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Legado de Fernando Coelho para o Brasil é destacado em missa de 7º Dia

A comunidade acadêmica, parlamentares, familiares e amigos se reuniram, na noite da última terça-feira (30), no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora de Fátima, para celebrar a missa de 7º Dia em memória do advogado, ex-deputado federal e ex-professor do curso de Direito Fernando Coelho.

Com um legado em defesa da justiça social e uma forte referência por sua bravura em enfrentar a ditadura militar, Fernando Coelho é lembrado por todos que o conheceram. Tendo inúmeras qualidades, uma das mais destacadas foi a de ser amigo dos amigos. Fazia questão de reunir todos ao seu redor, para mostrar o quanto era importante a união dos amigos e colegas de trabalho sempre transparecendo seu ofício com distinção, mostrando sempre ser correto e legalista, fiel aos seus princípios democráticos.

Ricardo Coelho, filho de Fernando, recorda de como o pai foi importante na política, tendo sempre voz ativa e uma excelente atuação, principalmente no período da ditadura militar, quando teve a coragem de abandonar uma advocacia próspera para se candidatar a deputado federal.

Assim como foi vice-presidente nacional do único partido de oposição, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), presido na ocasião por Ulysses Guimarães. Por muitas vezes, Fernando Coelho fez vários discursos no Congresso denunciando torturas, desaparecimento de militantes de esquerda, que eram perseguidos e mortos pelos agentes da ditadura militar.

 

Após sair da política, continuou militando. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), posteriormente coordenou a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara, que realizou o trabalho de pesquisa e investigação para que os crimes praticados pela ditadura militar no estado de Pernambuco fossem devidamente esclarecidos. O trabalho foi tão elogiado que  a Comissão da Verdade de Pernambuco chegou a ser considerada a melhor do Brasil.

O Prefeito do Recife, Geraldo Julio, esteve presente e destacou a trajetória de Fernando Coelho. “Conhecido por lutar pela democracia nos tempos mais duros que o Brasil viveu na ditadura militar e, como deputado federal, sempre defendeu a democracia e a liberdade, querendo que o povo brasileiro pudesse votar a viver em uma democracia. Essa luta dele foi muito importante para a redemocratização do país, para que nossa geração pudesse receber o país em democracia. Aliás, democracia que está tão ameaçada hoje em dia. Doutor Fernando teve um papel muito importante como presidente da Comissão Estadual da Verdade,  que elucidou e trouxe a tona vários fatos que estavam escondidos na obscuridade da ditadura militar e que foram esclarecidos no trabalho presidido por ele.

Presenciamos recentemente o governo federal tentar comemorar  a tortura, execuções e os exílios, e essa é uma parte da história que não deve ser comemorada, porém não deve ser esquecida. Deve ser registrada, e a Comissão da Verdade fez isso: registrou e apurou os fatos. O trabalho de Doutor Fernando, tanto durante o processo de redemocratização, como agora, no registro das atrocidades que a ditadura cometeu, foi fundamental para a história e legado dele. Que a referência de Doutor Fernando sirva de inspiração para as pessoas das próximas e dessa geração e que possam ter posições políticas firmes e claras, sempre a favor da liberdade e democracia.”

 

Recordando os feitos realizados por seu pai, Fernando Coelho Filho relata a importância que ele teve na luta para que Olinda tivesse o titulo de patrimônio histórico da humanidade. “Ele trabalhou para que Olinda se tornarsse cidade-monumento, podendo pleitear junto à Unesco o titulo de patrimônio histórico da humanidade”, ressaltou.

“Fernando Coelho deixou um legado de uma pessoa que lutou pelo Brasil. Foi um homem de quem nos orgulhamos, deixando um legado que inspira, que é um exemplo para as gerações que vão suceder a dele. Estamos todos tristes por sua partida.”

 

No meio acadêmico, o coordenador da Cátedra Dom Helder Camara, Manoel Moraes, ressalta a importância de Fernando Coelho. “Nesse dia, celebramos a páscoa de Doutor Fernando, cuja história politica se confunde com a redemocratização do Brasil. Foi um defensor dos direitos humanos, um advogado brilhante, professor da Universidade Católica de Pernambuco e, como pessoa, antes de tudo deixou um legado de defesa da dignidade humana, de solidariedade. E aqui, com a igreja lotada, todas as pessoas reunidas vêm celebrar nessa data as saudades de um homem íntegro, de um político sincero e honesto. O Brasil ficou menor com a partida Doutor Fernando mas, ao mesmo tempo, ele vive nesse legado da defesa dos direitos humanos, do direito como instrumento de emancipação da sociedade.”

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