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Livro de Eduardo Hoornaert revisita as origens da história de Jesus Cristo

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Fotos: Pedro Pereira

Quem foi ao anfiteatro no bloco G4 na tarde desta segunda-feira (17) teve uma grande oportunidade de encontrar um dos maiores historiadores da Igreja. O belga Eduardo Hoornaert lançou o livro Em busca de Jesus de Nazaré – uma análise literária. O lançamento foi promovido pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião (PPCR) da Unicap.

foto-16O evento foi aberto pelo coordenador do PPCR, Prof. Newton Cabral. Em vez de discurso, ele cantou a música O Homem (de Roberto Carlos e Erasmo Carlos) com Percy Marques ao violão. A canção foi dedicada a esposa de Eduardo, Tereza.

Logo depois, Hoornaert fez uma apresentação sobre o livro. De acordo com ele, os primeiros escritos sobre Jesus Cristo datam do ano 50, ou seja, aproximadamente 20 anos depois de sua crucificação. Cristo teria nascido numa aldeia rural a cinco quilômetros da cidade de Nazaré, local onde hoje fica o Parque Arqueológico de Séforis.

Ainda segundo o pesquisador, 97% da população da Palestina era analfabeta, o que aumenta a possibilidade de Jesus também não saber ler ou escrever. As escritas de Marcos (Mc 6:3) indicam que o Jesus pertencia a uma família de artesãos e que Ele teria conhecido João Batista às margens do rio Jordão onde teria se prontificado a trabalhar com aquele que viria a se tornar um dos apóstolos.

foto-31“O comportamento aberto, contrastante com o moral em voga na época, a liderança natural e forte e a capacidade de atrair jovens que passaram a andar com ele chamaram a atenção das autoridades”, explicou Hoornaert ao mencionar que Jesus foi considerado, por volta do ano 30, “uma ameaça à segurança nacional”.

O pesquisador também relatou a primeira interpretação a respeito de Jesus Cristo, escrita por Paulo. “Contemporâneo de de Jesus (nunca entrou em contato pessoal com ele), que, nos anos 50, redige sete cartas que até hoje moldam a compreensão cristã de Jesus”, dizia trecho de um dos slides exibidos pelo historiador. “A leitura de Paulo é indispensável para a compreensão do que seja o Cristianismo”, frisou Hoornaert.

O historiador mencionou ainda descobertas feitas no século XX “que ocasionaram uma onda de publicações sensacionalistas acerca das origens do cristianismo e que não revelaram nada que pudesse alterar nosso conhecimento básico da história de Jesus de Nazaré, mas suscitaram muito interesse e deram origem a uma literatura de grande  divulgação (os livros de Dan Brown, por exemplo), nem sempre confiável.” Após a apresentação, o pesquisador participou de uma roda de conversa mediada pelos professores Gilbraz Aragão e Biu Vicente (UFPE).

Perfil – Eduardo Hoornaert nasceu na Bélgica, mas reside há 58 anos no Brasil. Ensinou História da Igreja nos Seminários de João Pessoa, Fortaleza e no SERENE II do Recife. Foi professor do extinto ITER (Instituto de Teologia do Recife) durante os anos em que morou no Recife. É um dos fundadores do CEHILA (Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina) e ado acessor das CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base).

É autor de vários artigos e livros sobre História do Cristianismo Antigo, História da Igreja e História da Igreja na América Latina, entre eles “História do Cristianismo na América latina e no Caribe”, pela editora Paulus, São Paulo.

Coordenou o Projeto História do Cristianismo no 3º Mundo, através do qual publicou, em 1995, o livro “O Movimento de Jesus”. Foi pesquisador no Mestrado de História da Universidade Federal da Bahia.

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