Laicidade: liberdade de expressão X liberdade de religião

O Fórum Inter-Religioso da UNICAP, organizado pelo nosso Observatório, articula desde 2007 uma série de encontros com animadores das tradições espirituais da região, para re-conhecimento humano da fé e exercício do respeito à diversidade de suas expressões, para reflexão sobre a vivência pluralista do sagrado e ensaio de uma mística trans-religiosa. Após estudar as principais religiões no Recife e também aprofundar temáticas transversais às grandes tradições espirituais, o Fórum da UNICAP está se debruçando agora sobre os desafios teóricos, fenomenológicos e hermenêuticos, para a compreensão crítica e engajada da nossa religiosidade.

Uma questão que tem nos desafiado, em particular, é aquela do esclarecimento do lugar da religiosidade no espaço público, que inclui o aprofundamento do conceito de laicidade e o equacionamento da relação entre liberdade de expressão e liberdade religiosa, enquanto direitos fundamentais. Há uma aparente contradição entre os Direitos Humanos laicos e as Teologias Políticas das religiões, entre as causas modernas do feminismo e das novas sexualidades, por exemplo, e a tradicional defesa da vida empreendida pelas igrejas.

Há um paradoxo entre o pluralismo cultural e religioso contemporâneo e a unidade doutrinal e o afã apologético reivindicados por certos grupos e pessoas de fé. Mas apostamos na possibilidade de uma concepção contra hegemônica do movimento de Direitos Humanos e queremos explorar as suas possíveis relações com os grupos religiosos libertários de várias linhagens espirituais. O nosso tempo turbulento de transformação sociopolítica, em que o fator religioso tem sido decisivo, demanda, de toda sorte, um maior envolvimento crítico dos estudiosos de religião no espaço público.

Dia 8 de maio, segunda-feira, das 17 às 18h30, na sala de teleconferências (térreo do bloco G4) da Universidade, temos uma sessão do Fórum com o tema Direitos humanos e espiritualidades: interfaces. Participarão da roda de conversa Mailson Souza, Maria Lúcia dos Prazeres, Luisa Farias e Rayane Marinho. A entrada é franca para quem tem interesse em debater, com esses cientistas da religião, sobre os portais para a transcendência do nosso povo, suas velhas e novas configurações.

Publicado originalmente em Observatório das Religiões no Recife

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