A trajetória histórica dos espaços de cultivo urbano na Alemanha: Interações e embates entre a urbanização e a natureza (do séc. XIX ao XX)

Autores

  • Angela Bernadete Lima Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.25247/hu.2019.v6n12.p274-290

Palavras-chave:

espaços de cultivo urbano, Kleingärten, história ambiental.

Resumo

A trajetória dos espaços de cultivo urbano faz parte da história da Alemanha. No cenário europeu, o movimento de hortas urbanas teve seu ímpeto no século XIX, quando os trabalhadores rurais se aglomeraram nas cidades industriais, e sua existência foi, durante muito tempo, um repositório de ideias sobre reforma social, melhoria higiênica e mobilidade de classe. Os locais que passaram a ser ocupados por associações e por moradores urbanos que viviam em situação precária de moradias ficaram conhecidos como Kleingärten (pequenas hortas) e surgem como resposta à urbanização e ao afastamento do contato com a natureza e aparecem em escritos e discursos sanitaristas e de naturopatia presentes naquele contexto. Tais práticas de agricultura passam a fazer parte do cotidiano em diversas cidades alemãs, especialmente no século XX, adquirindo outras variações e nomenclaturas. Assim, os Kleingärten nos auxiliam na compreensão das transformações operadas no espaço urbano alemão, onde a continuidade de práticas de agricultura é fator socioambiental que adquire distintos significados ao longo do tempo. Logo, perceber como as interações entre a natureza e a urbanização se operam em contextos como a industrialização e os conflitos bélicos, chegando até os dias atuais – quando se acirram os debates sobre ecologia, preservação ambiental e sustentabilidade – permite-nos olhar as cidades sob o viés ambiental, assim como chamar a atenção para o lugar da natureza nas cidades, sendo esse um tema de intenso debate e pesquisa em história ambiental e urbana.


Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Angela Bernadete Lima, Universidade Federal de Santa Catarina
    Doutora em História pela UFSC, com estudos e pesquisas voltados a História Ambiental Urbana, História das Atividades Agropecuárias. Membro do grupo de pesquisas do CNPq Laboratório de Imigração, Migração e História Ambiental.

Referências

BARLÖSIUS, Eva. Naturgemäße Lebensführung. Zur Geschichte der Lebensreform um die Jahrhundertwende. Campus, Frankfurt am Main 1997.

BARRO S, José D´ Assunção. Cidade e História. Petrópolis: Vozes, 2007.

BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo: Perspectiva, 2011.

BESSEL, Richard. Alemanha, 1945: Da Guerra à Paz. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

BRUNN, Gerhard; BRIESEN, Detlef. Um arquipélago hierarquizado. In: RICHARD, Lionel (org.) Berlin, 1919-1933: a encarnação extrema da modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

BUNDESMINISTERIUM FÜR VERKEHR, BAU UND STADTENTWICKLUNG. Städtebauliche, soziale und ökologische Bedeutung des Kleingartenwesens. Berlin: BMVBS, 2009.

CARLOS, Ana Fani. A Cidade. São Paulo: Contexto, 1999.

COSTA, Maria C. L. O discurso higienista definindo a cidade. In: Mercator. Fortaleza. vol. 12, n. 29, p.51-67, set. /dez., 2013.

GRÖNING, Gert. Aspectos da cultura do jardim e do desenvolvimento dos espaços livres na Alemanha. In: RAEGA: O espaço geográfico em análise. Vol. 11, p. 143-170, 2006.

GÜNTHER, Reine. Die Naturheilbewegung und ihre Kleingartenanlagen in Sachsen. Leipzig: Deutsches Kleingärtnermuseum, 2013.

HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2006.

HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

JAHESBERICHT. Schreberverein der Westvorstadt. Sch.II-7, Blatt 25 (rückseite), 1868. Acervo Deutsches Kleingärtnermuseum, Leipzig.

JORGE, Janes (org.). Cidades Paulistas – Estudos de História Ambiental Urbana. São Paulo: Alameda, 2015.

KRASNY, Elke. Hands-on Urbanism. Vom Recht auf Grün. Wien: Turia Verlag, 2012.

LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana. Trad. Sergio Martins. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1999.

LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. 5ª ed. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Centauro, 2011.

MORÁN, Nerea. Agricultura urbana: un aporte a la rehabilitación integral. Revista Papeles de relaciones ecosociales y cambio global. Nº 111, 2010, pp. 99-111.

MOUGEOT, Luc. Urban agriculture: definition, presence and potentials and risks. In: International Workshop: Growing cities, growing food: urban agriculture on the policy agenda, 1999, Havana-Cuba – a reader on urban agriculture. Feldafing-Germany: Zentralstelle für Ernährung und Landwirtschaft (ZEL), Food and Agriculture Development Center, 2000, p.1-42. (Ruaf Foudation: Growing Cities Growing Food- GCGF Tematic Paper 2).

NILSEN, Micheline. The Working Man’s Green Space: Allotment Gardens in England, France, and Germany, 1870-1919. Charlottesville: University of Virginia Press. 2014.

Downloads

Publicado

2019-12-23

Como Citar

LIMA, Angela Bernadete. A trajetória histórica dos espaços de cultivo urbano na Alemanha: Interações e embates entre a urbanização e a natureza (do séc. XIX ao XX). HISTÓRIA UNICAP , Recife, PE, Brasil, v. 6, n. 12, p. 274–291, 2019. DOI: 10.25247/hu.2019.v6n12.p274-290. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/historia/article/view/1512.. Acesso em: 23 dez. 2024.

Artigos Semelhantes

1-10 de 273

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.