Boletim Unicap

Semana de Teologia da Unicap debate “Juventude, cultura e mídias sociais”

“Juventude, cultura e mídias sociais” foi o tema da conferência proferida pelo Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati,  da Universidade Federal de Goiás, na segunda noite da Semana de Teologia da Unicap. O evento, realizado no auditório G2, foi prestigiado pelo Pró-reitor Comunitário, Padre Lúcio Flávio Cirne, e pelo diretor do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), Degislando Nóbrega.

O sociólogo começou a sua apresentação respondendo a pergunta: Quem são os jovens? Segundo ele, a juventude é filha da modernidade. “Jovem é uma categoria concreta e juventude, uma categoria abstrata, que muda conforme o contexto histórico”, frisou, acrescentando que juventude é  uma fase da vida, uma força social renovadora e um estilo de existência. “Os jovens são, ao mesmo tempo, elo e transição”, ressaltou.

Em seguida, o professor Sofiati respondeu a pergunta: Como atuam os jovens? De acordo com ele, os jovens não têm envolvimento com o status quo, mas não são revolucionários. Por natureza, não são progressistas nem conservadores. “Estão prontos para vivenciar novas oportunidades”, destacou, apresentando a atuação da juventude ao longo da história no país:

Monarquia: jovens abolicionistas
República Velha: Semana Arte Moderna
                                 Movimento Tenentista
                                 Fundação PCB
1930-1950: Ação Católica
                        Fundação da UNE
                        Militância Sindical
1960: Ação Católica Especializada
             Movimento Estudantil
             Organizações Política socialista
1970: Enfraquecimento organizações
            Movimentos de Encontro
1980: Tribos Urbanas (Punks)
            Movimentos Sociais (MST)
1990: Hip-Hop
          Movimentos Culturais (Bandas,  dança, teatro)
          Cara-pintadas
2000 – atual: Movimentos Religiosos
                           Pentecostais e Carismáticos
                           Juventude Fórum Social Mundial
Para o sociólogo, a juventude pós-moderna (jovens dos anos 1990) teve um distanciamento das grandes utopias transformadoras. Esses jovens buscam, de forma legítima, a preservação da individualidade. Não abrem mão de seus desejos e é, através das atividades culturais, que desenvolvem novas formas de ação social. Os jovens pós-modernos constituem a geração da internet, têm íntima relação com as novas tecnologias. São de uma geração pós-utopias, individualista e altamente competitiva.
De acordo com o palestrante, há uma cerca inércia entre esses jovens. Do ponto de vista político, tudo já foi feito. Economicamente, são dependentes dos pais. No aspecto social, se organizam virtualmente e, no cultural, seguem o que está na moda. Há também entre eles um grande tédio provocado pelo excesso de informação, excesso de consumo, excesso de drogas e excesso de sexo. Como consequência do tédio, há a perda de controle e a superficialidade das relações.

Para o professor Sofiati, as principais características do mundo contemporâneo são a instabilidade, falta de perspectiva de futuro, enfrentar os perigos do mundo urbano. Tudo isso leva a um esvaziamento do tempo futuro como espaço propício para a construção de um “projeto de vida”, reforçando o imediatismo. “No espaço juvenil, essa ideia ganha força e o presente estendido torna-se o futuro imediato para vivência plena da vida a partir dos impulsos do sentimento. Dessa forma, assiste-se ao esgotamento da perspectiva do futuro como espaço para definição do sujeito. O que vale é o “aqui e agora”, havendo supervalorização dos sentidos”, concluiu.

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