“A PRAGA DA NOSSA ERA É O CHAMADO SECULARISMO”

O PROCESSO DE LAICIZAÇÃO APARENTE DURANTE O INÍCIO DA REPÚBLICA BRASILEIRA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25247/paralellus.2022.v13n33.p401-418

Palavras-chave:

Religião e Política, Secularização, Igreja Católica no Brasil, Brasil República

Resumo

O objetivo deste trabalho é conhecer os embates entre a Igreja Católica e o governo brasileiro durante os primeiros anos após a Proclamação da República. Para isso, serão discutidos os conceitos de secularização e laicização, compreendendo os diálogos entre a igreja institucionalizada e as propostas republicanas para a separação entre o poder religioso e o poder temporal. Sob o olhar da História Cultural das Religiões, o texto compreende as estratégias de adaptação da Igreja Católica para responder às transformações políticas do país, compreendendo como a instituição criou mecanismos de adaptação à secularização do Estado, formalizada com o Decreto 119-A, promulgado em 1890. O texto observa que tais estratégias não culminaram na separação completa entre Estado e Igreja, mas resultaram na abertura de novos espaços de atuação para os religiosos católicos e na manutenção de laços políticos entre os dois grupos. Para analisar essa questão, o texto usa o conceito de laicização aparente, buscando diferenciar os textos oficiais republicanos das práticas cotidianas. 

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Biografia do Autor

  • Julia Rany Campos Freitas Pereira Uzun, USP

    Pesquisadora de Pós-Doutorado em História da Educação junto à Cátedra de Educação Básica da Universidade de São Paulo, sob supervisão da profa. dra. Diana Vidal. É mestra e doutora em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: professorajuliahistoria@yahoo.com.br

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Publicado

2022-12-30

Edição

Seção

TEMÁTICA LIVRE/FREE SUBJECT (artigos)

Como Citar

CAMPOS FREITAS PEREIRA UZUN, Julia Rany. “A PRAGA DA NOSSA ERA É O CHAMADO SECULARISMO”: O PROCESSO DE LAICIZAÇÃO APARENTE DURANTE O INÍCIO DA REPÚBLICA BRASILEIRA. PARALELLUS Revista de Estudos de Religião - UNICAP, Recife, PE, Brasil, v. 13, n. 33, p. 401–418, 2022. DOI: 10.25247/paralellus.2022.v13n33.p401-418. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/paralellus/article/view/2142.. Acesso em: 27 abr. 2024.

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