Mestrado em Ciências da Linguagem realiza seminário sobre Ferdinand Saussure
|Foi realizado durante a manhã e tarde desta quinta-feira (29), na sala de teleconferências localizada no térreo do bloco G4 da Universidade Católica de Pernambuco, o Seminário “O legado de Saussure: Uma leitura sempre atual?, organizado pelo Mestrado em Ciências da Linguagem da Unicap, sob a coordenação da professora Nadia Gonçalves de Azevedo.
O seminário foi destinado ao público interessado pelo estudo e compreensão do uso da linguística, a partir das teorias propostas por Saussure, que foi considerado o grande mestre no estudo da linguagem e também seu fundador. Foram inscritos alunos do Mestrado em Ciências da Linguagem; do Mestrado e Doutorado em Psicologia; e alunos dos cursos de Letras e Direito.
“Quando falamos em Saussure, percebe-se que os profissionais da área de linguística ainda têm certo preconceito em relação à biografia do estudioso e ao seu legado”, disse a professora Nadia Gonçalves de Azevedo.
O seminário contou com a participação da professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Mônica Nóbrega, estudiosa da teoria linguística abordada por Saussure, o pai da Ciência da Linguagem. Segundo a professora Nadia, “Mônica Nóbrega traz para o seminário uma abordagem mais atualizada sobre o trabalho do teórico, e ela vai muito além do que é dito no curso de Linguística Geral, onde se segue as teorias sobre a linguagem, escritas em um livro que foi produzido pelos alunos de Saussure e não por ele”.
A docente paraibana, em sua participação no evento, ainda citou exemplos de manuscritos de Saussure, além de outros trabalhos realizados por ele, em seus projetos de pesquisa da Linguagem, para discutir, fazendo uma intercessão entre o estudo da Linguística, a psicanálise e outras ciências.
O principal objetivo do seminário foi o de atualizar os alunos sobre o atual conteúdo de estudo da vida e das obras e pesquisas de Saussure. Em especial, o seu estruturalismo visto de forma atualizada. “A partir deste seminário, esperamos que os estudiosos e os alunos interessados nas teorias de compreensão da linguagem não mais tenham uma má impressão sobre o perfil de Saussure, que foi criticado por muitos teóricos de sua época e continuou nos dias atuais. É aguardado que sejam respeitadas as teorias de Saussure, a partir dessa nossa iniciativa de fazer este seminário. É esperado que se compreenda melhor principalmente a mais conhecida das teorias do linguista, a “Teoria de Valor”, enfatizou a professora Nadia Gonçalves de Azevedo, sobre o que espera que seja feito a partir das discussões que foram realizadas no seminário sobre Saussure.
Apresentando Ferdinand Saussure
Filho de um eminente naturalista, foi introduzido aos estudos linguísticos pelo filólogo e amigo da família Adolphe Pictet. Saussure estudou Física e Química, mas continuou fazendo cursos de gramática grega e latina. Por fim, convenceu-se que sua carreira estava nos estudos da linguagem e ingressou na Sociedade Linguística de Paris. Estudou línguas europeias em Leipzig e aos 21 anos publicou uma dissertação sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas indoeuropeias, a qual foi muito bem aceita. Defendeu sua tese sobre o uso do caso genitivo em sânscrito, em Berlim, e depois retornou a Paris, onde passou a ensinar Sânscrito, Gótico e Alto Alemão e depois Filologia Indo-Europeia. Retornou a Genebra, onde lecionou sânscrito e linguística histórica em geral.
Entre 1907 e 1910, Saussure ministrou três cursos sobre linguística na Universidade de Genebra. Em 1916, três anos após sua morte, dois de seus alunos, Charles Bally e Albert Sechehaye, com a colaboração de A. Ridlinger, compilaram as anotações de alunos que compareceram a estes cursos e editaram o Curso de Linguística Geral, livro seminal da ciência lingüística.
Paralelamente ao trabalho teórico reunido no Curso, Saussure também realizou, entre 1906 e 1909, outro estudo que é comumente chamado de Os anagramas de Saussure. Nesse trabalho, o mestre genebrino perscrutou um corpus de poemas clássicos para tentar provar a existência de um mecanismo de composição poética baseado na análise fônica das palavras; mecanismo este formado pelo anagrama e pelo hipograma. O hipograma (palavra-tema) é o nome de um deus ou de um herói diluído foneticamente no poema. O anagrama, por sua vez, é o processo que propicia a diluição do hipograma nos versos.