Boletim Unicap

Semana da Mulher na Unicap discute assédio

As diversas formas de assédio moral e sexual foram tema de debate na noite desta quarta-feira (8) durante a programação da 15ª Semana da Mulher na Unicap. Entre as convidadas estavam a coordenadora e professora adjunta do Departamento de Psicologia da UFPE, Drª Kaliani Rocha; a pesquisadora e professora do curso de Direito da Unicap, Drª Carolina Ferraz; e a coordenadora da especialização em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho da Unicap, Drª Rogéria Gladys. Os trabalhos foram coordenados pela Profª. Msc.  Flora Oliveira, da Faculdade Marista.

Rogéria começou a explanação mencionado o filme Estrelas Além do Tempo. Baseado em fatos reais, a produção narra a história de como mulheres negras funcionárias da Nasa eram tratadas no auge da Guerra Fria. “Elas foram triplamente discriminadas: por gênero, raça e socialmente”. Gladys, que também atua como advogada, relatou o caso de uma cliente que sofreu discriminação no ambiente de trabalho e levou o caso à Justiça.

Mecânica, a trabalhadora optou pela maternidade e engravidou pela segunda vez logo após voltar da primeira licença-maternidade. “Por ser a única mulher da equipe, essa cidadã foi muito assediada moralmente. Ouviu que ali (a oficina) não era lugar de mulher”. Gladys acredita que o 8 de março marca o empoderamento e valorização dos direitos da mulher também no ambiente de trabalho. “Precisamos levar adiante essa bandeira. Ainda existe um longo caminho a ser percorrido, principalmente em relação às diferenças salariais”.

A remuneração diferenciada entre homens e mulheres foi o ponto de partida da fala de Kaliani Rocha. “Nós ganhamos o equivalente a 70% dos salários dos homens”, afirmou a pesquisadora que tem estudos focados na relação trabalho-saúde-gênero. Ainda de acordo com ela, a atual conjuntura socioeconômica mundial tem provocado a deterioração de valores humanísticos.

“Vestir a camisa não basta, tem que tatuar o emblema da empresa. As metas precisam ser superadas e não mais atingidas. A competição individualista atropela a solidariedade. Vivemos em alguns ambientes de trabalho a banalização do mau”. Kaliani exibiu slides que mostram as diferentes formas de assédio moral no trabalho e como e onde a trabalhadora pode recorrer. “Quando as pessoas reagem, as investidas diminuem ou acabam”.

A última palestrante da noite, Carolina Ferraz, fez um discurso duro contra o atual momento político brasileiro. Ela fez uma homenagem a  Dilma Rousseff afirmando que a ex-presidenta eleita “foi vítima de um golpe machista, usurpador e que sofreu uma violência de gênero vil e covarde”. Carolina, que lidera o grupo de pesquisa Frida de Direitos Humanos da Unicap criticou a fala do atual Presidente Michel Temer sobre o Dia Internacional da Mulher. “Ele não me representa e espero que não represente nenhuma mulher que esteja aqui. Que em 2018 possamos mudar essa história”.

 

Pesquisadora  em Direito Privado com enfoque no desenvolvimento humano, Carolina falou sobre as diversas formas de violência contra a mulher, desde as mais visíveis até as mais sutis. Abordou ainda a situação da população carcerária feminina e dos bebês que nascem em condições de cárcere porque não existe no Brasil um sistema penitenciário humanizado. “Essas mulheres voltam mais feridas e ressabiadas com a sociedade”. Advogada militante, ela também analisou o papel do homem no apoio ao feminismo. “Os homens não são nossos inimigos. Eles são parceiros de luta. O que combatemos é o machismo!”

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