Boletim Unicap

Discurso do Reitor na solenidade de inauguração da Sala Confúcio na Unicap

Reitor

Confira na íntegra o discurso do Reitor, Padre Pedro Rubens, proferido na manhã desta terça-feira (2), durante a solenidade de inauguração da Sala Confúcio na Unicap.

 

Se cada dia é diferente em uma universidade como a nossa, a inauguração hoje, 02 de junho, da Sala Confúcio na Católica de Pernambuco representa importante marco de ampliação de horizontes, no coração de uma cidade com vocação multicultural, expressão de um povo com sentimentos oceânicos. Esse passo de cooperação internacional com a República Popular da China é sinal de novos horizontes. Agradeço a bela interlocução com a Universidade de Pernambuco, com quem vamos exercitando não apenas uma boa vizinhança, mas também formas de concretização do consórcio de cooperação Pernambuco Universitas: quem sabe, cada uma de nossas universidades poderá ter uma sala como esta!

A ação internacional da Católica já abarca Cátedras internacionais, convênios de intercâmbio docente e discente e acordos de pesquisas conjuntas com vários países do mundo. Hoje, estamos dando um passo estratégico com o extremo Oriente, em ampla promoção do diálogo cultural e linguístico, unindo dois povos, ao mesmo tempo, tão distantes e tão próximos. A Sala Confúcio, situada no coração de nossa Biblioteca Central, estará à disposição de nossos alunos, funcionários técnico-administrativos e professores, além de público externo, para o ensino da língua e da cultura chinesa, oferecendo rico acervo didático-pedagógico e possibilidade futura de intercâmbio com esse fascinante país, um mundo a descobrir.

A Católica conjuga a grande tradição da educação jesuíta com o pioneirismo do povo pernambucano. Assim, a Unicap é “não apenas aberta à universalidade, mas uma universidade sem fronteiras” – segundo as palavras do Superior Geral Jesuíta, P. Adolfo Nicolás, quando esteve aqui em julho de 2013. Neste sentido, mais que uma parceria estratégica, essa cooperação com a China representa o desejo de construir pontes entre civilizações e alianças entre povos, exercitando tanto o respeito pela diferença quanto o desejo de abertura ao outro em sua radical originalidade. Se aprender uma língua nova é ensaiar novos encontros, mergulhar em uma cultura diferente é descobrir nossa autenticidade de brasileiros, no face a face com outros povos.

Ao falar de línguas, encontros e “aliança”, minha memória atravessa o tempo e o espaço para recordar um jesuíta, o ilustre Padre Matteo Ricci, (1552 -1610). Ricci ficou conhecido pela sua atividade missionária na China da dinastia Ming – em finais do século 15 e início do século 16. Àquela época, ele foi cognominado pelos chineses como o “Mestre do grande Ocidente“. Isto porque Ricci conquistou os chineses pelo seu grande interesse, admiração e respeito pela cultura chinesa e também pelo seu vasto saber ocidental em diversas áreas do conhecimento, como a teologia, a matemática, a astronomia, a literatura, a poesia, a arte e a música. Além disso, o Padre Ricci, quando estava em Macau em 1579, começou a compilar o primeiro dicionário Português-Chinês. O dicionário apresentava, pela primeira vez, a romanização da língua chinesa falada nos anos finais da dinastia Ming e constituiu marco cultural na documentação histórica do desenvolvimento dos estudos chineses para os países de língua portuguesa.

Aqui e agora, outro tempo, novos encontros. Genuinamente pernambucana, de inspiração cristã e tradição jesuíta, a nossa universidade quer contribuir, de forma modesta e ousada, com a própria internacionalização de Pernambuco, agregando valores e congregando novos parceiros, criando novos intercâmbios. É neste contexto que se insere a inauguração da Sala Confúcio na Católica.

Agradecendo aos nossos parceiros, renovo minha gratidão a todos aqueles que contribuíram para que superássemos as barreiras e promovêssemos esse encontro, inaugurando um espaço propício a novos encontros. Que, possamos, nesse desejo de encontrar o outro, “aprender novas palavras e tornar outras mais belas”, como dizia Carlos Drummond de Andrade. Que essa sala seja um convite ao encontro de pessoas e de culturas, dilatando o nosso coração nordestino às dimensões da China.

Muito Obrigado!

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