Boletim Unicap

Assessor de Relações Internacionais da Católica analisa como será o Brasil em 2016

O Brasil vive um momento especial. Se as projeções se confirmarem, o PIB brasileiro deve crescer 7% este ano, o que significa uma arrancada inferior apenas à China. Os dois países, juntos com Índia e Rússia formam o BRIC, sigla que se refere às quatro nações que se destacaram no cenário mundial pelo rápido crescimento das suas economias em desenvolvimento.

Prof. de Economia e Assessor de Relações Internacionais da Unicap, Thales Castro

Com a realização da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada em 2016, no Rio de Janeiro, a tendência é de que os indicadores econômicos continuem a trazer boas notícias. Em 2016, o Brasil poderá alcançar a quinta economia do mundo. As indicações de que o Brasil poderá eliminar de vez a pobreza crônica a partir de 2016 são animadoras. O aumento da renda da população brasileira deve fortalecer o setor imobiliário. A ênfase em investimentos nos níveis de produtividade. E para que isso aconteça, o Brasil precisa ser mais agressivo em investimentos em educação. Mas chamam atenção, os tristes eventos que ocorreram no Rio de Janeiro e a criação, não descartada, de uma nova tributação para financiamento desses megaeventos. É preciso muita atenção à segurança pública e às altas taxas da carga tributária. Essa é a previsão para 2016 do economista e assessor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Pernambuco, Thales Castro, que concedeu entrevista para o Boletim Unicap.

Segundo o economista, os próximos seis anos serão muito importantes para a economia do Brasil.“De acordo com a metodologia de cálculo do PIB – Paridade do Poder de Compra – O Brasil, hoje, ocupa a 8ª posição, segundo a base de dados da Central Intelligence Agency (CIA). Em 2016, o Brasil tende a ser a quinta potência econômica mundial. E as quatro nações que compõe o BRIC estarão entre as oito economias do mundo”, disse.

Prof. Dr. Thales Castro, diz " Em 2016, o Brasil poderá alcançar a quinta economia do mundo"

Qual o papel que o Brasil poderá ter neste novo panorama econômico internacional? E como a redução da pobreza se encaixa nesse perfil? Os estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2010 indicam que o Brasil poderá eliminar a pobreza crônica a partir de 2016. Já segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde o início de 2002 até 2010 quase 32 milhões de pessoas atingiram as classes D e E, o que significa que 32 milhões de brasileiros passaram a consumir, mesmo que de maneira tímida. De acordo com o professor Thales Castro, esses brasileiros precisam ser rigorosamente qualificados para receber e aproveitar as oportunidades que os dois megaeventos esportivos vão proporcionar. “E não só para esses dois eventos. É preciso qualificar a mão de obra porque se quisermos continuar na espiral, projetada de quinta economia do mundo, precisamos ter um exército não só de consumidores – aqueles que ingressaram nas classes C, D e E, mas, um exército de pessoas tecnicamente competentes, qualificadas academicamente e empoderadas sob o ponto de vista da cidadania”, disse.

Outro ponto lembrado pelo economista são os investimentos nos níveis de produtividade. E para que isso ocorra, o Brasil precisa ser mais agressivo em investimentos na educação. “O acesso quantitativamente falando na educação superior é uma realidade. Então, é preciso melhorar a educação primária, básica. É a educação que vai iniciar a formação de mão de obra profissional e melhor qualificada para ingressar nos cursos, nos quadros universitários. É necessário investir muito na melhoria de ensino de segunda língua, na melhoria da educação técnica, na educação voltada para áreas específicas, estratégicas”, disse.

Em Pernambuco, há um aquecimento do lado da aquisição de insumos, que são necessários para uma obra de grande porte. Há, também, necessidade de mais contratação e essa dinâmica aquece o mercado. A contratação de mão de obra, como: carpintaria, mestre de obras, engenheiros, arquitetos. E após a obra finalizada: marketing, divulgação, vendas, pós-vendas. “A economia se aquece como um todo. Este é um ciclo otimista para o estado de Pernambuco”, diz otimista Castro.

A logomarca tem o esboço da imagem do troféu do Mundial sendo formado por três mãos.

Áreas, como: hotelaria, turismo, gastronomia e transporte compõem, em parte, a infra-estrutura da região para receber a Copa do Mundo. Segundo o economista, a Cidade da Copa, que será localizada no município de São Lourenço da Mata, assim como as demais sedes do Brasil terão que saber utilizar da melhor forma suas arenas após a Copa do Mundo, em 2014. “Primeiro, Pernambuco terá que estar preparado para a construção da arena e para receber a Copa de 2014. Isto feito, ao final do evento, estará diante de duas escolhas. O modelo grego, que significa burocracia emperrada, da não agilidade, do não aproveitamento útil de seus estádios. E da infra-estrutura pós–olimpíada do modelo espanhol, que carrega o significado de ser ágil, dinâmico, proativo, de aproveitar bem a infra–estrutura para modificar a face da cidade”, disse se referindo as Olimpíadas da Grécia, em 2004, e da Espanha, em 1992.

Apesar de ser otimista no desenvolvimento socioeconômico do Brasil, há um fator de fundamental importância que o tem incomodado há algum tempo. Não só a ele, mas a todo cidadão brasileiro. A segurança pública. Segundo Castro esses episódios do Rio arranham a imagem internacional do Brasil. “Cada vez que se aproxima a data dos eventos essas crises devem ser extintas, não devem sequer existir, porque, naturalmente, os olhos internacionais estão muito abertos, atentos a essas situações do nosso país. E segurança pública é um tema absolutamente importante tanto para a Copa do Mundo quanto para a Olimpíada 2016”, disse.

Atletas com a bandeira da Olimpíada rio2016 / Foto: Chico Peixoto

A construção de rodovias, o aporte na segurança, os investimentos na educação pública de qualidade, a busca pela erradicação da pobreza e da fome são fatores que não deveriam ser apenas levados em considerações por conta dos dois grandes eventos esportivos, mas por ser direito de qualquer cidadão. Esse é um retrato do Brasil que tem uma carga tributária de quase 37% do PIB. “É um valor agressivo, é espantoso”, diz o economista Thales Castro. Antes de finalizar, disse: “Na atual conjuntura de construções de arenas e de toda infra-estrutura para os eventos, se entende que não está descartado, embora seja politicamente muito hostil, a criação de uma nova tributação para financiamento desses megaeventos. Eu sou veementemente contra qualquer tipo de iniciativa que venha tributar, que venha taxar a mais essa elevadíssima carga tributária”, concluiu.

É essencial para o Brasil e os próprios brasileiros terem uma visão estratégica e entender que o Brasil tem uma estatura internacional muito grande, tem uma visibilidade internacional, hoje, respeitada. E que, na verdade, está numa espiral grande de investimento internacional, políticoeconômico, estratégico e expressivo. Não perder essas oportunidades faz parte do jogo.

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