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Reitor da Católica participa da cerimônia de posse da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara

O governador do estado, Eduardo Campos, recebeu, na tarde dessa sexta-feira (01), autoridades políticas, institucionais e ex-presos políticos para a cerimônia de posse da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara. Dentre os convidados, estavam o Reitor da Católica, Padre Pedro Rubens, e o ex-secretário da Justiça de Pernambuco, Rodrigo Pelegrino.

Ex-preso político, Pery Thadeu acompanhou a cerimônia

No jardim do Palácio do Governo, Pery Thadeu, 67, aguardava o que seria o início de uma etapa de cobrança por justiça. Após ser jogado a uma situação de vida clandestina, o ex-preso político lembrou de sua prisão e das torturas as quais foi submetido durante o período da Ditadura Militar (1964-1985).

“Fui preso político por três anos e meio. Eu era vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e acabei sendo acusado de pertencer à Organização Revolucionária Marxista Político-operária. Esse episódio me marcou de uma forma significativa, foi um grande rompimento”, explicou Pery, referindo-se aos momentos que viveu aos 24 anos, quando estava prestes a terminar o curso de Engenharia.

Conceituada por ele como uma grande experiência de vida, as aflições típicas dos anos de chumbo foram traduzidas em poucas palavras — e muitos ensinamentos. “Aprendi a passar por certas dificuldades. Em nenhum momento eu tive ódio ou raiva de meus torturadores, apesar de ter a consciência política de que eles vão ser julgados pelos crimes que cometeram”, concluiu.

Com a chegada do governador ao jardim, subiram ao palco o vice-governador João Lyra Neto; o senador peemedebista Jarbas Vasconcelos; a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes; o desembargador Jones Figueiredo Alves; o arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido; a deputada federal e presidente da Comissão, Luiza Erundina; a secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Laura Gomes; o jurista José Paulo Cavalcanti; o ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra; Elzita Santa Cruz, representante das famílias dos ex-presos políticos.

Assinaram o livro de posse o governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos; o advogado e presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Henrique Neves Mariano; o advogado Humberto Vieira de Melo; o ex-secretário estadual Roberto Franca Filho; o mestre em Ciência Política Manoel Severino Morais; a historiadora Maria do Socorro Barbosa; a antiga vice-presidente do Comitê Brasileiro de Anistia, Nadja Maria Miranda; o advogado Gilberto Marques de Melo; o integrante da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife, Pedro Eurico de Barros e Silva; e o coordenador executivo da Comissão e ex-presidente da OAB, Fernando de Vasconcellos Coelho.

O Hino de Pernambuco ficou a cargo do violinista da Orquestra do Conservatório Pernambucano de Música, Daniel Lima, que logo cedeu espaço para que o governador sancionasse a Lei 14688/1º de junho de 2012. Estando criada a Comissão, a deputada federal Luiza Erundina (PSB) transmitiu os anseios daqueles que hoje buscam respostas para o desaparecimento e as prisões de entes queridos.  “Mais que verdade: queremos justiça. Temos que não só buscar os fatos, mas mandá-los para o Poder Judiciário, que deve punir os criminosos. O Poder Legislativo também tem a obrigação de trabalhar e contribuir para esse avanço. A democracia estará inacabada até que se chegue à verdade sobre os crimes cometidos durante a ditadura militar”, afirmou. Por sua vez, o advogado José Paulo Cavalcanti reiterou: “A comissão está à altura de reescrever a história de Pernambuco”.

Elzita Santa Cruz sentiu em 1974 a dor da ausência. Mãe do desaparecido Fernando Santa Cruz, Elzita saudou o governador e representou as famílias dos presos e torturados. “Hoje tenho 98 anos e continuo cobrando uma resposta definitiva do estado brasileiro: onde está meu filho?”, questionou. O governador Eduardo Campos conceituou através de Voltaire: “As verdades são frutos que só podem ser colhidos quando bem maduros”. E completou: “A busca por essa verdade não será a procura da revanche. E sem a revanche, também não há medo”.

“Seguindo a agenda, Pernambuco inicia o movimento das comissões estaduais. Trata-se de algo inadiável: não há uma consolidação da democracia sem que se refaça essa história. Deve-se buscar uma resposta às perguntas que foram levantadas”, observou o Reitor da Católica, Padre Pedro Rubens.

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