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Diplomacia espacial e a preservação do “meio ambiente espacial” será tema de palestra na Católica no dia 5 de junho

Diplomacia espacial, preservação do “meio ambiente espacial”.  O tema não é dos mais conhecidos, é pouco debatido em nível mundial, porém já pode ser considerado uma tendência, já que o “espaço sideral” vem sendo cada vez mais ocupado e, podemos – sim – dizer, degradado. Quem afirma e estuda as consequências dessa “conquista dos céus” é o pernambucano Elias de Andrade Jr., especialista e pesquisador na área de política espacial, que desde 2012 atua com delegações diplomáticas brasileiras nos comitês da ONU sobre os usos pacíficos do espaço exterior. Na próxima segunda-feira, 05/06, ele estará na Unicap, às 17h30, para uma palestra para alunos de Física e de cursos afins.

“Sessenta anos depois do Sputnik 1, as atividades espaciais se tornaram uma indústria robusta com outros atores de países em desenvolvimento, como universidades e grupos privados, que estão dominando uma área que antes era exclusivamente financiada por governos desenvolvidos”, explica Andrade. “Essa mudança de paradigma expõe conflitos de interesses políticos, econômicos e jurídicos, que têm por um lado trazido grandes benefícios para nossa vida na Terra, mas por outro, possui capacidade de uso-duplo, ou seja, para fins pacíficos e não pacíficos. O objetivo deste seminário é expor para os participantes o contexto desses assuntos espaciais no setor da economia, política e de direito internacional. O tema é debatido em nível mundial pelo comitê da ONU só para isso. Mas ele é pouco exposto pela mídia”, completa.

Nascido no Vasco da Gama em 1985, Elias Andrade apesar de tão jovem já percorreu um caminho enorme pelo mundo afora estudando o que passa bem acima de nossas cabeças. Saiu do Brasil em 2006 para os Estados Unidos, onde estudou Ciências das Artes em Astronomia e Geologia, seguindo para a Universidade de St. Cloud, em Minnesota, onde concluiu o bacharelado em Filosofia, Sociologia, e Estudos Globais (Relações Internacionais). Em 2011 ganhou uma bolsa do consórcio da União Europeia, Erasmus Mundus Global Studies – Uma Perspectiva Europeia e partiu para estudar em Viena, na Áustria.  Lá ele se tornou um especialista em assuntos de diplomacia espacial. Desde 2012, tem sido membro das delegações Brasileiras na ONU, particularmente nos Comitês da ONU sobre os Usos Pacíficos do Espaço Extraterrestre.

Após concluir o mestrado em Viena e com o sucesso da sua dissertação, Elias foi o único de um país em desenvolvimento a ganhar uma bolsa completa para realizar o grande sonho de muitos que desejam ter uma educação na área espacial: estudar na Universidade Internacional Espacial (ISU, sigla em Inglês), a única no mundo e mais famosa do ramo. Com a bolsa, Elias fez especializações em Montreal, no Canadá, e outro mestrado em Ciências e Estudos Espaciais em Estrasburgo, na França, concluído em dezembro de 2015.

Em dezembro de 2016, Elias publicou seu primeiro livro, sua tese de mestrado, sobre um dos maiores e mais polêmicos problemas no espaço: o lixo espacial. Tal lixo é derivado das atividades humanas e objetos criados pelo homem e enviados ao espaço. “A criação desse lixo, às vezes proposital, às vezes acidental, tem sido maior que nossa possibilidade de limpá-lo. Contudo, os problemas em volta desse material mostram que há uma disputa política global entre grande potências espaciais como EUA, Rússia e especialmente a China, que refletem outras disputas militares e econômicas entre si”, afirma.

Além de alguns projetos espaciais comerciais e educativos no Brasil e no mundo, Elias pretende alertar o grande público sobre o problema do lixo espacial. Com o alerta, o público pode pressionar governos a adotar medidas políticas para prevenir e remediar o lixo, prolongando assim um maior acesso ao espaço. “O acesso ao espaço que mal vemos, porém do qual cada um de nós tanto depende – para o uso de satélites para nos comunicar, monitorar o clima, a terra, e facilitar nossas vidas no planeta – está à beira de um colapso. Lá existem milhares de pedaços de objetos flutuando a velocidades acima a do som, representando um perigo à vida de astronautas e satélites em funcionamento”, avisa Elias Andrade que, além desta palestra na Unicap, está fechando uma agenda com outras universidades de Pernambuco e de outros estados brasileiros.

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