Roda de diálogo com integrantes da rede Coque Vive encerra as atividades do VIII Colóquio de História
|Chegou ao fim, na noite desta quarta-feira (5), o VIII Colóquio de História. O evento, que teve início na segunda-feira (3), realizou uma série de simpósios temáticos e minicursos no intuito de discutir as cidades e os problemas relacionados pelo avanço descontrolado dos municípios assim como os fluxos migratórios e os acelerados processos de verticalização e favelização nos grandes centros urbanos. Nesta última noite, os minicursos encerraram suas atividades abrindo espaço para rodas de diálogo. Com destaque para a mesa composta pelo fotógrafo – formado em comunicação social – Fernando Ludermir Ferreira e o montador de cinema Caio Zatti, ambos membros da rede Coque Vive, que discutiram sobre a produção audiovisual do movimento, além de sua atuação na região do Coque. O debate aconteceu na sala multimídia do Bloco B e prendeu a atenção do público até o último minuto.
A apresentação de alguns filmes, produzidos pela rede Coque Vive, foi o ponta pé inicial ao debate entre os dois membros convidados a integrarem a roda de diálogo. Eles iniciaram suas respectivas falas, comentando a respeito da origem do movimento e expuseram, além dos vídeos apresentados anteriormente, trabalhos realizados pela rede em parceria com moradores da região. Em seguida, dialogaram a respeito do período em que a produção audiovisual, realizada por eles, deu um verdadeiro boom, na tentativa de impedir a remoção de 58 famílias para implementação do BRT. Esse projeto foi respondido pelo Coque Vive, com quatro vídeos, que mostravam a relação daquelas famílias com o local que habitavam há anos, onde tinham construído suas vidas e suas histórias.
Segundo o fotógrafo Fernando Ludermir Ferreira, “a rede Coque Vive/Coque (R)existe tem como principal foco a discussão pelo direito à moradia”. Dentre vários outros pontos levantados, tanto pelos debatedores, como pelo público, dois tiveram grande destaque, durante todo o diálogo: o embate entre a comunidade do Coque vs a especulação imobiliária, que há décadas vem causando uma remoção branca dos moradores da área, retirando os habitantes para dar lugar a conjuntos habitacionais e obras de mobilidade urbana – na justificativa de melhorar o trânsito, ou de simplesmente entregar aquela área às classes dominantes; o outro ponto foi a conotação negativa que o nome Coque acarreta, conotação essa reforçada pela cobertura midiática pernambucana – para exemplificar esse fenômeno, foram apresentadas manchetes de jornais recifenses, além de programas policiais de TV e rádio que tratam das populações periféricas e suburbanas do Recife.
Segundo o editor de vídeo Caio Zatti, “é necessário que haja uma integração entre a cidade e o Coque, que o Coque seja visto como parte da cidade, e não como uma parte a ser excluída”.