Professora Valdenice José Raimundo é a nova coordenadora do Neabi da Católica
|O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígena da Católica entra numa nova fase sob a coordenação da Profª Drª Valdenice José Raimundo. Ela assumiu a missão há pouco mais de um mês e está conciliando o desafio com a coordenação pedagógica do Espaço Criança Esperança de Jaboatão dos Guararapes e com a liderança do grupo de estudos Raça, Gênero e Políticas Públicas.
O Neabi faz parte do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Unicap desde 2010 e tem entre seus objetivos articular o ensino, pesquisa e extensão de maneira interdisciplinar. “Vamos dialogar com todos os cursos da Universidade para desenvolver atividades sobre a História da África e dos povos indígenas”, explica Valdenice ao ressaltar que o Núcleo atende às Leis 10.639 e 11.645 que determinam o ensino dessas áreas nas instituições.
Ela também destaca o legado de seu antecessor, Padre Clóvis Cabral. “Ele intensificou o diálogo com as comunidades afrodescendentes e indígenas de Pernambuco com a Católica. Vamos manter esse contato porque é preciso alimentar esse espaço de provocação dentro da Universidade. É necessário intervir no processo formativo para que os profissionais estejam comprometidos com a vida, sem opressão”, analisa Valdenice, enfatizando a disponibilidade do Neabi para todos os cursos da Unicap, seja para bibliografia ou para atividades.
Uma das metas da nova coordenadora do Neabi é fazer um levantamento dos alunos e ex-alunos que fazem parte de povos indígenas e mapear, através dos estudantes, as demandas dessas etnias. “Temos pelo menos duas ex-alunas, uma da tribo Pankaruru (Fonoaudiologia); e outra da Xucuru (Direito)”.
No próximo dia 27 de maio, o Neabi vai apoiar um ato no Museu do Estado sobre a libertação dos escravos promovido pelos coletivos Filhos do Vento, Cara Preta, Afronte e pelo grupo percussivo Kallinas, além do próprio grupo de estudo liderado por Valdenice. Aliás, o senso comum de liberdade é bastante questionado pela pesquisadora. “O 13 de maio não se concretizou como libertação. Os negros saem desse processo sem nenhum acúmulo material, sem terra, sem trabalho ou política pública. Essa data representa a negação desses direitos. Dia de quem trabalhou, gerou riqueza, mas não teve acesso a essa riqueza. Temos sempre que lembrar o Estado desses nossos direitos”.