de todas as crenças, inclusive as monoteístas, proporcionaria uma melhor compreensão de como a narração mítica está enraizada em uma experiência de consciência simbólica, com suas estruturas afetivas e suas restrições narrativas, semânticas e sintáticas. Com base no trabalho de Walter Otto, Ernst Cassirer, Mircea Eliade, Gilbert Durand, Georges Gusdorf, Kurt Hubner, Henry Corbin, Paul Ricœur, James Hillman e outros, a consciência mítica surge como uma forma de ser-no-mundo, uma dimensão existencial da consciência imaginativa. Ela constitui uma alternativa genuína e um complemento à visão racional do mundo objetivo, que não pode ser a única maneira de representar a vida, as ações e as instituições.
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