ALÉM DA PASSIVIDADE
MULHERES INDÍGENAS COMO AGENTES ATIVAS
DOI:
https://doi.org/10.25247/hu.2024.v11n21.p205-220Palavras-chave:
Mulheres Indígenas, Redes de parentesco, AgênciaResumo
O presente artigo propõe a análise de diferentes perspectivas sobre as mulheres indígenas e os processos históricos que as envolvem, sobretudo no período colonial, buscando um diálogo para além do olhar de passividade, compreendendo-as enquanto agentes ativas. Na primeira seção do artigo, as discussões são realizadas a partir da análise de obras clássicas da historiografia sobre o tema: Brasileiras célebres (1862), Casa Grande & Senzala (1933), Eva Tupinambá (1997) e De cunhã a mameluca: a mulher tupinambá e o nascimento do Brasil (2016), bem como a “A História da Província de Santa Cruz” (1576) de Pero de Magalhães Gândavo. Apesar de cada uma ter sido desenvolvida com um propósito específico, seja de retratar figuras femininas notáveis, analisar a formação da sociedade brasileira ou descrever e documentar a passagem pela Província de Santa Cruz, registram também as percepções de exotismo, passividade ou resistência pura, que fazem parte da construção de uma aceitação imagética de pontos como as relações de poder, políticas e violência relacionadas às experiências das mulheres indígenas na formação do Brasil. Na segunda seção, analisamos o experienciar dessas mulheres a partir das conexões estabelecidas com colonos. Nesse sentido, pensamos nas relações parentais estabelecidas enquanto instituição, que é também procurada visando a ocupação de lugares sociais e políticos que em outras condições não seriam ocupados. Assim, o presente artigo propõe uma reflexão sintética sobre as possibilidades que as mulheres indígenas inseridas na sociedade colonial tiveram para construir suas identidades e exercer suas ações, destacando agentes na construção de suas realidades.
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