Mestre Corisco representa a Unicap na VIII Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco
|O coordenador do Grupo de Capoeira Chapéu de Couro, da Universidade Católica de Pernambuco, José Olímpio Ferreira da Silva, Mestre Corisco, como é mais conhecido, participou como palestrante na VIII Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, que aconteceu no período de 17 a 21 e 26 e 27 de agosto, na UFPE.
A VIII Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, que teve como tema “Práticas Sustentáveis e Territórios de Sociabilidade”, foi uma realização da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e do Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGA da UFPE).
Mestre Corisco apresentou a palestra “Saberes dos Mestres: Profissionalização ou Valorização ocupacional, apenas?”, no dia 27, das 14h às 17h. Um assunto que norteou a tarde foi o Projeto de Lei que quer regulamentar a capoeira no Brasil, de autoria do deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), apresentado em fevereiro no plenário da Câmara. Na justificativa do projeto, o deputado Zarattini diz: “A capoeira é inequivocamente um traço cultural indelével de nossa identidade cultural, expressando-se como arte, ofício e alternativa profissional para muitos brasileiros”.
Para Mestre Corisco, esse Projeto de Lei é uma coisa inviável, por se tratar de uma questão política de promoção, ele vê como uma maneira de “engessar” a prática da capoeira. “A verdade é que a capoeira, por conta própria, está no mundo inteiro e tem tido uma grande projeção e, sem nenhum apoio oficial, ela chegou a um patamar de destaque em que as pessoas estão vendo o que acontece. Essa questão de profissionalização, que a gente está vendo, além de interesses pessoais, políticos e de autopromoção, ter um órgão nacional que diga como cada região tem que fazer e se comportar, é uma coisa que vai nos descaracterizar. O legal da capoeira é ela ter a possibilidade de atender às demandas de cada grupo de pessoas que está praticando e responder às necessidades pontuais dos indivíduos.
Continuando, Corisco fala que essa opinião não é só dele. “As maiores expressões da capoeira, que têm um trabalho constituído e que têm reconhecimento estão vendo que é completamente inviável essa proposta de profissionalização desse Projeto de Lei para quem tem a prática da capoeira. Os mestres que têm um certo destaque na prática estão repudiando esse tipo de profissionalização proposta pelo projeto.”
Ao abordar a questão da valorização ocupacional, o palestrante apresentou o case de sucesso da Universidade Católica de Pernambuco: o grupo de Capoeira Chapéu de Couro, que há 32 anos incorporou de forma espontânea a capoeira em seu quadro de atividades. “Um dos momentos da palestra que foi muito legal, principalmente para a nossa condição na Unicap, é perceber que tivemos um reconhecimento profissional sem, em absoluto, descaracterizar a capoeira de forma nenhuma. Não existe verdadeiramente no Brasil, até agora, em termos de reconhecimento profissional e valorização da capoeira como patrimônio, o que hoje discutimos aqui, isso já concreto na Católica há 32 anos, ou seja, a Católica está muito à frente desse debate”, destaca Mestre Corisco.
“ Outra ação muito exitosa, nossa, foi a criação da turma especial, há 13 anos, composta por pessoas com deficiência, com vários níveis de limitações motoras e mentais, incluindo Síndrome de Down. Que bom que a Universidade Católica de Pernambuco nos dá subsídios para uma atuação tão longínqua e exitosa, o que nos permite receber cada vez mais novos alunos, inclusive recomendados pelos próprios médicos, para praticarem a capoeira como instrumento de melhora da sua qualidade de vida. A gente vê essa recomendação médica como uma indicação de acerto e credibilidade no trabalho que desenvolvemos na Católica e isso é muito bom”, exclama com orgulho Mestre Corisco.
Muito Bom Mestre Curisco