Reitor da Unicap participa da ordenação episcopal do novo bibliotecário do Vaticano
|O Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Padre Pedro Rubens, participou da cerimônia de ordenação episcopal de Dom Tolentino Calaça de Mendonça. O Papa Francisco nomeou o professor visitante da Universidade Católica de Pernambuco, Padre José Tolentino Calaça de Mendonça, como Bibliotecário e Arquivista do Vaticano.
A notícia foi divulgada no site oficial Vatican News. Tolentino assume o novo cargo privativo de cardeais no dia 1º de setembro. Ele também foi nomeado Bispo de Suava, com o status de Arcebispo.
A solenidade aconteceu no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e contou com a presença de vários bispos locais e também do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
Padre Pedro contou que Dom Tolentino tem como lema episcopal Olhai os Lírios dos Campos (que é uma passagem bíblica de Mateus 6:25-34) e isso estava presente simbolicamente no traje da ordenação. Ainda segundo o relato de Padre Pedro, a roupa usada por ele teve um simbolismo voltado para os mais pobres. O tecido de linho lembrava roupas de mendigo.
Em mensagem enviada ao amigo, Padre Pedro relembrou uma história que marcou a conversão do primeiro Superior Geral dos Jesuítas.
“Inácio de Loyola, quando se converteu, ele trocou a roupa de fidalgo com a de um mendigo. Só depois o mendigo teve problema porque era como se ela tivesse roubado alguém porque era muito chique. Inácio de Loyola, em seu tempo, trocou a roupa com um mendigo como gesto de humildade. O problema é que o mendigo, com roupa de fidalgo, passou por ladrão. Chorei ao ver você vestido de lírios do campo. Ninguém foi preso porque não houve troca de lugar, mas assumiu a beleza que não distingui bem uma biblioteca de um jardim”, escreveu Padre Pedro usando como última frase um escrito do próprio Tolentino quando foi nomeado Bibliotecário do Vaticano. “A roupa de um mendigo é a mesma de um Arcebispo”, destacou Padre Pedro citando Fernando Pessoa.
Tolentino tem uma importante ligação com o Pontífice. Em fevereiro deste ano, durante a Quaresma, ele pregou os Exercícios Espirituais para o Papa Francisco e a Cúria Romana. Vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), o biblista, ensaísta e poeta é professor visitante da graduação e mestrado em Teologia da Unicap. Ele já esteve na Católica várias vezes, onde participou de eventos acadêmicos e lançou livros. A Unicap foi a primeira instituição brasileira a convidá-lo para vir ao País.
Duas de suas obras têm prefácio do Reitor da Unicap, Prof. Dr. Padre Pedro Rubens. Uma delas se chama “A leitura Infinita: a Bíblia e suas interpretações”. Outra, publicada em maio deste ano, tem lançamento previsto para setembro aqui na Unicap e é intitulada “A construção de Jesus: a dinâmica narrativa de Lucas”. As publicações são coeditadas pela Unicap e editora Paulinas.
Em agosto de 2015, Padre Tolentino ministrou uma palestra para gestores da Católica na qual ele relatou sua experiência à frente da UCP. “Agradeço ao Padre Pedro Rubens pelo convite para vir ao Brasil, por sua amizade, delicadeza e cumplicidade intelectual. Seu trabalho à frente da presidência da Fiuc (Federação Internacional das Universidades Católicas) tem sido uma dádiva. Todas elas são muito gratas”, disse ele na época.
Em setembro de 2017, Padre Tolentino lançou na Unicap o livro “Libertar o tempo”. A obra foi apresentada pelo jurista e imortal da Academia Pernambucana de Letras, José Paulo Cavalcanti Filho. O evento fez parte da programação da Semana de Estudos Bíblicos, promovida pelo Programa de Pós-Graduação e pela Graduação em Teologia da Unicap.
Também neste mesmo evento, ele fez um seminário no qual falou sobre os desafios da tradução da Bíblia e o histórico das edições nacionais do livro sagrado. Na ocasião, Tolentino fez um mergulho histórico na obra de João Ferreira de Almeida, considerado o primeiro autor lusitano a traduzir a Bíblia para o português.
Tolentino organizou a explanação em três partes: na primeira, fez uma introdução ao contexto que levou João a decidir por traduzir a Bíblia; na segunda, abordou a história da tradução; e na terceira, tratou dos aspectos inovadores da tradução. “Uma grande aventura de fé e grande aventura de cultura. O tradutor mostra como a Bíblia é um livro aberto”, analisou.