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Unicap sedia 2ª Escuta dos Povos Indígenas

A 2ª Escuta dos Povos Indígenas foi realizada na última quinta-feira (30), no anfiteatro do Bloco G4, com o objetivo de abordar a atual situação da educação indígena em Pernambuco. O evento, promovido pela Cátedra Dom Helder Camara de Direitos Humanos, em parceria com a Rede de Monitoramento de Direitos Indígenas em Pernambuco (REMDIPE), reuniu lideranças, estudiosos e representantes de entidades que lutam pelo direito indígena no estado. Os presentes no encontro escutaram, sobretudo, quais eram as perspectivas educacionais indígenas dispostas diante da atual conjuntura política.

A abordagem geral dos representantes indígenas que estavam presentes foi voltada para as dificuldades enfrentadas pela falta de uma política de educação escolar indígena no estado de Pernambuco. A maioria ressaltou que o fato de não ter uma implantação efetiva de uma política escolar específica, gera grandes constrangimentos e transtornos para os estudantes. Entre os presentes estava Edla de Araújo, do Conselho de Educação, que ressaltou a importância de ampliar a compreensão e o respeito da diversidade, assegurando a universalidade dos direitos humanos. “ Hoje o desafio da educação está para o país como um todo. Se você fizer a leitura dos anúncios que estão sendo feitos nacionalmente a respeito da educação no país, fica claro que está sendo reduzida a perspectiva da educação como direito humano”, pontua.

Da 1ª Escuta, realizado no dia 30 de abril, foi tirada uma metodologia para ser reproduzida nos encontros seguintes. Desta forma, a 2ª Escuta foi desenvolvida alicerçada nos princípios do protagonismo das comunidades indígenas, que trouxeram suas demandas e os relatos de suas experiências. A segunda, como resultado da primeira, veio para contribuir na tentativa de aprofundar quais são os desafios da educação indígena, visto que existem muitos questionamentos acerca da efetivação de direitos nessas comunidades. Nessa perspectiva, Manoel Moraes, professor do curso de Direito na Unicap e coordenador da Cátedra, acredita que a construção da escuta é coletiva e a partir dela é que surgem os encaminhamentos para as seguintes. “ O importante é que eles sejam protagonistas, essa é a ideia da escuta. Não somos nós que definimos qual vai ser a pauta, é a partir do que eles acharem que deve ser. Assim a gente segue com esse processo de construção que eu acho que é coletivo, amplo e ao mesmo tempo aprofunda essa experiência de aproximação da universidade dos grupos de pesquisa com os povos indígenas”, ressalta o professor.

O maior desafio do estado brasileiro é entender que somos um país diverso e é necessário incorporar essas diferenças nas pautas de políticas públicas. É isso que acredita Eliene Amorim, assessora da Comissão dos Professores Indígenas de Pernambuco, que ressalta a importância de dar visibilidade maior às reivindicações que os professores e as lideranças indígenas do estado têm. “Eu acredito que no cenário atual de retrocessos com relação aos direitos da população, em geral, os indígenas são um dos mais prejudicados nessa história. Recentemente o governo estacionou a Funai mas agora com a luta dos povos indígenas esses direitos voltarão pra Funai, como o movimento indígena diz, ‘Funai inteira  e não pela metade’. Mas isso não garante que os direitos indígenas estejam garantidos, por que vivemos um período em que o governo não respeita as diferenças e que tem constantemente feito emendas constitucionais para mudar os avanços que nós conseguimos com a constituição de 88”, avalia.

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