Boletim Unicap

Silvério Pessoa é ovacionado em aula inaugural na Católica

Com informações do site do cantor

Fotos Carlos Vieira

Silvério Pessoa deu um verdadeiro show na aula inaugural do ano acadêmico de 2011 na Universidade Católica de Pernambuco. O cantor e compositor pernambucano conversou, cantou, dançou e conquistou a plateia. Foi ovacionado por professores, alunos e funcionários, que lotaram o auditório G2, na noite de terça-feira (15), para assistir à sua palestra sobre “Cultura popular e universidade”. Foi uma verdadeira aula-espetáculo.

Antes de iniciar a sua apresentação, Silvério recebeu as boas-vindas do Reitor da Católica, Padre Pedro Rubens, por meio de um vídeo, já que ele se encontrava no Rio participando de reunião com jesuítas de todo o Brasil. O cantor também foi saudado pelo Pró-reitor Comunitário e coordenador do Humanitas Unicap, Padre Lúcio Flávio Cirne. Estavam presentes, ainda, a Pró-reitora Acadêmica, Aline Grego, o Pró-reitor Administrativo, Luciano Pinheiro, e a coordenadora do 1º Ciclo, Fátima Breckenfeld.

Formado em Pedagogia e especialista em Psicopedagogia, o cantor prendeu a atenção do público ao contar a sua trajetória profissional e passagens da sua vida pessoal. De forma descontraída e bem humorada, ele revelou um “segredo”: seu nome de batismo é Severino, igual ao do pai. Quando tinha uns 8 anos, seus pais se separaram e a mãe resolveu trocar o nome do filho para esquecer do ex-marido. Então, viu em um livro de história o nome Joaquim Silvério dos Reis (traidor da Inconfidência Mineira), achou bonito e resolveu registrar o filho com o nome de Silvério. Hoje, ela o chama de Silvinho.

Natural de Carpina, Silvério Pessoa mostrou que seu trabalho está fortemente ligado a suas raízes. Ele procura dar um tratamento contemporâneo a referências do cancioneiro popular da Zona da Mata, Agreste e Sertão do estado, com o cuidado de não descaracterizá-las. Rock, hip-hop, punk e intervenções eletrônicas são algumas sonoridades absorvidas pelas tradições e refletidas num trabalho que sai do interior de Pernambuco e conquista ouvintes do mundo todo.

Durante sua palestra, Silvério enfatizou a importância de se valorizar a cultura popular, sobretudo numa época em que tudo está globalizado. Ele chegou a defender, inclusive, a inclusão na matriz curricular de uma disciplina sobre forró, na qual fossem trabalhados os aspectos sociológico, antropológico, geográfico. O cantor exibiu durante a sua apresentação um vídeo com uma entrevista que concedeu ao Canal Brasil e um clip de uma música de seu mais novo disco No Grau. Para terminar, ele cantou algumas músicas e defendeu a cultura de paz. “Nos livros de história, costumamos aprender sobre a 1ª Guerra, a 2ª Guerra, atentado nas torres gêmeas…Mas não aprendemos nada sobre os ensinamentos de pessoas como São Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi”, ressaltou. Foi aplaudidíssimo.

A trajetória musical de Silvério Pessoa

Silvério tem três discos e um DVD lançados, todos muito bem recebidos por público e crítica no Brasil e no exterior. Bate o Mancá – O Povo dos Canaviais (2001), com base nas músicas do cantador de coco Jacinto Silva, foi o primeiro trabalho da carreira solo. O álbum ganhou citações e artigos em publicações especializadas da Europa, recebeu quatro estrelas da Revista Le Monde de la Musique e foi selecionado como um dos melhores lançamentos do ano pela Revista Vibrations, ambas da França. Já Batidas Urbanas – Projeto Micróbio do Frevo (2003), revisão da obra carnavalesca de Jackson do Pandeiro, foi considerado uma renovação do frevo e recebeu nota máxima da Folha de S.Paulo, Revista VEJA e Rolling Stones Argentina.

O terceiro CD, Cabeça Elétrica, Coração Acústico (2005), é um disco autoral que conta com participação de Dominguinhos, Lenine, Alceu Valença, Siba, Lula Queiroga, Zé Vicente da Paraíba, Ivanildo Vila Nova e tantos outros músicos e amigos. Nesse ano, Silvério Pessoa foi selecionado pelo Projeto Pixinguinha e participou da Caravana do Sul e Sudeste, seapresentando em oito cidades. Cabeça Elétrica, Coração Acústico rendeu a Silvério o Premio TIM de Melhor Cantor na categoria Regional, em 2006. O show baseado nesse disco originou o primeiro DVD do artista, lançado em 2007.

Desde 2003, quando deu início a uma série de turnês com o trabalho solo, Silvério mantém uma agenda anual com temporadas no exterior, tendo como base a França. Nesses anos, tem participado de importantes Festivais como Sfinks Festival e Esperanzah (Bélgica), Roskilde (Dinamarca), Paleo (Suíça), Festival de Sines (Portugal), dentre tantos, expandindo também para outros continentes, como a participação em um dos maiores eventos musicais, o Rainforest Festival, na Ilha de Borneo (Malásia), e a realização de dois shows em Tóquio (Japão). Com a banda Cascabulho, no início da carreira, Silvério fez turnês pelo Canadá, E.U.A. e Alemanha. Participou do Free Jazz, de três edições do Abril pro Rock e recebeu, como compositor, o Prêmio Sharp de Música em 1999, categoria Regional.

Os encontros de Silvério Pessoa com as bandas francesas Occitans (que têm uma proposta de trabalho envolvendo a modernidade e as tradições locais), durantes as turnês internacionais, geraram o CD Collectiu. São 12 faixas compostas ou arranjadas em parceria, em uma conexão que ressaltou a diminuição das distâncias através dos caminhos virtuais. Silvério Pessoa também lançou o livro “Nômade”, em 2008, pela editora Bagaço. É uma versão impressa do blog que o artista mantém, com comentários sobre turnês, viagens, encontros e curiosidades.

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