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Reúso de água e efeitos do homem na biosfera na abertura do 8º EIA

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Foto: Gustavo Glória

“A próxima guerra mundial será por causa da água”. A afirmação categórica é da pesquisadora argentina Prof.ª Drª Adriana Beatriz Welter, da Universidade Católica de Córdoba.  A especialista foi uma das conferencistas da abertura do 8º Encontro Internacional das Águas, ocorrida na noite desta quarta-feira (13) no auditório G2.

Apesar de a Terra ser formada em sua maior parte por água, os dados apresentados pela cientista revelam que este é um bem cada vez mais precioso, raro e de oferta cada vez menor na natureza. Apenas 2,5% da água é doce. Deste percentual, 75% está congelada e 24% é subterrânea. Isto significa dizer que apenas um por cento da água doce disponível no mundo é superficial, ou seja, mais acessível à humanidade.

O problema, alerta Adriana, é que mais da metade desta lâmina d`água está contaminada. Contaminação provocada em maior parte pela ação do homem. “Consumimos muito mais e contaminamos muito mais do que a Natureza possa nos fornecer. Ter uma consciência ecológica é fundamental porque estamos falando do alimento número um da humanidade”.

Adriana defendeu uma redistribuição do uso da água. Outros dados apresentados por ela revelam que 70% da água doce superficial do mundo são usados no agronegócio, 20% na indústria e 10% no consumo doméstico. O tema da palestra foi um dos caminhos apontados por ela para racionalizar o uso do líquido: Combinação de Tratamentos de Águas Residuais Utilizando Módulos Tecnológicos Alternativos Não Contaminantes.

A pesquisa desenvolvida por Adriana tem o apoio da Federação Internacional das Universidades Católicas (Fiuc). Ela desenvolveu uma experiência piloto de tratamento de águas residuais e seu reúso. O sistema envolve processos biológicos naturais para a decomposição de agentes contaminantes orgânicos. “Algo de baixo custo que ocupa pouco espaço e é eficaz”.

A invenção combina o uso de biodigestores e até de minhocas. Confira os detalhes nos slides abaixo.

Sustentabilidade – O reúso da água é um dos pilares da construção de uma economia sustentável, tema abordado pelo segundo conferencista da noite, Dr. Luiz Fernando Krieger Merico. O coordenador da International Union For Conservation of Nature (UICN) em Brasília definiu o momento atual como “histórico para os rumos da humanidade”.

De acordo com o geólogo, a Terra passa pelo período Antropoceno. “Nunca o ser humano produziu tantas mudanças na biosfera e em larga escala. É preciso compreender o momento que a gente vive. No entanto, estamos o ignorando por que somos uma sociedade profundamente individualista. Entender causas coletivas é muito difícil”.

Mas o mestre em Análise Ambiental é otimista quando o assunto é a superação da crise do Meio Ambiente. “Temos pessoas, instituições, tecnologia e dinheiro pra isso. Mas infelizmente os recursos não estão alocados para este fim”.

Merico explicou ainda que o ritmo do crescimento econômico é muito maior do que a biocapacidade. Para ele, o equilíbrio ambiental é uma questão urgente. “Não haverá sociedade nem economia, sem o equilíbrio do meio ambiente”.

O pesquisador destacou ainda que a sociedade precisa se articular e melhorar a governança sobre a ocupação do solo. Merico disse ainda que o poder público ainda não conversa com a academia como deveria.

Uma articulação que passa também, ainda de acordo com Merico, pela espiritualidade. “isso não depende de religião. Uma Natureza que não é sacralizada é descartada, não é cuidada. Precisamos recuperar a sacralidade da Natureza por que um ecossistema nada mais é que um inter-relacionamento entre seres, assim como a tríade Pai, Filho e Espírito Santo”.

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Foto: Daniel França

Agradecimentos –  O Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Padre Pedro Rubens, esteve na solenidade de abertura do 8º EIA e agradeceu a todos os envolvidos no evento. Ele falou depois das duas conferências.

“A gente sai daqui com a agenda carregada, mas animados. A pesquisa de Adriana é uma síntese perfeita do modelo Ensino-Pesquisa-Extensão. Já o Luiz de um um quadro real da nossa situação sem ser o profeta da catástrofe”.

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Foto: Gustavo Gloria

O agradecimento também foi o tom da fala da idealizadora e coordenadora do EIA, Prof.ª Drª Arminda Saconi. “Nosso maior objetivo é o de ouvir os pesquisadores para saber o que eles estão desenvolvendo para trocar informações. Muito obrigado a todos e principalmente aqueles representantes de outros estados que estão com a gente desde 2004”, finalizou.

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