Colação de grau dos formandos em Direito revela histórias de luta e determinação
Era o último dia para a entrega da documentação exigida pelo Prouni. Burocracia e correria que mobilizaram os pais de Emmanuel Ribeiro Mesquista. A conquista de uma bolsa no Programa Universidade Para Todos foi apenas o primeiro passo de uma vitória ainda maior. Cinco anos depois, a família inteira estava reunida no Centro de Convenções de Pernambuco relembrando a luta e celebrando a conquista da formatura dele em Direito. “O Prouni é um importante meio de inclusão social para que pessoas de baixa renda tenham acesso a uma graduação de qualidade”, disse Emmanuel ao se referir à “tradição e à referência do ensino jurídico da Católica”.
“Essa realização devemos ao Prouni”, festejava o pai de Emmanuel, o contador Evandro Mesquista. A família pretende conseguir uma outra bolsa. Dessa vez para o caçula Luccas no curso de Medicina. Também na Católica. A Universidade aderiu ao Prouni 100 % desde a criação do programa. A mãe de Luccas e Emmanuel, dona Elisamar Ribeiro, era só orgulho pela dedicação e determinação do filho mais velho. “Ele renunciou a muita coisa. No Carnaval íamos à casa de praia e ele sempre ficava estudando. É muito gratificante viver este momento”. A honra de entrar no Teatro Guararapes foi concedida a avó Creuza Mesquita, 78 anos. “Estou muito feliz e orgulhosa por ele me dar esse prazer de entrar com ele”.
Ao lado da noiva, Emmanuel contava os plano para o futuro. “Neste primeiro momento quero advocacia privada para ganhar experiência, mas quero atuar no Ministério Público Federal ou na Defensoria Pública da União”, disse o bacharel já aprovado no exame da OAB. Certamente vai colocar em prática o que aprendeu durante a monitoria de Direito Penal 2 com a professora Marília Montenegro.
A alegria dos Ribeiro Mesquita logo se juntou a dos Castanha de Albuquerque e de tantas outras famílias que lotaram o Teatro Guararapes. Vanessa recebeu de sei pai, Carlos, o anel de formatura. Não era um anel qualquer. Foi o que pertenceu ao avô dela. Uma jóia de 50 anos. Não era uma data qualquer. Era aniversário de seu Carlos. “Deus teve outros planos para seu avô e ele não está mais entre nós. Mas ele prometeu esse anel para o primeiro neto que se formasse em Direito. E foi você, Vanessa. Te amo muito filha”. Entre aplausos e lágrimas, os padrinhos entregaram os anéis aos seus formandos. 
O discurso do orador Sérgio Ricardo Torres Buarque também emocionou. “É tempo de seguir para o que vem a frente. Não podemos deixar nada nos deter para dar os primeiros passos. Nossos estudos nos ajudarão a encontrar as oportunidades que merecemos”, dizia um trecho de sua fala. O tom de reflexão também norteou o discurso da diretora do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), Profª. Drª Maria Luiza Ramos. “Ser profissional é amar e acreditar no que faz. É estudar sempre para se atualizar. É ser persistente”. Em outro trecho, Maria Luiza falou sobre ética. “Ser ético é proceder dentro de padrões, não prejudicar o próximo”.
Em seu pronunciamento, o Reitor da Católica, Padre Pedro Rubens, falou sobre crises e incertezas. Usou como exemplo a história de um ex-aluno do Liceu Nóbrega e de Arquitetura e Urbanismo da Católica, Ednailton Félix. Depois de muito sacrifício e persistência, o menino de família de baixa renda realizou o sonho de estudar na França. Há um ano concluiu o máster que o habilita a trabalhar como arquiteto em qualquer país da Europa. Padre falou ainda sobre da responsabilidade social dos formandos em Direito: “Que vocês ajudem a trazer a justiça para mais perto do povo e contribuam no resgate do direito de sonhar com um mundo mais justo”.
Solenidade – O momento ecumênico foi celebrado pelo Padre Christiano Souza (professor da Unicap) e pelo Pastor Flávio Germano. Houve ainda show do MPB Unicap com participação de um grupo de maracatu. O juramento unificado foi conduzido pela formanda Camila Moura Oliveira. Ela foi a laureada da turma com a média 9,24.
