Humberto Costa faz palestra no encerramento da 8ª Siucs
|Foi realizada na manhã do dia 8 de outubro, no auditório G2, a cerimônia de encerramento da 8ª Semana de Integração Universidade Católica e Sociedade, que este ano teve como tema “Política e Economia: o Brasil em Foco”. O palestrante convidado do evento foi o senador eleito pelo PT, Humberto Costa. Os participantes foram recepcionados pelo grupo Flor de Maracujá e pelas passistas de Frevo do Projeto Fé e Alegria.
A mesa foi composta pelo Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Padre Pedro Rubens; pela Pró-reitora Acadêmica, professora Aline Grego; pelo Pró-reitor Comunitário, Padre Miguel Martins; pelo diretor do Centro de Ciências Jurídicas, professor Jayme Benvenuto; pelo coordenador do Instituto Humanitas da Unicap, Padre Lúcio Flávio Cirne; pela coordenadora da 8ª Siucs e diretora do Centro de Ciências e Tecnologia, professora Arminda Saconi; e pelo senador eleito Humberto Costa.
Padre Pedro Rubens deu as boas-vindas a todos e disse que tinha muita alegria e até orgulho de receber Humberto Costa na Universidade Católica. “A gente abriu a Semana de Integração com dois ex-alunos da Universidade, duas pessoas importantes na Sociedade, professora Tânia Bacelar e o professor Túlio Velho Barreto, e nós vamos encerrar a Semana, também, com um ex-aluno, que além de ser formado em Medicina, foi aluno de Jornalismo da Católica. A gente vem acompanhando sua trajetória de continuidade da democracia, e agora o povo de Pernambuco pode mais uma vez atestar sua identidade política, confirmar sua militância no trabalho por Pernambuco e pelo Brasil, como foi demonstrado nas urnas.”
O convidado cumprimentou os presentes, em especial o Reitor, Padre Pedro Rubens, e agradeceu o convite. “Quero aproveitar a oportunidade para agradecer às pessoas que depositaram sua confiança em mim, para o Senado Federal, e reafirmar o meu compromisso de corresponder a essa confiança dos eleitores do Estado. Todos vocês sabem que eu faço parte do PT (Partido dos Trabalhadores), e, que eu tenho um lado na sucessão presidencial e, que eu tenho uma posição muito clara em relação a esse processo, até o dia 31 de outubro. Mas eu não quero aqui fazer um protecionismo e nem defender a minha candidata. Eu queria aproveitar esse momento para chamar as pessoas a fazerem uma reflexão, para que elas possam se posicionar de uma maneira informada, de uma maneira consciente, para não legitimar um tipo de jogo político que já foi feito no Brasil. Muitas vezes, são ideias que produzem um engodo, cujo resultado a gente já conhece.”
“Mas a gente não está discutindo meramente questão de valores, que uma parte da sociedade tenha e a outra não tenha, muito embora sem diminuir a importância dessa discussão. Um exemplo, em oito anos do governo do presidente Lula, temas como ‘legalização do aborto’, ou o ‘reconhecimento da legalidade da união civil das pessoas do mesmo sexo’, ou o debate sobre legalização ou não das drogas, ocuparam uma parte da pauta do país. Não que esses temas não sejam importantes, eles são importantes nas sociedades modernas. Mas nós não podemos permitir que o curso do país, ele agora vá ser decidido em função dessas questões. Até porque existe muita hipocrisia nesse debate, não das pessoas que defendem seus pontos de vista, acho perfeitamente defensável e devem ser respeitados, mas por aqueles que querem aproveitar esse debate para, ao invés de discutir as questões substantivas para o Brasil, transformar essas discussões em questões principais. E eu digo a hipocrisia porque essas pessoas sabem o que é esse debate.”
“Eu queria colocar para vocês uma questão. Ao longo do primeiro turno, nessa fase final duas questões foram jogadas contra a candidatura de Dilma Rousseff. Uma delas foi o reconhecimento ou não da união civil de pessoas do mesmo sexo, que é o chamado ‘casamento dos homossexuais’, na verdade isso não é casamento, e foi atribuído a ela o posicionamento do PT sobre a questão. Porém, o candidato do PSDB, José Serra, tem a mesma posição, quer dizer, ele tem uma posição até mais à frente, ele além de ser defensor do reconhecimento, como é defensor do direito de adoção entre eles. O outro foi o tema do aborto. O entendimento que ele tem é exatamente o entendimento que Dilma tem e nós temos. Eu não envolvo a discussão no aspecto moral e filosófico do aborto e muito menos ser a favor ou contra. Todo mundo sabe o que representa uma mulher que é obrigada a fazer um aborto. As mudanças orgânicas que ela sofre, psicológicas, a violência que isso representa. Mas na verdade, o que está em discussão é o seguinte: as estatísticas, que a gente consegue detectar, falam em mais de um milhão abortos no Brasil. Então o estado e o governo não podem ignorar essa situação. Ele não pode simplesmente pegar uma mulher que perfurou o seu útero com uma agulha de tricô para abortar e, ao invés, de dar o tratamento a ela, mandar colocar na cadeia. Serra tanto sabe disso, que ele quando foi ministro, regulamentou e nós aprofundamos a realização do aborto legal no serviço público, naqueles casos de estupro, naqueles casos de risco de saúde da mulher.”
“Todos esses temas são importantes, mas o que a gente precisa discutir é o seguinte: eu estou vendo aqui muitos jovens para lembrar o que era o Brasil há oito anos. Vale a pena a gente entrar na Internet, vale a pena pesquisar nos livros de história, vale a pena a gente pegar, por exemplo, o que era o Brasil naquela época. Hoje, o nosso adversário fala que Brasil terá um salário mínimo de R$ 600, sendo que na época que eles eram governo o salário mínimo representava US$ 50 (cinquenta dólares). Hoje no Brasil, a política do presidente Lula recuperou o valor do salário mínimo. Nós temos mais de US$ 300 (trezentos dólares) de valor do salário mínimo. No Brasil havia 12 milhões de desempregados quando Fernando Henrique deixou o governo. Em oito anos nós criamos 14 milhões de empregos. Eles decretaram uma legislação proibindo a construção de escolas técnicas, hoje o candidato deles fala que vai fazer escolas técnicas, mas no governo de Fernando Henrique nenhuma foi feita e foi proibido construir escolas técnicas sob o argumento de que não se tratava de fazer formação técnica profissional, para sustentar a universidade. No nosso governo, nós construímos mais escolas técnicas que todo tempo anterior ao governo do presidente Lula. Nós pegamos o Brasil com a inflação de quase 40%, hoje a inflação do Brasil, este ano, deve chegar em 3%. O Brasil não crescia mais de 1% ao ano, este ano vamos chegar a 7,5%. Tivemos avanços significativos. Nosso país devia ao Fundo Monetário Internacional (FMI), e era monitorado por ele. Muitas e muitas vezes vinham os diretores do FMI para saber se o Brasil estava fazendo direitinho o que eles tinham orientado. Nós pagamos ao FMI, emprestamos dinheiro ao FMI, a dívida externa pública não existe mais, só a dívida privada, e a dívida interna, também, nós reduzimos de forma significativa. Hoje se fala de taxa de juros alta, mas quando nós assumimos o governo a taxa Selic era de 24% ao mês, hoje nós temos, uma taxa alta, uma das maiores do mundo ainda, mas reduzimos de forma significativa.”
“O que nós devíamos discutir agora é o país que a gente quer pra gente, para nossos filhos e para os nossos netos. Nesse momento a gente precisa que os candidatos coloquem agora no programa de Televisão e Rádio, no debate é o que a gente quer para o nosso país, o que é que cada um deles pensa para o Brasil. Enquanto eles privatizaram o setor de telecomunicações, boa parte do setor elétrico e só não privatizaram a Petrobras porque o povo não aceitou, nós temos hoje a Petrobras como uma das empresas mais sólidas do mundo, que promoveu o desenvolvimento regional. Pernambuco não seria nada do que ele está sendo hoje se a Petrobras não tivesse implantado aqui a Refinaria e o Polo Petroquímico. Nós tivemos uma contribuição muito importante, nós tivemos um avanço significativo ao longo de oito anos. Hoje o Brasil é respeitado internacionalmente pela sua política externa.”
“Não é justo que a gente transforme o debate sobre o futuro de nossas vidas, num debate sobre questões importantes, mas que não podem ser o centro da discussão sobre o futuro de nosso país”, concluiu o senador eleito pelo PT e ex-aluno da Católica, Humberto Costa.