Tania Bacelar se emociona ao receber título de Doutora Honoris Causa da Unicap
|A solenidade de entrega do título de Doutora Honoris Causa a Tania Bacelar teve um clima de confraternização. Amigos, parentes, colegas, pesquisadores e autoridades de várias instituições, além de representantes da comunidade acadêmica da Unicap fizeram questão de prestigiar e cumprimentar a economista pernambucana na tarde desta-segunda-feira (3). O evento que aconteceu no auditório G1 foi transmitido ao vivo.
Além do Reitor da Unicap e da homenageada, a mesa foi composta pelo reitor da UFPE, Prof. Dr. Anísio Brasileiro; pelo reitor da UPE, Prof. Dr. Pedro Falcão; pelo Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido; pelo vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira; e pelo secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Aluísio Lessa, que representou o Governo de Pernambuco.
Também estava na mesa o corpo diretivo da Unicap: a Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Profª Dra. Valdenice José Raimundo; o Pró-reitor de Graduação e Extensão, Prof. Dr. Degislando Nóbrega; o Pró-reitor Comunitário, Prof. Dr. Padre Lúcio Flávio Ribeiro Cirne; o Pró-reitor Administrativo, Prof. Msc. Márcio Waked; o diretor do Centro de Ciências Sociais, Prof. Msc. Silas Pacheco; e o coordenador do curso de Economia, Prof. Dr. José Alexandre Ferreira Filho.
Logo no começo, a homenageada se emocionou com um vídeo produzido pela Assessoria de Comunicação da Unicap, com participação do Centro de Ciências Sociais (CCS), que reuniu depoimentos de amigos de longas datas, colegas de profissão e filhos. Na sequência, o Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens, fez um discurso em tom de agradecimento e enaltecendo o legado de Tania Bacelar. Ele traçou um paralelo da história da Unicap e da economista.
“Falar de Tania, portanto, é falar um pouco da história de Pernambuco, da qual não só ela participa ativamente, como também da reconstrução democrática do Brasil. E, por isso, nada mais claro que, quando se prega o silêncio e o medo, são essas vozes proféticas, com precisão e utopia, como a de Tânia, que podem nos recolocar em marcha, inspirando uma verdadeira revisão crítica, com dados precisos, paciência histórica e senso de superação”, disse Padre Pedro.
O panegírico ficou a cargo do amigo e sócio da Ceplan Consultoria, Valdeci Monteiro. No discurso, ele relembrou a trajetória acadêmica e profissional de Tania, além da personalidade humanista dela. Valdeci se emocionou em vários momentos de sua fala ao relembrar fatos marcantes de sua convivência de 15 anos com Tania. Um dos episódios que ele relembrou se deu no então governo de Miguel Arraes, quando Tania atuou como secretária da Fazenda e de Planejamento. Citando o amigo dela, Francisco Cartaxo, com quem trabalhou na Sudene, Valdeci destacou a habilidade de Tania de saber escutar, traduzir e expor.
“No dia a dia do governo, nem sempre a gente entendia o que o Dr. Arraes falava ou o que ele queria de fato dizer. Não atrapalhava somente o famoso pigarro, nem a fala mansa e baixa daquele homem, quase um mito. Às vezes, auxiliares de Arraes se exercitavam na arte da decifração. Gente! Eu vi secretários de Estado se socorrerem na capacidade de Tania de interpretar. Era um alívio! Tania Bacelar foi a nossa grande tradutora, intérprete do sentimento de mundo daquele senhor bem mais velho do que todos nós”.
Emocionada, Tania fez um discurso em tom de agradecimento. Ela aproveitou o momento para analisar a atual conjuntura do ensino superior brasileiro. A economista, que atuou na elaboração do Planejamento Estratégico da Unicap, fez um panorama do modelo universitário nacional, dando ênfase à Lei das Comunitárias. Para ela, o desafio do momento na Educação Superior está na forma de financiamento, já que a crise fiscal que assola a economia do Brasil traz consequências para a rede não-pública. “80% das matrículas estão nas instituições particulares e comunitárias”.
Ao final, Tania fez uma crítica à forma como a autonomia universitária vem sendo debatida. “Questiona-se a liberdade de cátedra, um dos esteios da vida universitária em qualquer lugar do mundo. Tentando politizá-lo, e o pior: tentando ideologizá-lo. Uma opção que desvia a atenção do debate central que deveria ser o da necessária melhoria dos padrões de qualidade e gestão da educação nacional. Patrocina disputas estéreis, mas perigosas pois rimam com o atraso. Precisamos ter competência e disposição para do debate participar e a Unicap pode dar uma bela contribuição a partir de sua experiência e deixar clara a importância do nosso modelo múltiplo e inovador em muitos aspectos”.