Simpósio de Teologia analisa ditos populares
|“Em terra de cego, quem tem um olho é rei”. Os provérbios populares estiveram em discussão na última quinta-feira (9), no 3º Simpósio Internacional de Teologia e Ciências da Religião da Unicap. O professor Walmor da Silva, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), analisou a estrutura e o sentido destes ditados tão repetidos pelo povo brasileiro.
O título da palestra, “Provérbios na Bíblia e no Sertão”, mostra como pode ser diversificado o uso dessas expressões. Segundo o professor, alguns provérbios podem até ser encontrados de forma literal em várias línguas diferentes. Um exemplo está em “a cavalo dado não se olham os dentes”, que, respeitando-se a tradução, tem não apenas o mesmo sentido, mas também a mesma construção em português, inglês e espanhol.
Não há uma explicação precisa para o surgimento dos provérbios, mas uma teoria é a de que eles derivam de experiências reais vividas por alguém e que podem ser sintetizadas em frases que passam a ser reproduzidas em situações com o mesmo contexto e acabam por se popularizar. “Por sua força metafórica, o provérbio atinge um grande público”, diz Walmor da Silva.
De acordo com o pesquisador da PUC, os provérbios são uma joia literária, que expressam a sabedoria popular mas, às vezes, também demonstram os limites dessa sabedoria, perpetuando preconceitos. Ele citou o caso de uma aluna que estudou provérbios encontrados na internet. Ela observou que muitos dos ditos eram negativos com a figura da mulher, havendo poucos que a exaltassem.
Por sua oralidade, os provérbios permanecem na tradição popular, adquirindo novos significados, ao mesmo tempo em que outros surgem, representando contextos novos.
São relevantes as considerações sobre origem e efeitos de pensamentos dentro de determinada cultura. E a questão da origem um tanto curiosa, gostaria de estado na palestra para ver o fenômeno em um caso específico.
Sara Pinheiro – Estudante de Teologia (I.B.E.S.)