Boletim Unicap

Discurso do Reitor na abertura da 22ª Semana de Estudos Docentes e 5º Fórum de Funcionários aborda concepção comunitária da Unicap

“Um encontro de educadores”. Foi desta forma que o Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens, definiu a natureza da 22ª Semana de Estudos Docentes e a 5ª edição do Fórum de Funcionários. O discurso de abertura girou em torno do balanço das ações dos 60 anos da Universidade e das perspectivas que irão nortear a concepção comunitária da Universidade. Reformas administrativa e acadêmica estão em curso. Leia a íntegra do discurso logo abaixo.

 Unicap 60 anos de futuro:

construção de uma agenda comum

 

 A Unicap nasceu de um sonho coletivo, conjugando missão jesuíta e pioneirismo pernambucano. Celebramos, em 27 de setembro de 2011, o 60º aniversário da Unicap abrindo a agenda do futuro, sem deixar de reconhecer a história que nos fez chegar aqui e agora. Futuro e passado, porém, compõem a agenda de um presente que nos é dado viver aqui e agora. Pessoas como vocês, caros colegas docentes e funcionários, e tantos outros que por aqui passaram fazem parte dessa importante história.

Agradecendo a participação de Gilberto Garcia, amigo da Unicap, ex-reitor da Universidade São Francisco, ex-presidente da ABRUC e atual membro do Conselho Nacional de Educação, gostaria de convidá-lo a entrar conosco em nossa casa, usando sete chaves de acesso.

1. Temos uma tradição de Semanas de Estudos Docentes (22) e, mais recentemente, criamos o Fórum de Funcionários, hoje na sua 5ª edição. No entanto, nesse ato, inauguramos uma nova modalidade, a saber: este é o 1º Encontro de Educadores da Unicap, Docentes e Funcionários juntos. A agenda da Unicap que tradicionalmente era oferecida aos professores, em 2012, foi igualmente entregue aos Funcionários. Mais que um brinde, ela é um sinal: queremos fazer uma agenda comum. Agradeço, desde já, a participação do GT, sob a coordenação de P. Lúcio Flávio, nosso pró-reitor Comunitário, reunindo professores e funcionários na preparação de tudo o que experimentaremos nesses três dias. Muito obrigado, de coração!

Na perspectiva de uma missão educativa comum, além da busca de maior integração entre docentes e corpo administrativo, precisamos incluir mais nossos estudantes e “tirar do papel” uma nova instância já criada, a saber: o Fórum Universitário da Unicap, composto por representantes de toda a comunidade acadêmica.

2. Tradição que se renova: Celebramos 60 anos em vários momentos do ano de 2011, mas, sobretudo buscando uma renovação interna: em nome de nossa tradição, precisamos renová-la. Fazendo a memória e tomando consciência do dinamismo da Unicap, lançamos três reformas, já em curso:

– A reforma administrativa, através da mudança de equipamentos e novos modelos de gestão, tendo à frente, prof. Luciano Barros, pró-reitor Administrativo e toda sua equipe; grande parte do setor administrativo ocupa-se de projetos, convênios e parcerias;

– A reforma acadêmica, revendo as matrizes curriculares, criando novos cursos e estudando novas demandas e oportunidades; à frente, temos prof. Aline Grego, pró-reitora Acadêmica, com os coordenadores gerais, diretores de centros e coordenadores de cursos;

– Estamos em curso também de uma nova configuração da Pró-reitoria Comunitária, tendo à frente prof. Lúcio Flávio; o tema desse encontro faz parte da tomada de consciência e busca de nova significação da dimensão comunitária da Unicap.

Essas mudanças estão refletidas no novo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI 2011-2016) e implicarão em uma nova interpretação e uma nova formulação de nossa Carta de Princípios (datada de 1995), na busca da Identidade e Missão da Unicap.

Seguirei adiante as cinco características que pautam a nossa “Carta de Princípios”, a serem repensados em conjunto:

3ª chave para entrar em nossa realidade: “Somos uma universidade que aspira à melhor qualidade”

– 1951: nasceu da antiga Faculdade Nóbrega, uma universidade voltada para trabalhadores e para as necessidades da região, com subvenção do Estado Federal;

– Nos anos 80: diminuição das subvenções estatais e aumento das exigências, gerando muitos conflitos; projetos e ajuda internacional, sobretudo de instituições ligadas à Companhia de Jesus (Jesuítas);

– Nova Constituição (1988) e Nova LDB (1996): reconhecimento, mas com novas exigências;

– Anos 90: investimentos na formação de professores, seguidos de incremento da Pesquisa como projeto institucional; surgimento dos primeiros mestrados; muita ajuda e cooperação internacional;

– 2009: enfim, aprovamos o 1º doutorado, em Psicologia!

– 2010: conceito 4 (escala de 1 a 5): universidade de qualidade!

– Maior desafio: articular qualidade acadêmica e sustentabilidade financeira;  – — Criação do Fórum de Gestores, reunindo todos os que têm funções na Unicap.

4ª chave: Universidade Católica, isto é, “inspirada na visão cristã do mundo e do ser humano”

– Desde os projetos de cursos aos trabalhos de Extensão, buscamos interpretar o sentido da “catolicidade” da Unicap;

– Novo desafio, novas perspectivas: Parceria com a Arquidiocese de Olinda e Recife, de Afogados da Ingazeira, Palmares e Nazaré da Mata (Regional NE II), bem como com outras congregações religiosas: formação específica dos seminaristas, religiosos e religiosas, nos estudos de Filosofia e Teologia;

– Consolidação e reconhecimento da parceria e intercambio com mais de 200 universidades da Federação Internacional de Universidades Católicas (FIUC): em 2011, recebemos a maior condecoração da FIUC, a Medalha Ex Corde Ecclesiae (de 200 Instituições da rede FIUC, somos a 19ª a receber essa medalha).

5ª chave: “Uma universidade na tradição da Companhia de Jesus”

– Não somente a presença dos jesuítas, mas uma marca do carisma que nasce da experiência dos Exercícios Espirituais (muitos fizeram essa experiência);

– Criamos o Fórum permanente “Identidade e Missão” para aprofundar e reinterpretar essa característica da Unicap;

– Marco desses últimos anos: a criação do Instituto Humanitas Unicap para colocar em diálogo os vários saberes em busca de novos humanismos; é o “anti-setor” da Unicap, buscando transversalidades, novas relações internas e também parcerias com a sociedade, no debate de vários temas e na realização de eventos e projetos transdisciplinares;

– Reforçando a marca da educação jesuíta, temos uma parceria afetiva e efetiva com a Fundação Fé e Alegria do Brasil, movimento de educação popular da Companhia de Jesus; destaque-se que somos a 1ª e a única universidade a ter esse tipo de relação no Brasil;

– Novo sinal 2012: a vinda do Juniorado, etapa da formação dos novos jesuítas do Brasil, para a Unicap. Além da mudança de endereço (de João Pessoa para o Recife), o novo Juniorado do Brasil na Unicap muda de metodologia e de perspectiva, proporcionando aos jovens jesuítas uma “experiência de iniciação ao mundo e aos estudos universitários”. Bem-vindos sejam os jesuítas da equipe de formação do Juniorado e os 13 jovens jesuítas à essa nova experiência, em nossa universidade e em nossa cidade!

6ª chave de acesso: uma “universidade nordestina

– Renovamos a nossa identidade com a cultura e região Nordestina, expressa na logomarca, a “Asa Branca”, escolhida há alguns anos pelo Pe. Ferdinand Azevedo, estilizada por um artista e recriada em 2006, junto à nossa equipe de comunicação, para assumir um perfil mais jovial;

– Vários grupos culturais e outros projetos de curso, extensão e pesquisa refletem essa marca regional;

– Mas o Nordeste mudou com o Brasil e temos que repensar o papel da universidade nesse contexto novo, pleno de oportunidades, mas também de impactos e desafios que devem ser refletidos criticamente;

– Novo grande desafio: inserir nossa região no cenário nacional e internacional: queremos participar da mundialização, assumir seus desafios e desenhar novos modelos, com os nossos valores.

e última chave: somos uma universidade “comunitária”

No ano em que foi elaborada nossa Carta de Princípios, em 1995, foi também criada a Associação Brasileira de Universidades Comunitárias, ABRUC, da qual P. Peters e Frei Gilberto foram Presidentes e, atualmente, estou na vice-presidência. De 1995 para 2011, muita água passou pelas pontes do Recife… Destaco pelo menos três aspectos:

– Primeiro, a Unicap é comunitária pela natureza jurídica que nos distingue das estatais e das particulares; as IES comunitárias são garantidas pela Constituição de 1988, mas ainda não gozam de um “marco regulatório” que assegurem uma maior participação nas políticas públicas; mas somente o fato de existir este “3º setor” implica uma crítica ao sistema educacional brasileiro, excludente e gerador de desigualdades; postulamos a educação como “bem público”, acessível a todos, sobretudo aos trabalhadores (o pioneirismo nos cursos noturnos indicam esta opção) e empobrecidos (vários sistemas de bolsas);

– Em segundo lugar, somos uma instituição comunitária porque temos uma perspectiva voltada para a comunidade local, a cidade e a região; não apenas os cursos são criados segundo as grandes demandas do Nordeste, quanto à relação desses cursos mantém o contato com a realidade, sobretudo da região metropolitana do Recife; tal inserção local implica igualmente a universalização dos saberes, a participação do Nordeste no Brasil e a participação de nosso país no processo de globalização; a Unicap é parte de uma rede de mais de 200 universidades católicas, nas diferentes regiões do mundo;

– Somos, enfim, universidade comunitária, porque ousamos crer que as nossas relações de trabalho apontam para uma missão comum e um projeto coletivo; na perspectiva ad intra, importa construir uma comunidade acadêmica que respeite as diferenças, inclusive a que persiste entre professores e funcionários; na perspectiva ad extra, acreditamos que a educação de qualidade é uma forma de inclusão social, autonomia e participação na construção de uma sociedade sustentável. Nesse passo, merece destaque a transformação do antigo Liceu de Artes e Ofícios em Liceu Nóbrega: mais que mudar o nome, transformamos o vínculo com o Governo do Estado e criamos um novo colégio de aplicação. Esse projeto seria impossível sem pessoas como a incansável Zélia Correa, diretora do Liceu.

Portanto, depois de vários fóruns menores, confirmamos a importância de levantar a questão da identidade e missão de uma universidade comunitária como a nossa, neste três dias de Encontro de Educadores. Todos somos, pois, convidados a descobrir, aprofundar e a construir esse conceito, a partir da experiência e suscitando novas vivências.

Retomo, enfim, para concluir, a passagem do poeta recifense Carlos Pena Filho, que parafraseei durante os 60 anos da Unicap: “é dos sonhos das pessoas que uma universidade se reinventa”. Reinventemos nossa missão, a partir da mediação que esta universidade nos oferece e reinventemos a Unicap como lugar de nossa participação na Sociedade, buscando alternativas para os grandes problemas e ensaiando novos humanismos. Reafirmemos juntos a nossa missão primeira de educadores, aquela que não envelhece com o tempo, que pode ser traduzida na expressão: buscar a qualidade acadêmica visando à excelência humana.

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