AS MULHERES INDÍGENAS NAS BIOGRAFIAS DO SÉCULO XIX

O PROTAGONISMO QUE A HISTÓRIA OFICIAL NÃO REVELOU

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25247/hu.2024.v11n22.p45-61

Palavras-chave:

História das Mulheres, Biografias, Mulheres Indígenas

Resumo

O presente trabalho buscou investigar as mulheres indígenas “ilustres” do Brasil através da análise das biografias “Brasileiras célebres” de Joaquim Norberto de Sousa e Silva e “Mulheres Ilustres do Brasil” de Ignez Sabino e de trabalhos atuais relativos ao tema, com o propósito de analisar criticamente o protagonismo que foi dado a determinadas mulheres indígenas do período colonial no contexto do século XIX, sendo essas mulheres Damiana da Cunha, Catharina Paraguaçú, Clara Camarão, Maria Bárbara e a Princesa Arcoverde. É preciso dizer, nesse sentido, que os povos originários foram desde a invasão dos europeus infindavelmente subjugados e expostos a inúmeras violências, principalmente as mulheres. Logo surge o questionamento do porquê terem sido evidenciados no século XIX. A hipótese aventada é a de que, em decorrência do o nacionalismo fomentado no século XIX, a fim de promover a assimilação de indígenas a sociedade Imperial, buscou de maneira pedagógica condicionar as mulheres indígenas a como deveriam se portar para poderem integrar aquele novo escopo social, sendo elas as que lutem pela sua pátria, as que abdicam de sua cultura e incorporam a do europeu. O resultado da pesquisa confirmou que o protagonismo dado a essas mulheres fazia parte do projeto assimilacionista, de forma alguma sendo altruísta, mas sim manipulado a fim dos interesses imperiais. Utilizou-se a metodologia qualitativa de pesquisa, buscando analisar nas biografias e referências bibliográficas a razão pelo abrupto protagonismo atribuído às respectivas ameríndias.

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Biografia do Autor

  • Amanda Miranda Gemenes, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

    Graduanda pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Tem experiência na área de História, com ênfase em História. 

  • Ilana Peliciari Rocha, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

    Possui graduação em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002), graduação em Pedagogia pela Universidade de Franca, Mestrado (2007) e Doutorado (2012) em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Atuou como professora na rede pública de ensino do Estado de São Paulo e na educação superior privada. Atualmente é professora na UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Departamento de História. Tem experiência na área de História e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: escravidão brasileira, imigração, história regional e ensino de História. 

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Publicado

2024-12-29

Como Citar

GEMENES, Amanda Miranda; ROCHA, Ilana Peliciari. AS MULHERES INDÍGENAS NAS BIOGRAFIAS DO SÉCULO XIX: O PROTAGONISMO QUE A HISTÓRIA OFICIAL NÃO REVELOU. HISTÓRIA UNICAP , Recife, PE, Brasil, v. 11, n. 22, p. 45–61, 2024. DOI: 10.25247/hu.2024.v11n22.p45-61. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/historia/article/view/2571.. Acesso em: 5 dez. 2025.

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