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Multimodalidade e multiletramentos na formação de professores são tema de palestra na Católica

Os desafios e as novas possibilidades impostas pela revolução digital à formação de professores foram temas da palestra proferida, na noite desta sexta-feira (23), no auditório Dom Helder Camara, pela pesquisadora do CNPq Viviane Heberle.

Ela também é professora titular do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina no curso de Letras/Inglês, no Programa de Pós-graduação em Inglês e no Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução.

O evento articulado pela linguista Profª Drª Virgínia Colares, do Programa de Pós-graduação em Direito da Unicap, foi uma parceria com o Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem e com o curso de Letras.

A matriz teórica trabalhada por Heberle abrange a Gramática do Design Visual (GDV), a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) e a Análise Crítica do Discurso (ACD). De acordo com a pesquisadora, a LSF é uma teoria social que observa a relação entre indivíduos e que se preocupa com a linguagem em todas as suas dimensões. “Mais do que nunca, os textos hoje são multimodais, daí a possibilidade de estudar a linguagem como prática social multi-semiótica”.

A pesquisadora relaciona essa matriz teórica com as novas demandas da formação dos professores, o que vem sendo chamado de multiletramento. Heberle citou como exemplo prático dessa tendência a proposta curricular de Santa Catarina, da qual ela participou como consultora. Entre as características do perfil desejado para os docentes estão a diversidade como princípio formativo; a articulação entre áreas do conhecimento; e o desenvolvimento de todas as potencialidades humanas.

Em outro momento da palestra, a professora falou sobre os conceitos de adequação e economia, que é a “escrita abreviada em dispositivos eletrônicos para finalidades interacionais informais. O mesmo não vale para outras finalidades, a exemplo de uma crônica para a escola”. Ainda de acordo com Heberle, os “gêneros dos discursos vão orientar essa adequação”.

A professora salientou ainda que  a revolução digital está aprofundando o caráter multimodal dos textos a partir dos novos recursos semióticos que podem ser observados no Youtube, jogos digitais, blogs e podcasts. Ela exibiu um vídeo de Mike Matas, um jovem americano que está revolucionando os livros digitais. Heberle citou aplicativos e softwares que podem ser usados pelos linguistas na construção e análise de textos, a exemplo do Elan. Ela explicou ainda que o docente multiletrado tem que ser um usuário funcional, transformador, criador de sentidos e analista crítico.

“Só precisamos de esforço, pensar e trabalhar nisso. Os alunos tem que ter um olhar crítico sobre as tecnologias. A tecnologia a serviço da produção e da interpretação de textos. Há muitas possibilidades de trabalhar a linguagem. Quem trabalha com linguagem pode escolher com o que trabalhar porque tudo é linguagem”.

Lattes – Viviane Heberle é pesquisadora do CNPq e professora titular do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina no Curso de Letras/Inglês, no Programa de Pós-Graduação em Inglês e no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução. Possui graduação em Letras Português / Inglês pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1974), mestrado em Lingüística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1988), doutorado em Letras (Inglês e Literatura Correspondente) pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997) e pós-doutorado pela University of Sydney, Austrália (2004). Atuou como docente da PUC RS por 15 anos e foi professora visitante do Westhill College em Birmingham, Inglaterra. Em 2014 atuou como consultora de Línguas Estrangeiras/Adicionais na Atualização da Proposta Curricular de Santa Catarina. Tem experiência na área de Linguística Aplicada, atuando principalmente em análise crítica do discurso, linguística sistêmico-funcional, ensino de língua inglesa no Brasil, gênero, multimodalidade e multiletramentos.

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