Boletim Unicap

Paulo Rubem e Sérgio Goiana participam do último Quinta em Ritmo de Eleição

O último encontro do Quinta em Ritmo de Eleição recebeu o candidato Paulo Rubem, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que tenta renovar o mandato de deputado federal, e o candidato a deputado estadual Sérgio Goiana, do Partido dos Trabalhadores (PT). Ao longo de seis semanas, políticos pernambucanos que concorrem a uma vaga nos legislativos estadual e federal debateram suas ideias com estudantes da Unicap.

Paulo Rubem tem 55 anos e é natural do Rio de Janeiro. Atualmente exerce o segundo mandato como deputado federal. Aos 17 anos chegou a Pernambuco e aos 21 concluiu a graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Pernambuco. Em 1980 participou da fundação do PT, partido ao qual foi filiado até 1986, quando passou a integrar os quadros do PDT. Assumiu uma cadeira na Câmara de Vereadores do Recife em 1991, renovando o mandato em 1992, com a maior votação recebida por um vereador na época. Cumpriu dois mandatos como deputado estadual entre 1994 e 2001, atuando em questões como educação, economia e segurança pública. Na Câmara dos Deputados vem trabalhando pelo bom uso do dinheiro público. Paulo Rubem coordena a Frente Parlamentar de Combate à Corrupção e é um dos autores do Projeto Ficha Limpa. Participa também das Comissões de Educação e Cultura e Direitos Humanos e Minorias.

Sérgio Goiana tem 46 anos e nasceu no Recife. É pedagogo, com pós-graduação em História do Nordeste. É presidente licenciado da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT/PE) e coordenador do Sindicato dos Servidores Federais no Estado de Pernambuco (Sindsep/PE). Começou sua vida pública como representante sindical na Aeronáutica. Também foi presidente da Associação de Servidores Civis das Forças Armadas e coordenador da Confederação Nacional dos Servidores Federais. Em seus 20 anos de ação em prol dos trabalhadores,  apoiou a melhoria salarial, qualidade de vida  e igualdade social. Sérgio Goiana se posiciona contra as demissões dos trabalhadores e defende os postos de trabalho e a valorização do serviço público. É conselheiro licenciado do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social de Pernambuco, órgão que auxilia na identificação de áreas estratégicas do governo estadual.

Paulo Rubem abriu sua fala dizendo que o combate à corrupção é uma das principais bandeiras de seus mandatos. O candidato é relator de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional ) que cria o Sistema Nacional de Cultura e condenou a forma como são gerenciadas as verbas destinadas a essa área. “Estados e municípios aplicam recursos para a cultura de acordo com os próprios interesses, e não visando facilitar o acesso da população aos bens culturais.

O candidato observou que, da mesma forma que há 40 anos, no chamado Milagre Econômico, o Brasil vem mostrando capacidade de gerar crescimento da economia. Paulo Rubem observa, no entanto, que naquela época, o desenvolvimento não foi seguido de melhora nos indicadores sociais. Ele aponta o aumento do Produto Interno Bruto, distribuição da riqueza e pontos em que o país ainda pode melhorar.

Embora pertença a um partido que apoia o governo, Paulo Rubem mostrou pontos em que ainda há uma precariedade nos serviços. Um dos exemplos foi o Sistema Único de Saúde (SUS), que ao mesmo tempo em que reduz a mortalidade infantil, apresenta uma série de dificuldades no atendimento. Outra área que vem demonstrando problemas é a educação. De acordo com o candidato, de cada mil alunos que se matriculam na primeira série do ensino fundamental, apenas 520 concluem essa etapa.  “Ao invés de incluir os estudantes, a escola expulsa, por falta de financiamentos e formação dos professores”, acusou.

Ainda no campo da educação, o candidato disse que o Brasil está abaixo de outros sete países da América Latina quando se avalia a quantidade de pessoas com ensino superior. Ele destacou ainda que saúde e previdência  perderam 20% de seu orçamento, e chegou a dizer que esse dinheiro vai para o Tesouro Nacional para beneficiar especuladores. Paulo Rubem ainda comentou a situação da imprensa no país, e disse que liberdade consiste em permitir opiniões divergentes sobre os temas em debate. Ao finalizar, pediu que os eleitores fiscalizassem na internet as contas de eleições passadas, pois “55% dos candidatos seriam financiados por cerca de 200 empresas” do país.

Em sua apresentação, Sérgio Goiana disse ter propostas para a coletividade e criticou o sistema econômico vigente. “Eu sou contra essa ideia do capitalismo de que se alguém não tem o que comer, vestir e onde morar é porque não estudou nem trabalhou”, declarou o petista, que em seguida demonstrou apoio às propostas da candidata à presidência Dilma Roussef, do mesmo partido.

Para a educação, Sérgio Goiana prometeu priorizar o fator humano, com jornada diária de seis horas para o professor, sendo quatro horas em sala de aula e o tempo restante em atividades voltadas ao aperfeiçoamento do profissional.  O candidato disse ainda que não admite escolas de primeira e de segunda divisão, pois pretende trabalhar por um ensino de qualidade para toda a população.

Sobre a segurança pública, Goiana defendeu a mesma jornada de trabalho proposta para os professores, com atividades na rua, protegendo o cidadão, mas também duas horas de trabalho na academia. Em relação à moradia, falou que os programas de habitação devem entregar imóveis com toda a infraestrutura e serviços necessários, como água, luz e posto de saúde.

Uma das propostas do candidato para saúde é a aplicação de uma vacina, que, segundo o candidato, pode ser administrada a meninas entre nove e doze anos a fim de evitar o câncer de colo de útero. Sérgio Goiana concluiu  falando sobre a carga tributária do país. “Tudo que se consome tem impostos embutidos e cabe à população cobrar a aplicação desses recursos”, disse. Ele prometeu discutir a redução do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para idosos.

O professor Edijéce Ferreira, da Unicap, fez uma intervenção e complementou o debate sobre a mídia. “As concessões de rádio e TV são fruto dos interesses políticos”, declarou. Paulo Rubem voltou condenando os veículos de comunicação, nos quais “pessoas ligadas a grandes consultorias econômicas têm mais espaço que os grandes mestres da economia”. Ele finalizou dizendo que a sociedade deve ser maior que os limites de um partido ou coligação.

Durante a rodada de perguntas, Sérgio Goiana ressaltou que os recursos devem ser tratados de acordo com as prioridades e que a sociedade deve discutir se educação, saúde e segurança são temas prioritários. “Eu nunca vi uma eleição em que não houvesse candidatos. Se tem, é porque vale a pena ter alguém para gerir os recursos”, pontuou. Ele defendeu a valorização dos artistas pernambucanos e também se mostrou crítico da imprensa atual. “A liberdade é pautada por quem detém o poder econômico”, criticou.

Paulo Rubem respondeu a um questionamento sobre o poder legislativo, e disse que quando este não se impõe, é o judiciário quem passa a ocupar o espaço vazio. Ele falou das coligações que contam com muitos partidos, e disse que nesses casos, a maioria dos partidos é “de aluguel”. Em relação à Lei da Ficha Limpa, Rubem, lembrou que ela não foi levada a sério no início, mas a pressão da sociedade fez com que o projeto seguisse.

Nas considerações finais, Sérgio Goiana destacou que um momento como o “Quinta em Ritmo de Eleição” fortalece a democracia e isso é fundamental numa universidade. Ele lembrou que as mudanças não vão acontecer em quatro ou oito anos, mas que não se pode deixar de acreditar que é possível modificar a situação atual. O candidato falou da importância de avaliar e cobrar os candidatos eleitos. “Desejo ser cobrado nos quatro anos do exercício do mandato”, concluiu.

Para Paulo Rubem, “o voto deve ser uma extensão da consciência, não da barriga, muito menos do bolso”. Ele pediu que os eleitores discutam e façam uma análise criteriosa dos candidatos. “Quanto mais democracia e informação, mais a sociedade evolui”, foi a mensagem deixada pelo candidato.

Ao longo de cinco encontros, o projeto Quinta em ritmo de eleição recebeu 10 candidatos, que concorrem a uma vaga de deputado federal ou estadual. No dia 26 de agosto o participante foi Luciano Siqueira(PC do B). Em 02 de setembro foi a vez de Raul Henry(PMDB) e Terezinha Nunes(PSDB). O terceiro Quinta aconteceu no dia 16, com a participação de Maurício Rands(PT) e Teresa Leitão(PT). Três candidatos estiveram na penúltima edição, no dia 23. Foram eles Daniel Coelho(PV), Jayme Asfora(PMDB) e Thiago Santos(PDT). Trinta de setembro foi a data de encerramento do projeto, com a presença de Paulo Rubem(PDT) e Sérgio Goiana(PT).

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