Boletim Unicap

Reitor participa da cerimônia de refundação da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife

Com a colaboração da Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Olinda e Recife

O Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Padre Pedro Rubens, participou na manhã desta quinta-feira (25/05), na Igreja de São José dos Manguinhos, nas Graças, de um momento histórico para a Arquidiocese de Olinda e Recife: a refundação da Comissão de Justiça e Paz. Criada por dom Helder Camara em 1977, a CJP foi extinta em 1985.

Padre Pedro enfatizou a importância da refundação da Comissão de Justiça e Paz. “Trata-se de um resgate histórico de uma Comissão que teve forte atuação na época da ditadura. Hoje, os tempos são outros, mas continuam difíceis e os casos de violência e injustiça se agravaram em nível mundial, nacional e local”, ressaltou. O Reitor acrescentou que o desafio será resgatar o tempo perdido, uma vez que os trabalhos foram interrompidos em 1985; entender as questões sociais que ficaram mais complexas; e identificar as novas situações de injustiça e violência que se apresentam nos dias atuais.

O Reitor lembrou também que a refundação da Comissão vai permitir a sua conexão com o Pontifício Conselho de Justiça e Paz, um organismo da Cúria Romana, criado em 1967 pelo Papa Paulo VI para promover a justiça e a paz no mundo, segundo o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja. Padre Pedro ressaltou ainda que a iniciativa da Arquidiocese vai ao encontro do que prega o Papa Francisco quando fala numa “Igreja em saída”, ou seja, em movimento, que vá para perto das pessoas, sobretudo daquelas mais injustiçadas e que mais sofrem. Segundo o Pontífice,  “a Igreja deve sair de si mesma, rumo às periferias existenciais”.

Entre os 14 membros da Comissão de Justiça e Paz, o mais jovem é Filipe Xavier, 23 anos, aluno do 6º período do curso de História da Unicap. Desde novo, ele participa do engajamento político, social e religioso dentro da Igreja Católica. Foi secretário do Setor Juventude da Arquidiocese e faz parte da Pastoral da Juventude do Meio Popular. “Eu sempre estive perto do modelo de Igreja mais próximo do povo e que luta pela justiça social a partir dos Evangelhos”, frisou. Para Filipe, a Comissão ressurge em tempos difíceis com uma voz profética na luta pela defesa dos excluídos, dos mais pobres e dos silenciados pelo sistema. Ele foi convidado para integrar a Comissão pelo Padre Fábio Potiguar, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, do Monte dos Guararapes.

A refundação, como está sendo chamada a retomada dos trabalhos, é um sonho antigo do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. Compareceram à solenidade antigos colaboradores, seguidores e amigos de dom Helder, testemunhas vivas de um período em que o Brasil não pode esquecer. A Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese renasce para promover os direitos humanos (direitos sociais, civis e políticos, assim como os direitos econômicos, culturais e ambientais), à luz da doutrina social da Igreja. A memória do padre Antônio Henrique, assassinado há 48 anos, também foi lembrada no ato.

A cerimônia foi aberta pelo padre Fábio Santos, assessor da Comissão de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese e membro da nova Comissão de Justiça e Paz. Em sua acolhida à assembleia, padre Fábio citou trechos da canção O Profeta, para expressar o momento da refundação: “Como calar, se Tua voz arde em meu peito?”. Segundo padre Fábio Santos, um dos objetivos da CJP é ser a voz laica da igreja. Compuseram a mesa as seguintes autoridades: dom Fernando Saburido; dom Antônio Tourinho Neto, bispo auxiliar da Arquidiocese; Ronnie Duarte, presidente da OAB/PE; Francisco Sales, procurador da Justiça do Ministério Público de Pernambuco; Lucinha Moreira, integrante do Instituto Dom Helder Camara (Idhec); Antônio Carlos Maranhão, diretor do Idhec;; e Roberto Franca, secretário estadual de Desenvolvimento Social.

Representando o Governo do Estado de Pernambuco, Roberto Franca, que atuou como membro da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara, explicou que foi ex-aluno do saudoso padre Henrique, no Colégio Nóbrega, e fez uma breve explanação sobre a biografia do padre assassinado e encontrado morto com sinais de tortura, em 1969, durante o período do Regime Militar. Conhecido por sua grande solidariedade para com os perseguidos e presos políticos, o padre Henrique exercia grande influência junto à juventude católica recifense e era ligado diretamente a dom Helder Camara, então arcebispo de Olinda e Recife. “Com esta refundação da Comissão de Justiça e Paz, o desafio agora é acolher o diálogo e evitar radicalismo”, ressaltou Franca.

O professor Antônio Carlos Maranhão, diretor do Instituto Dom Helder Camara (Idhec), integrante da Comissão de Justiça e Paz Nacional e presidente da nova Comissão de Justiça e Paz, fez um histórico da atuação da CJP. Em sua juventude, Antônio Carlos fez parte da Comissão de Justiça e Paz, no episcopado de dom Helder.  “No período de 1974 a 1979, os veículos de comunicação eram proibidos de publicar o nome e imagens de dom Helder Camara.  Foi decretada a morte civil de dom Helder, o morto mais vivo que se tem notícia na história”, relembrou.

“A nova Comissão de Justiça e Paz arquidiocesana pretende levar suas ações aos 19 municípios que compõem a Arquidiocese. Vamos trabalhar com os movimentos populares e sociais, camponeses, trabalhadores, pessoas feridas em sua dignidade. De acordo com Antônio Carlos Maranhão, o foco da comissão será articular o trabalho em rede junto aos organismos garantidores dos direitos humanos, em parceria com o poder público, com a sociedade civil organizada, para que os direitos humanos sejam garantidos e, caso sejam violados, possam ser reparados na circunscrição da Arquidiocese de Olinda e Recife.  “Há momentos em que não é lícito calar, quaisquer que sejam as consequências”, concluiu o professor.

Atento aos clamores do tempo atual, dom Fernando Saburido destacou que é preciso manter sempre aberto o diálogo, em sintonia com a doutrina social da Igreja, para que a Comissão de Justiça e Paz cumpra o seu papel profético. Em seguida, o arcebispo metropolitano convidou o padre Moisés Ferreira, secretário arquidiocesano, a ler a ata da refundação e apresentou os membros componentes da nova Comissão de Justiça e Paz à assembleia. Dom Fernando assinou a ata da refundação e agradeceu aos presentes pela participação.

 

A Comissão de Justiça e Paz refundada terá sede na Arquidiocese de Olinda e Recife e está vinculada à Comissão Arquidiocesana de Pastoral para a Caridade, a Justiça e a Paz (Pastorais Sociais). Informações: (81) 3271-4270 (ramal 244)

Clique aqui para ver a íntegra do Decreto que estabelece a refundação da Comissão de Justiça e Paz

 

print
Compartilhe:

Deixe um comentário