Boletim Unicap

Preservação do meio ambiente em debate no Simcbio

As agressões ao meio ambiente e a nossa sobrevivência no planeta estiveram na pauta do III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas (Simcbio) nesta terça-feira (24).  O evento vai até o próximo dia 27 na Universidade Católica de Pernambuco e discute o tema “Biodiversidade e sustentabilidade do planeta Terra”.

Na primeira apresentação da tarde, a professora Maria das Graças Ferreira fez um passeio pelo Universo, sua história e teorias do surgimento, chegando depois à Via Láctea, nossa galáxia, para em seguida localizar um ponto vulnerável no espaço, a Terra.  Ela traçou um diagnóstico da situação no planeta  e a permanência da vida.

Ela diz que nós estamos no lugar certo do espaço para abrigar vida nesta forma.  Segundo a professora, não deveríamos perguntar se há vida em outros planetas, mas se há vida como a conhecemos. Para o futuro da Terra há um prognóstico sombrio, do qual não será possível escapar. Em cinco bilhões de anos, o Sol deixará de queimar e ao fim desse processo vai destruir a Terra e a Lua.

Enquanto esse tempo não chega, somos nós, humanos que estamos promovendo a destruição do Planeta que, por consequência, prejudica nossa própria permanência sobre este solo. “As pessoas dizem que tudo que a gente faz a natureza se vinga, mas ela não se vinga. Por ser um sistema, ela se readapta”, disse a professora.

Num outro momento, ela criticou a construção de prédios e a urbanização desenfreada, que impermeabiliza o solo e altera o ciclo da água, com a conivência do poder público e da sociedade. “O que mais me angustia é que quem toma as decisões não aprendeu nada sobre as questões ambientais e não voltará para o ensino formal”, advertiu. Uma sugestão da professora é que os conhecimentos sejam produzidos, difundidos e aplicados, pois “não há grandes soluções para salvar o planeta”.

Desequilíbrio ambiental

A mesa  “Desequilíbrio ambiental: causas e soluções” discorreu sobre a erosão costeira, o processo de desertificação e o destino do lixo. Os temas ganham importância num momento em que a humanidade busca uma alternativa para os resíduos que produz e as alterações climáticas trazem um quadro de incertezas para as próximas décadas.

O professor Fábio Pedrosa, da Unicap, abordou os efeitos da erosão costeira, problema de grande vulto, visto que das 20 maiores cidades do globo, 14 estão nessas áreas. Durante a apresentação, ele causou impacto com cenas da orla do Rio de Janeiro há 80 anos. Nas imagens não há uma casa sequer, em contraste com o intenso povoamento verificado atualmente.

O impacto da ocupação humana fica mais claro quando verificamos que, em Pernambuco, 56% da população urbana vive na costa, que corresponde a apenas 4% de todo o território estadual. Entre as sugestões que o professor dá estão o controle dessa ocupação e medidas integradas que recuperem praias erodidas e preserve as demais.

Outro tema debatido foi o processo de desertificação em áreas áridas e semiáridas, problema que também nos atinge, visto a região sofrer com a seca e o assoreamento de seus rios. A professora Eneida Rabelo Cavalcanti, da Fundaj, sugere a participação popular na elaboração de políticas públicas sobre o assunto e a superação do modelo tradicional de desenvolvimento por outro mais sustentável.

O destino do lixo urbano foi questionado pela professora Bárbara Cavalcanti, da Universidade de Pernambuco (UPE). Ela alertou para o fato de que 63% dos municípios brasileiros descartam seu lixo em depósitos a céu aberto. A opção mais racional, seria a construção de  aterros sanitários, obras destinadas a tratar o lixo de forma adequada.

A professora lembra que não devemos preferir o reciclado apenas por ser reciclado, mas avaliar também outras opções, por exemplo, usando papel proveniente de áreas de manejo, com menos agressão ao meio ambiente.  Ela apontou como avanço a lei que estabelece a política nacional para resíduos sólidos, sancionada pelo presidente no dia 2 de agosto.

Mais informações em http://www.unicap.br/simcbio

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