Clínica de Psicologia promoveu roda de conversa sobre felicidade na terceira idade
|A população idosa brasileira está crescendo de forma exponencial, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. De acordo com o Censo de 2018, a população com mais de 60 anos, que em 2017 era de 28 milhões, passará a ser de 57 milhões, em 2042. Com base nessas informações, o curso de Psicologia, por meio da Clínica de Psicologia e do Serviço de Intervenção Cognitivo-Comportamental – SICC, realizou na quinta-feira, dia 23 de maio, na Sala Multiuso, do bloco D, a Roda de Conversa com o Prof. Dr. Spencer Júnior (UPE), com o tema “É possível ser feliz na Terceira Idade?”
O Prof. Dr. Spencer Júnior possui mestrado em Psicologia Clínica, pela Universidade Católica de Pernambuco, Unicap (2006); doutorado em Neuropsiquiatria pela UFPE, e pós-doutorado em Ciências da Saúde, pela Faculdade de Medicina do ABC – São Paulo. Atualmente é Professor Adjunto da Universidade de Pernambuco, UPE, palestrante, sobre este tema, reconhecido local e nacionalmente e autor de várias obras.
Em sua palestra, o professor falou, que ao pesquisar em seu pós-doc a temática da felicidade, constatou que o tema virou um produto da indústria publicitária, em que o idoso se tornou um nicho de mercado, na qual se explora o conceito de felicidade como negação do sofrimento e das experiências das perdas pessoais, ou ainda da não submissão ao processo de envelhecimento.
“Nós temos observado que a felicidade virou um produto da indústria publicitária e o idoso virou um nicho de mercado, onde se explora o conceito como se fosse algo antivida, ou seja, como que ser feliz é não sofrer ou não passar por experiências de perdas. Envelhecer tem suas dores, suas angústias, suas falhas, suas faltas e não é como está sendo vendida a ideia de super idoso, cheio de superpoderes, fazendo com que os idosos se projetem numa perspectiva que eles não conseguem realizar no seu dia a dia. Resgatar a perspectiva existencialista, que fica subsumida, negada, diante do nosso grande trauma frente à vida, que é a morte. A subjetividade trabalhada pela publicidade é de um idoso imune aos eventos próprios da vida, próprios do envelhecimento. Ao contrário dessa subjetividade, é a consciência e a convivência com esses eventos que dá resiliência, um fortalecimento e um sentido para a vida”, explica professor Spencer Júnior.
Para a coordenadora geral do Serviço de Intervenção Cognitivo-Comportamental – SICC, Profa. Dra. Suely Santana, é importante trabalhar essa temática na academia, principalmente na formação dos profissionais que vão atuar na clínica e atender uma população que não costumava procurar atendimento e agora passa a buscar o serviço.
“Para a Psicologia, o trabalho com idoso está sendo uma demanda crescente. É muito importante saber que é um desafio para a nossa formação atender na clínica uma população que há 10, 20 anos não chegava, necessariamente, à clínica. Com o aumento da expectativa de vida, novos desafios têm chegado a área clínica. Hoje em dia a gente tem uma demanda muito grande de idosos em busca de trabalharem questões adaptativas e desafiadoras nessa fase da vida. Por esse motivo, o SICC propôs a Roda de Conversa, coordenada pelo professor Evandro Lima, para discutir esse tema com os alunos e profissionais de psicologia”, destaca professora Suely Santana.
“A Universidade Católica de Pernambuco conta, há alguns anos, com um trabalho desenvolvido pela Profa. Dra. Cristina Brito, em parceria com a Profa. Dra. Cirlene Silva, no curso de Especialização em Gerontologia, que fomentou um Projeto de Extensão na Clínica de Psicologia, denominado Serviço de Atenção ao Idoso – SAI, no qual se atende a variadas demandas dessa população. Também, a Terapia Cognitivo-Comportamental tem se debruçado, nos últimos anos, sobre essa temática, buscando propor intervenções em grupo e individual que atendam as especificidades dessa faixa etária”, conclui a professora Suely Santana.
No final, foi sorteado um exemplar do livro “Idosos: perspectivas do cuidado”, organizado pelo palestrante Spencer Júnior. O contemplado foi o psicólogo da Clínica da Unicap, João Victor.