“Perspectivas de uma construção popular nas cidades” é tema de seminário na Católica
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“Perspectivas de uma construção popular nas cidades” foi tema do seminário que aconteceu nesta segunda-feira (02/09), das 13h às 19h, no auditório G1 da Universidade Católica de Pernambuco. O Estatuto da Cidade, democracia participativa e função social da propriedade foram alguns dos assuntos debatidos entre o público presente.
O evento, organizado pelo Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec) e pelo Instituto Brasileiro de Direitos Urbanísticos (IBDU), também comemorou os 18 anos do Estatuto da Cidade.
O seminário teve início com a fala do coordenador do Centro Don Helder Camara, José Ricardo de Oliveira, e da vice-diretora geral do Instituto Brasileiro de Direitos Urbanísticos, Fernanda Carolina Vieira Costa.
Participaram da primeira mesa, Betânia de Moraes Alfonsin, também do instituto, o ex-procurador geral do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Francisco Sales de Albuquerque, e ainda a representante em Pernambuco do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Vitoria Genuína, além do professor do Departamento de Arquitetura da Unicap, Múcio César de Jucá Vasconcelos.
As atividades continuaram ao longo da tarde, com a mesa composta por Márcia Maria Alves, representante do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia; pelo vereador da Câmara Municipal do Recife, Ivan Moraes Filho; representante da Comunidade Caranguejo Tabaiares, Sarah Marques, e da coordenadora do programa Direito à Cidade do Cendhec, Vera Orange.
Segundo Mércia Maria Alves, do SOS Corpo, o direito à cidade está também na garantia do cumprimento dos direitos humanos. Para ela, a música A Cidade, de Chico Science, retrata bem as desigualdades nas periferias, que ainda, segundo ela, sofrem com as opressões do racismo e com as discriminações de gênero, como o machismo e a LGBTfobia.
A palestrante ainda falou do direito à sociabilidade e ocupação dos moradores de comunidades nos espaços públicos, como no Recife Antigo. ”Então, quando os meninos vão para o Recife Antigo, ocupar a cidade com a dança do passinho, é uma forma de resistência, ou quando as mulheres saem do seu território, fazem uma mobilização e ocupam o Centro da cidade, para dizer, o lugar de viver a política é um espaço também do território”.
Ela também enfatizou a importância do pertencimento da territorialidade e o direito à liberdade de ir e vir “Participação, cidadania, democracia e direitos humanos é polissêmico”. Já no final da sua fala, ela reconheceu os benefícios das redes sociais digitais, mas criticou, dizendo que a mobilização social não pode se limitar, e deve ser feita nas ruas.
O vereador Ivan Mores admitiu a precariedade urbana em algumas comunidades do Recife, falou do enfrentamento das dificuldades e dos êxitos alcançados no seu mandato junto com a população, promovendo ações de acesso à saúde, educação e a criação em andamento de um projeto de políticas públicas especificas para a população ribeirinha, destacando a comunidade da Ilha de Deus.
Sarah Marques falou da força e a resistência da mulher negra e mãe solteira e de sua união e liderança política na comunidade de Caranguejo Tabaiares, localizada na Ilha do Retiro.