Professor português faz palestra na Católica sobre ações do vento em edifícios altos
|Com colaboração de Bruna de Oliveira
O curso de graduação e o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Católica de Pernambuco promoveram, na noite de terça-feira (18), no auditório G2, a palestra “Wind response of a tall building without and with a TMD” (Resposta do vento em um edifício alto, sem e com um TMD), ministrada pelo pesquisador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em Portugal, professor Rui Carneiro de Barros.
A abertura do evento foi feita pelo coordenador do Mestrado em Engenharia Civil, professor da graduação em Engenharia Civil e organizador da palestra, Prof. Dr. Romilde Oliveira.
Em sua palestra, o professor Rui Pereira de Barros abordou a quantificação da ações do vento em edifícios altos, segundo a norma portuguesa, que estava em vigor até a chegada dos Eurocódigos Estruturais, regulamentos de projetos para ações em toda a Europa. Comparou as disposições da norma portuguesa com as disposições do Eurocódigo.
Em seguida, aplicou a quantificação de ações a um “bloco paralelepipédico” genérico de 20 x 20 x 200 metros de altura e depois aplicou esta mesma formulação a um edifício icônico, como referência, que não existe mais, mas que na época em que fez o trabalho ainda existia, o World Trade Center, em Nova York, destruído em 2001, por um ataque terrorista. “Escolhi esse edifício em homenagem às vítimas inocentes que morreram nesse evento”, ressaltou.
O palestrante quantificou, também, as ações do vento por um processo dinâmico, chamado Método Shinozuka, que gera a parte turbulenta do vento. Gerou 10 séries de ventos artificiais para obter as mesmas respostas que o World Trade Center obteve pelo Método de Shinozuka e comparou as disposições regulamentares portuguesas e dos Eurocódigos com a análise dinâmica do método, que é chamada de “Resposta sem TMD”, ou resposta do edifício alto sem dispositivos de controles de vibrações.
Para edifícios altos regulares, como era o World trade Center, a maneira mais clássica de controlar as vibrações era usar, o que em literatura anglo-saxônica é chamado de, o TMD (tuned mass dampers), ou seja, amortecedor de massa sintonizado. Essa é uma técnica clássica, passiva, por não ter motores, nem gasto de energia, para regular vibrações em edifícios regulares e que controla, de certa maneira, o primeiro modo de vibração. Em um edifício muito alto e regular, que é muito flexível, o máximo deslocamento é no topo, as máximas acelerações do vento vem no topo.
O uso do TMD vai diminuir os deslocamentos, na casa dos 10 a 15%, que é o habitual, e reduzir as acelerações, na ordem dos 40 a 50%. “Por esse motivo, que o tema da palestra é com e sem TMD”, explica o professor Rui.
Em entrevista à reportagem do Boletim Unicap, o pesquisador português chamou atenção para a importância do assunto. “Isto é um alerta para a sociedade da engenharia civil recifense e pernambucana, para os projetistas e pesquisadores, verem maneiras, no futuro ou até no presente, para poderem contrariar maus desempenhos das edificações em altura, que já existam, ou da próxima geração de edifícios em altura. Porque os edifícios, aqui no Recife, são muito esbeltos, portanto muito flexíveis, têm frequências de vibração muito baixas. Portanto, vocês têm a sorte de não terem velocidades de ventos maiores e não terem sismos (terremotos). Mas, não pensem que não têm mesmo sismos, que quanto mais subirem na altura (dos edifícios), quanto mais flexível for, muita coisa pode agitar o edifício. Portanto, para saber essas técnicas simples de atuar e que de fato não são técnicas complexas, é preciso saber matemática, é preciso saber engenharia. Mas, é preciso também estar alerta, porque isso existe e precisa-se aplicar no futuro”, alertou.
O professor Romilde Oliveira falou sobre a importância da palestra do professor Rui Barros. “O assunto abordado é extremamente importante porque os edifícios no Recife são muito esbeltos em virtude dos terrenos disponíveis para implantação e são edifícios que não são muito altos, prédios na faixa de quarenta e poucos pavimentos. Mas já tem dois em construção acima de cinquenta andares. Tudo faz crer que vai haver uma escalada de alturas maiores. Dessa forma, os assuntos que foram tratados na palestra passam a ser fundamentais. Dessa forma, a gente convidou tanto alunos da graduação e da pós-graduação da Universidade quanto representantes dos egressos e profissionais do mercado que têm interesse nesse tipo de tema”, frisou.