Ex-aluno de Matemática da Católica se dedica à educação indígena em Roraima
|Quando o então aluno de Licenciatura Plena em Matemática da Católica, Michael Lopes da Silva Rolim, concluiu o curso em 2003, ele mal podia imaginar que os números o aproximariam da cultura e educação indígenas. O caminho até assumir a direção do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima (UFRR) foi longo.
Essa história de sucesso acadêmico tem uma importante contribuição do professor Vicente Francisco Neto, então orientador de Pibic e hoje amigo pessoal de Michael. “Ao longo do tempo sempre trocamos ideias e o desempenho dele sempre me chamou a atenção. Agora me surpreende essa ligação com os povos que são as raízes do Brasil”.
Assim que terminou a graduação, Michael foi aprovado num concurso público da rede estadual de Pernambuco, mas a carreira foi interrompida em poucos meses quando surgiu a oportunidade de fazer mestrado em Geometria na Universidade Federal da Paraíba. O ano de defesa da dissertação, 2005, trouxe uma outra grande conquista. Ele foi aprovado em 1º lugar no concurso de docente do magistério superior da UFRR. Em 2008, assumiu a chefia do departamento.
Três anos depois, em 2011, ele ingressou no doutorado em Etnomatemática da Universidade Anhaguera, em São Paulo. Lá ele teve como orientador Ubiratan D`Ambrósio, considerado um expoente dessa teoria matemática, que estuda diferentes modelos de raciocínios a partir da identificação de grupos, explicação dos mesmos e o etnos propriamente dito. “O conhecimento não é único. Os povos desenvolvem maneiras diferentes de pensar”, afirma Michael.
Os números não são as únicas paixão de Michael. Em Roraima, ele casou com uma indígena da etnia Macuxi. Rosentina lhe deu dois filhos: Matheus, de 9 anos; e Maitê, de um ano e sete meses. “Até aprendi um pouco da língua nativa”, diz ele. A vontade de repassar conhecimento aos povos indígenas e sua ligação afetiva com eles ajudaram na construção do perfil ideal para assumir a gestão do Instuto Insikiran.
Mais de 13 anos se passaram e o tempo não apagou as lembranças, nem o carinho que Michael tem pela Unicap. “Lembro muito bem da organização de cronogramas, do excelente espaço da Biblioteca e da relação sempre solidária dos professores”.