Cláudio Marinho faz palestra de abertura da Semana de Integração sobre cidades amigáveis
|“O Brasil é um país urbano e de classe média”. Foi assim que o ex-secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco Cláudio Marinho iniciou a palestra de abertura da Semana de Integração da Unicap. Em sua fala, apresentou o conceito de playable cities e desconstruiu o modelo de cidade que vem sendo empreendido no Recife. O evento foi realizado na noite desta segunda-feira (20), no auditório G2.
Trazendo para o português, playable cities significa, literalmente, cidades amigáveis. Trata-se de um processo que valorize o espaço urbano e a sua relação com o cidadão. Esse projeto vem sendo realizado no Recife há alguns meses em uma parceria entre o Porto Digital e a cidade de Bristol, na Inglaterra.
Tomando como ponto de partida o discurso inicial do Pró-reitor Comunitário, Padre Lúcio Flávio Cirne, Cláudio Marinho mencionou o olhar sobre a cidade e a necessidade de criar o espaço urbano que queremos. Ao exibir obras do holandês Franz Post, o palestrante relembrou o caráter poético e histórico das cidades do Recife e de Olinda. Em seguida, apresentou dados sobre o acelerado processo de urbanização e verticalização no Brasil, e mencionou o caráter competitivo entre as cidades, que acarreta graves problemas sociais referentes à violência urbana e distribuição de renda nas grandes cidades.
Apesar de trazer dados preocupantes, é possível perceber um recente crescimento – e por que não dizer uma volta – do paisagismo, do bairrismo e da popularização da luta pelo direito à cidade na capital pernambucana. Ao tratar do processo de verticalização desenfreado, Cláudio Marinho trouxe exemplos de críticas ao setor imobiliário, tanto na sociedade como na arte; como o filme O Som ao Redor (do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho), que critica a forma como o a sociedade se relaciona com o meio urbano – cíitica também presente no filme A Febre do Rato, de Cláudio Assis – e acima de tudo, o Movimento Ocupe Estelita, que “representou um avanço significativo na discussão das cidades”, afirma o ex-secretário de Ciência e Tecnologia, que continua: “Na construção da cidade que queremos, não pode haver uma dicotomia entre o interesse econômico e o interesse social”.
De forma geral, a palestra mostrou ao público a necessidade do reapropriamento e a reutilização dos espaços públicos por parte da sociedade. Além da importância de reavaliar a forma como nos relacionamos com a nossa cidade e como podemos construir o espaço urbano cidadão que queremos.