Boletim Unicap

Durante palestra na Católica Haddad fala sobre o cenário político nacional

O cenário político nacional e as perspectivas para 2018 foram algumas das questões discutidas pelo ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Ele esteve na Universidade Católica de Pernambuco na tarde desta sexta-feira (11) para proferir a palestra intitulada A Retomada da Democracia no projeto de nação. O evento, que lotou o auditório G1, foi organizado pela CUT-PE em parceria com Instituto Humanitas Unicap, sindicatos e movimentos sociais.

A palestra teve um tom de conversa a partir de provocações feitas por convidados que formaram um dispositivo. Entre eles o presidente da CUT-PE Carlos Veras; o professor Manoel Moraes (representando o Instituto Humanitas Unicap); a deputada estadual Teresa Leitão (PT); a vereadora do Recife Marília Arraes (PT); o presidente do PT de Pernambuco Bruno Ribeiro; o presidente do Sinteepe  Heleno Araújo; o 2º secretário da Adufepe Gilberto Gonçalves Rodrigues; e a professora do curso de Direito da UFPE Liana Cirne.

Haddad começou fazendo críticas ao governo Temer. “Este governo está implantando uma agenda que não foi discutida com a população. Como é que um governo que se coloca democrático pode impor ao país uma agenda tão regressiva como essa que vem sendo imposta a todos nós pelo Temer”. Ele também criticou a proposta de parlamentarismo e da mudança no sistema de votação para deputados, o chamado distritão.”Nós temos que ter a clareza que o governo da democracia, que é o da maioria, não pode impedir a minoria de participar. Por trás de todo o debate democrático existe um pressuposto, que é o de que a minoria pode estar certa. A minoria hoje pode ser a maioria amanhã e assim por diante”.

Na avaliação do petista, a atual crise econômica é consequência da crise política. Entre as razões da instabilidade no Brasil, ele considera que os interesses internacionais têm uma influência sobre o atual cenário. Haddad acredita que exista uma co-relação entre a instabilidade política e riqueza nacional. O ex-prefeito de São Paulo citou a descoberta do Pré-sal, a criação de um banco internacional do Brics, as relações entre América Latina e Oriente Médio, a presença brasileira na África, os avanços na discussão energética como fatores que fizeram o Brasil “incomodar” no cenário internacional.

“A economia internacional é uma guerra. Os estados nacionais brigam para defender suas empresas. O Pré-sal é um ativo muito estratégico. O apetite do mundo pelo Brasil já era grande com a Amazônia, imaginem com o Pré-sal. São coisas que devem ser levadas em consideração, mas sem paranoia”.

Haddad comentou ainda os avanços na educação na gestão Lula através da interiorização das universidades federais e dos institutos federais, a criação do Pronatec e do Prouni. Segundo ele, o número de estudantes matriculados no ensino superior saltou de três milhões para oito milhões. “São conquistas que exigem trabalho, dinheiro e vontade política”.

A partir desse viés, Haddad voltou a criticar o que ele chamou de esvaziamento das discussões e dos fóruns de Educação. “As lideranças do país na área da Educação não têm nem onde se encontrar mais, a não ser que eles decidam porque o governo não chama para discutir. Isso é pra esvaziar, pra tirar poder. É pra evitar que as pessoas discutam”. O ex-ministro da Educação afirmou ainda que a sociedade precisa estar atenta e não deixar para discutir o país somente às vésperas da eleição. “Podemos sair piores do que entramos. A eleição não é só o resultado fechado em si. É resultado de um processo”.

Os convidados lançaram provocações sobre gestão de contas públicas, meio ambiente e a relação com as minorias e o Nordeste. Haddad disse que deixou a Prefeitura de São Paulo com as contas saneadas e que o município recebeu o então inédito grau de investimento. Ele destacou ainda que as ações de mobilidade têm relação direta com a sustentabilidade na medida em que se incentiva o transporte público. O petista ressaltou que em sua gestão a cidade de São Paulo “voltou a ter zona rural” e que os povos indígenas passaram a ter duas reservas demarcadas na área do município. “Sou um paulistano que tem orgulho de gostar do Nordeste. Venho pra cá sempre com muito gosto”.

Sobre o sucessor João Dória (PSDB), Haddad evitou críticas mais ácidas mas afirmou que o tucano tem um discurso que incita as pessoas quando, por exemplo, chama a ex-presidente Dilma de “anta” em público. “Você não precisa diminuir ninguém para colocar o seu ponto de vista”. Haddad não concordou com o gesto de atirar ovos no atual prefeito de São Paulo e classificou o episódio como sendo agressivo.

IHU – Em outro momento da conversa, o professor Manoel Moraes se dirigiu ao petista citando a luta pelos Direitos Humanos a partir da vivência de Dom Helder Camara. Ele entregou a carta elaborada pelos Jesuítas sobre o atual cenário nacional. Moraes falou também sobre a Adin (Ação Direta de Insconstitucionalidade) que pretende retomar terras indígenas e de movimentos quilombolas.

“Nós, enquanto Instituto Humanitas, convidamos você a participar dessa campanha, em nome desse legado de Dom Helder e do que foi a luta do nosso irmão Dom Evaristo Arns. A vida deve ser o norte do Estado e não o mercado. Essa tem que ser a nossa luta, por dignidade, por justiça e por paz”.

Eleições 2018 – Em uma das perguntas enviadas pela plateia, Haddad foi questionado se seria o “Plano B” do PT em caso de condenação em segunda instância do ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas pela eleição presidencial do ano que vem. Haddad voltou a afirmar e a defender que o candidato do PT seja Lula.

Ele disse que está viajando pelo país, percorrendo as universidades, a pedido do próprio Lula para que colha subsídios para a elaboração de uma proposta de plano de governo. “A eleição do ano que vem tem que contar com aquele que está junto conosco desde o processo de redemocratização, que honrou as suas origens, fez um grande governo. Ele tem condições de vencer a eleição de 2018”.

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