Religiões e criação

Todo mundo percebe que há uma crise ambiental se alastrando, em que as mudanças climáticas são apenas a parte mais visível. A tecnologia trouxe, ao lado das vantagens, ampliação das explorações e desigualdades sociais, causando ondas de refugiados. A política democrática também está entrando em colapso, dando vez a discursos de ódio e discriminação, que impactam as comunidades e todo o meio ambiente. Nesse contexto, cabe perguntar: qual é o lugar das religiões diante dessa crise? Em que medida elas se ligam às causas da crise ambiental ou, contrariamente, podem contribuir para a criação de propostas com vistas à promoção da justiça socioambiental?

VII Congresso da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião (ANPTECRE), reunido de 17 a 20 de setembro na PUC-Rio, buscou aprofundar a relação entre religião e crise socioambiental, perguntando pelo lugar desse tema nas pesquisas da área de Ciências da Religião e Teologia no Brasil. O encontro terminou justamente quando começou a Greve Global pelo Clima: mobilizações planejadas por estudantes mundo afora (no Brasil articuladas pela Coalização pelo Clima) durante a semana de 20 a 27 de setembro, a mesma em que ocorre a Cúpula do Clima da ONU (dia 23), e a Assembleia Geral da ONU, que começa dia 25.

O congresso dos Programas de Pesquisa e Pós-graduação que promovem estudos de religião no Brasil, então, contou com conferências e mesas redondas em torno da temática socioambiental, mas sobretudo com 10 grupos de trabalho e 14 sessões temáticas que articularam centenas de comunicações científicas de professores e pesquisadores, mestrandos e doutorandos que circulam nos 11 Programas de Ciências da Religião e 10 Programas de Teologia associados à ANPTECRE.

Da UNICAP, muitos professores e estudantes estavam presentes e, do nosso Observatório das Religiões, destacamos a participação de Artur, Thaís, Carlos, Constantino e Franci, além de Gilbraz. Este colaborou na mesa sobre “Ecologia, religião e gênero”, falando que é preciso relacionar a bandeira micropolítica do respeito à diversidade sexual e de gênero, com a militância macropolítica pelo respeito à diversidade ambiental e ecológica, o que exige que os teólogos das diversas tradições, em diálogo com as ciências naturais e humanas, repensem o conceito de Natureza humana e de Criação divina. E todo o grupo que trabalha com diálogo inter-religioso em Pernambuco juntou-se aos homólogos de outros estados no GT de Espiritualidades, Pluralidade e Diálogo, que em dois dias, com participação de mais de cinquenta pessoas, discutiu mais de vinte comunicações relacionando a unidade diversa das religiões com o serviço à causa socioambiental, da integridade da Criação.

Gilbraz Aragão.

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