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Educação Intercultural e cultura de paz na abertura do VIII Conere

Mesa de aberturaA abertura do VIII Congresso Nacional de Ensino Religioso, realizada na noite desta quinta-feira (29), no auditório G2, foi marcada por discursos de respeito à diversidade religiosa como forma de combater preconceitos e conflitos. O evento realizado pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (Fonaper) em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco e Universidade Federal da Paraíba (UFPB) tem como tema Educação Intercultural e Cultura de Paz: contribuições da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões) e do Ensino Religioso.

PresidenteO presidente do Fonaper, Prof. Dr. Leonel Piovezana, considera a inclusão, por parte do Ministério da Educação (MEC), do ensino religioso como componente curricular na educação básica como sendo um momento histórico. “Isso nos motiva a lutar por um ensino religioso que contribua para uma formação humana, respeitando a diversidade religiosa e as diferenças”.

O papel dos educadores religiosos no combate ao preconceito foi destacado pelo coordenador do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa, Prof. Dr. Alexandre Brasil. “A participação do professor é fundamental na cultura de paz e na educação cidadã”.

A formação de educadores religiosos também foi o mote da fala do coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões da UFPB, Prof. Dr. Deyve Redyson. “Enquanto universidade pública, nosso dever é formar e produzir material didático para este professor”, disse ele ao mencionar que a UFPB tem uma licenciatura, um bacharelado, um mestrado e um doutorado em Ciências das Religiões.

LivroA programação do VIII Conere terá duas mesas temáticas, uma conferência, comunicação de 74 trabalhos distribuídos em dez grupos de trabalho, apresentação de 17 pôsteres, oito espaços pedagógicos, apresentações culturais relacionadas à religiosidade pernambucana e muitos diálogos estabelecidos por cada um dos participantes. O evento celebra também os 20 anos do Fonaper com o lançamento do livro intitulado Ensino Religioso na Educação Básica: fundamentos epistemológicos e curriculares.

Mesa – Também integraram a mesa de abertura do VIII Conere a representante da Coordenação Geral de Direitos Humanos do MEC, Camila Maria Moreno da Silva; a coordenadora da Pós-graduação da Unicap, Prof.ª Drª Cristina Amazonas;  o coordenador do Mestrado em Ciências da Religião da Unicap, Prof.º Drº Newton Darwin Cabral; e a coordenadora Nacional da Rede de Licenciatura em Ensino Religioso (Reler), Profª. Msc. Simone Riske Koch.

Debate – Logo depois da solenidade de abertura, o VIII Conere promoveu o primeiro debate com o tema:  Educação Intercultural e Cultura de Paz: desafios e perspectivas curriculares.  A coordenação foi do Prof. Dr. Newton Darwin. O Prof. Dr. Luiz Augusto Passos, da Universidade Federal do Mato Grosso, tratou da questão da identidade única e da singularidade de cada ser humano. “Nessa dimensão, desejo que possamos somar vozes por uma comunhão radical no Brasil, na América Latina e no mundo. Toda solidariedade é importante  e nenhum de nós pode estar fora disso”.

Mesa de debateA segunda debatedora da noite se declarou pessimista quanto a perspectiva dessa ‘comunhão’. A representante do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa, Profª Msc. Francielli Morêz Gusso, destacou, sem mencionar dados, o crescimento de denúncias de crimes religiosos registradas pelo Disque 100 da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. “Ainda não conseguimos constatar de fato o crescimento da intolerância religiosa ou se aumentou a consciência das pessoas”, disse ela ao declarar que sofre com o preconceito em sua vida pessoal. Francielli é mulçumana xiita.

Esse foi gancho inicial da fala do Prof. Dr. Gilbraz Aragão do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Unicap. Quando conheci a professora Francielli, surpreendi-me com a sua religião, já que ela não usa trajes típicos. Isso é um pequeno exemplo de que nossa subjetividade pode ser treinada para enxergar as diferenças”.

Entre outros assuntos, Gilbraz tratou da relação do ensino religioso na educação básica com a laicidade do Estado brasileiro. “Precisamos formar professores críticos e capazes de discernir as diferentes crenças religiosas, bem como a ausência dela. Religião não se ensina na escola. A escola é o lugar para se refletir sobre isso”.  

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