Humanitas promove ato em memória de Marielle Franco e Anderson Gomes
|A Pró-reitoria Comunitária da Universidade Católica de Pernambuco, através do Instituto Humanitas Unicap, promoveu, terça-feira (20), às 17h, nos jardins do campus, um ato em memória da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. O ato contou com o apoio da Cátedra Dom Helder Camara de Direitos Humanos, do Grupo Frida de Gênero e Diversidade, do Coletivo Linda, do Grupo Asa Branca de Criminologia, do Diretório Central dos Estudantes Dom Helder Camara da Unicap (DCE), do Diretório Acadêmico Fernando Santa Cruz (Dafesc), do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) e da Associação dos Docentes da Unicap (Aducape).
Na ocasião, foi realizada a leitura de notas de protesto e de repúdio contra a violência publicadas por diversas instituições. Em seguida, foi celebrada uma missa na Capela da Universidade, marcando o 7º dia da execução das duas vítimas.
O ato, que teve a participação de alunos, professores, funcionários e de visitantes, foi marcado por apresentações musicais em tom de protesto e leituras de cartas de indignação pelos crimes e em solidariedade às famílias e amigos das vítimas, escritas por indivíduos e grupos da Universidade. Foi um momento forte de emoção e reflexão que uniu a todos os que ali estavam. Muitos quiseram tomar a palavra e deixar sua mensagem de fé, esperança, justiça, solidariedade e respeito. Confira abaixo alguns relatos que marcaram a tarde de homenagens:
A Unicap, por meio do Instituto Humanitas e da Cátedra Dom Helder Camara, vem a público manifestar sua total indignação em relação aos assassinatos da vereadora Marielle Franco, ex-aluna de Sociologia da PUC-Rio, e do motorista Anderson Pedro Gomes e prestar solidariedade aos familiares das vítimas de tão brutal execução.
Trata-se de uma retaliação ao trabalho desenvolvido por Marielle na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro na defesa dos direitos humanos. A população tinha em seu mandato uma voz aguerrida contra o aumento da violência e contra a falta de segurança pública. É fundamental que o crime seja investigado com rigor, transparência e celeridade. O Estado de Direito e os Direitos Humanos não convivem com as execuções sumárias e com os abusos a direitos, por quem quer que sejam perpetrados.
46 mil vozes que a elegeram a quinta vereadora mais votada do Rio foram caladas pela truculência e pela violência? Certamente, não. Não à violência! Não à desigualdade! Pela Justiça e Inclusão!
Marielle sempre presente!
Manoel Moraes, representando o Instituto Humanitas e a Unicap
Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas uma vida inteira de luta. Na última noite, no Rio de Janeiro, morrem, vítimas de uma execução, Marielle e Anderson, mortes sentidas em todo o território nacional – Mulher negra, lésbica, feminista, mãe e socióloga, que assim como nós, foi estudante de Universidade Católica no Rio de Janeiro, com bolsa integral, após ser aluna de um pre-vestibular comunitário da Maré, favela em que cresceu. Militante aguerrida dos direitos humanos, denunciava as atuações policiais e do exército nas periferias. Estava vereadora pelo PSOL e, há duas semanas, havia assumido a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a situação das tropas militares. Anderson, também assassinado, estava como motorista do carro: Era pai , trabalhador e, hoje, infelizmente, mais uma vítima.
As balas foram certeiras em quem lutava para denunciar a violência. O silêncio que nunca foi comprado chegou em forma de morte. A maior parte da mídia ainda tem a coragem de pensar na possibilidade de um assalto, onde o único bem levado foram as vidas de duas pessoas. Exigimos saber quem os matou!
Juliana, aluna do Curso de História da Unicap e membra do DCE
Nós, da 11ª turma de especialização em Direitos Humanos da Unicap, expressamos nosso pesar pela morte da vereadora e defensora dos direitos humanos, Marielle Franco, executada na última quarta-feira (14), após denunciar a ação abusiva da Polícia Militar, na comunidade do Acari (RJ). Ela havia sido nomeada relatora na comissão da Câmara destinada a fiscalizar a intervenção militar no Rio de Janeiro, o que intensifica o caráter político do seu assassinato. Marielle era mãe, negra, lésbica e criada na favela da maré. Elegeu-se pelo PSOl em 2016, sendo a quinta mais votada no seu estado. Sua remoção violenta assume um aspecto ainda maior por tentar silenciar vozes que foram abafadas por processos históricos e sociais, mas que vêm se fortalecendo aos poucos, para que todos possam ter suas vidas asseguradas e protegidas. Que todos possam viver de forma digna e humana, sem miséria e sem sofrimento.
Nota conjunto de alunos de especialização em Direitos Humanos da UNICAP