A SANTIDADE DAS MULHERES
RELIGIOSIDADES FEMININAS E ESCRAVIDÃO INDÍGENA NO RECÔNCAVO BAIANO (1553 – 1595)
DOI:
https://doi.org/10.25247/hu.2024.v11n21.p75-94Palabras clave:
Santidade de Jaguaripe, Religiosidades, Escravidão Indígena, Recôncavo Baiano , Santo OfícioResumen
O presente artigo versa sobre a trajetória de Iria Alves, indígena, capturada no baixo Paraguaçu, em tenra idade, na década de 1550. A partir da documentação gerada pela Primeira Visitação do Santo Ofício, buscou-se analisar sua trajetória e rede de sociabilidades e de que modo ela se apresenta permeada de pistas e vestígios acerca das religiosidades femininas e da escravidão indígena no Recôncavo, na segunda metade do século XVI. Mecanismos de adaptabilidade utilizados por Iria, seus êxitos, fracassos e recomeços, foram colocados em perspectiva no intuito de melhor entender o ciclo de escravização dos povos indígenas na Capitania da Bahia. Procurou-se também esmiuçar as guerras engendradas contra os nativos, as diferentes políticas indigenistas ensaiadas no espaço analisado e suas violações, através de relatos de cronistas e eruditos da América Lusitana. Além disso, debruçou-se sobre a documentação inquisitorial, localizando as práticas religiosas heterodoxas, protagonizadas por mulheres de ascendência ameríndia. Para tanto, lançou-se mão das ferramentas metodológicas criadas pela Micro-História e pela Escola Baiana de História Indígena. Pode-se constatar que as guerras direcionadas pelos adventícios desestabilizaram as comunidades autóctones, gerando reações de rebeldia que envolviam o sagrado. Bem como, verificou-se que a adaptabilidade das indígenas ao novo sistema dominante se fez lugar-comum.
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