Boletim Unicap

Museu de Arqueologia da Unicap comemora 25 anos e ganha nova sede

Ilustrações retiradas do Projeto Reinvenção do Museu de Arqueologia

O Museu de Arqueologia da Universidade Católica de Pernambuco tem boas novas para 2012, ano em que comemora 25 anos de fundação. No segundo semestre, será inaugurado o Novo Museu, localizado no Palácio da Soledade, onde está a sede do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O projeto museológico e museográfico, chamado de “A Reinvenção de um Museu”, que tem recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), é assinado pelo museólogo e historiador, mestre em Estética e Ciência da Arte, curador de muitas exposições nacionais e internacionais e diretor da Câmara Museológica e Ação Cultural, Aluísio Câmara.

Fotos: Elano Lorenzato

“Eu já considero esse museu um grande sucesso. Ele é um museu que tem público, que conta uma história de forma digna, que tem um acervo importante. A partir dos recursos obtidos pela coordenadora do museu, professora Maria do Carmo Caldas, junto ao CNPq e à Facepe, a gente conseguiu fazer o projeto utilizando novos recursos. Então, vamos pegar as informações  que existem no museu atual para que sejam digitalizadas; vamos criar novos banners; vamos explorar mais a questão da imagem sedutora e confecção dos vídeos dos aspectos culturais”, explica Aluísio. O novo museu contará ainda com muitos recursos multimídia, como a projeção de pinturas rupestres em uma parede que simulará a de uma caverna.

Na nova planta do museu, os visitantes começarão sua visita assistindo a uma aula sobre a Furna do Estrago, um abrigo sob-rocha, de 125m² de área coberta de onde foi retirado um total de 83 esqueletos humanos datados de aproximadamente dois mil anos. No local, em 1982, foram iniciadas as pesquisas arqueológicas desenvolvidas pela Unicap, a partir do projeto de pesquisas arqueológicas do município do Brejo da Madre de Deus, elaborado pela professora Jeannette Maria Dias de Lima. Em seguida, os visitantes passarão por uma caverna, chegando ao Memorial Professora Jeannette Maria Dias de Lima; o terceiro ambiente é o Paleoambiente com aspectos  relevantes da vida na pré-história; no quarto ambiente será abordado a Migração do Homem, as teorias do êxodo; no quinto ambiente, estará exposto a Furna do Estrago Sepultamentos; no penúltimo ambiente, estão os aspectos culturais; e o sétimo e último ambiente é o corredor arqueológico e a saída. 

A coordenadora do Museu de Arqueologia da Unicap, professora Maria do Carmo Caldas, fala sobre a importância do trabalho desenvolvido pela professora Jeannette Lima. “Naquela época, Jeannette já tinha uma forma de desenvolver pesquisa muito responsável, consciente e competente e eu admiro e me curvo à sua competência. Ela coletava as coisas de uma maneira exatamente como se manda hoje em dia. Então, a maneira como ela pegava o material, como ela trazia, como ela acondicionava, como ela teve o cuidado de enviar para os Estados Unidos para fazer a datação, como ela enviou para pesquisadores do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, da Fundação Osvaldo Cruz e de vários lugares. Com o objetivo de analisar os coprólitos, as fezes, para saber sobre seus hábitos alimentares, ela conseguiu identificar verminoses presentes naquela comunidade e também vestígios do que eles comiam, restos de semente por exemplo, e teve uma sorte muito grande de que naquelas condições, do Agreste nosso e do próprio abrigo, o material orgânico, meio que secou. Ele conseguiu ser preservado porque não passou pelos estágios comuns da decomposição. O PH do solo lá não era muito ácido, era mais alcalino. O PH mais ácido favoreceria mais a corrosão.

Então, ela teve essa sorte de encontrar restos de cérebro, partes moles, de um corpo de dois mil anos e coprólitos que não são comuns de encontrar. Nos esqueletos, você ainda vê pele e cabelo. Cabelo é normal ficar, mas resto de pele não. Essa descobert, foi o que fez, segundo alguns pesquisadores que estiveram aqui, a notoriedade do Sítio. André Pruz, que esteve aqui, disse que em termos de sítio arqueológico ficou impressionado não pela cronologia, porque dois mil anos para a arqueologia não é grande coisa, mas pela quantidade de informação em um mesmo local. Você ter esqueletos bem preservados,  cerâmica, pinturas rupestres, cestarias e adornos. É muita coisa em um canto só. Foi isso que permitiu traçar o perfil dessa comunidade pré-histórica, isso é que é o sensacional da história, somado, evidentemente à competência da pessoa que encontrou. Eu não conheci Jeannette, infelizmente, mas tenho um respeito e uma admiração tremenda porque eu estou aqui coordenando esse museu e vendo que tudo que a gente está fazendo agora, toda essa notoriedade que o museu tem tido depois da divulgação, deve-se à pesquisa dela ”, conclui Maria do Carmo.

Por causa do trabalho da professora Jeannette Maria Dias de Lima, o novo Museu de Arqueologia da Unicap terá um memorial em homenagem à pesquisadora.

Conheça o museu, agende sua visita pelo telefone: (81) 2119.4192 ou pelo site http://mcarmo.bio.br/agenda/NovoAgendamento.aspx.

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