Boletim Unicap

Católica sedia encontro do Provincial Jesuíta do Brasil com a Área do Ensino Superior da Companhia de Jesus

A Universidade Católica de Pernambuco sedia, nesta quinta-feira (13) e sexta-feira (14), o Encontro do Provincial Jesuíta do Brasil, Padre Carlos Palacio, com a Área do Ensino Superior da Companhia de Jesus no Brasil. Participam do encontro 22 jesuítas e leigos representando as seguintes instituições: a anfitriã Unicap; Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos; Centro Universitário da FEI, Unifei, em São Bernardo do Campo; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC Rio, e a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Faje, de Belo Horizonte.

O objetivo do encontro, que é o sétimo já realizado este ano, é uma consulta do Provincial Jesuíta do Brasil sobre a mudança de perspectiva e de atuação das Instituições de Ensino Superior, como corpo apostólico, em resposta ao contexto local, no horizonte da construção da única Provícia Jesuíta no país.

O encontro, que está sendo realizado no Espaço Loyola, no térreo do bloco B da Unicap, começou às 8h30 com uma oração e, em seguida, o Padre Palacio cumprimentou os presentes e falou dos objetivos da reunião. Na dinâmica, o Provincial dividiu os presentes em quatro grupos para refletirem e apresentarem suas conclusões sobre a seguinte pergunta: Tendo presente essa mudança de paradigma, quais suas implicações para a Área do Ensino Superior?

Após uma hora e meia de reunião dos grupos, os integrantes do encontro se reuniram novamente para apresentarem suas conclusões.

Acompanhe abaixo as colocações dos grupos:

Grupo 1

  • Somos uma universidade comunitária, jesuítica, mas somos, antes de tudo, UNIVERSIDADE. Como universidade jesuítica, temos uma identidade que nos distingue das demais. Nossas universidades estão em fronteiras geográficas estratégicas do Brasil.
  • Fronteiras do Público/Privado, das classes sociais, da geografia, missão e trabalho, dos setores da Companhia.

Sintetizando:

  • A Companhia de Jesus deve participar, através de suas universidades, da discussão dos grandes desafios brasileiros.
  • No paradigma da sociedade do conhecimento, a universidade é um espaço de diálogo com a sociedade brasileira. Se perdemos isso, a Igreja e a Companhia serão alijadas da construção de uma sociedade justa, inclusiva e democrática. Ou seja, transformar as pessoas e realidade através do conhecimento. Essa é uma maneira eficaz de inclusão social.
  • Qual seria a nossa contribuição prática imediata? Podemos contribuir para a missão da Companhia do Brasil porque temos a experiência de integrar setores, tendo em vista que a universidade tem a missão de realizar ensino, pesquisa e extensão. Tudo isso deve ser informado pelas grandes exigências da Companhia de Jesus: serviço da fé, promoção da justiça, diálogo intercultural e interreligioso.

Grupo 2:

  • Autonomia (considerações): a Universidade se orienta dentro de um ritmo e lógica próprios, com especificidade e dinâmicas próprias e regularizadas (MEC, Capes, etc). O ensino superior já tem uma grande caminhada de articulação tanto a partir da legislação nacional, quanto dos apelos e iniciativas da Companhia (Ausjal, orientações da Companhia Universal). A ideia de plataforma não deve interferir nesta autonomia, ou seja, não se pode fazer da universidade espaço paroquial.
  • Novo paradigma (plataforma); A própria ideia de Universidade, dentro da legislação brasileira (ensino, pesquisa, extensão), vai muito ao encontro de ideia da plataforma. A novidade mesma estará numa maior integração entre o trabalho dos jesuítas. As universidades podem ajudar na própria elaboração do conceito de plataforma do (conteúdo e metodologias) colaborando no fortalecimento de nossas concepções e engajamentos (ganho de profundidade); pensar no continuum educativo na formação das pessoas (capital humano).
  • Três grandes contribuições: contribuição no sentido geográfico (universidade está inserida localmente, mas relacionada em âmbito universal); contribuição no sentido da articulação (potencialidade articuladora da universidade); contribuição no sentido da missão propriamente (a universidade tem condições de ajudar na universalidade e profundidade) e, neste ponto, devemos estar muitos atentos a que sociedade queremos, que sujeitos e que educação se necessita.
  • É importante que cada instituição de ensino superior procure ver a sua melhor forma de ajudar a avançar na proposta.

Grupo 3:

Desafios:

  • Como compartilhamos nossa experiência espiritual com colegas que não são de nossa tradição espiritual? Como abrirmos nossa semântica para os que trabalham conosco, e aprendermos a trabalhar transversalmente, segundo uma visão sistêmica, nas várias áreas da academia e entre as academias?
  • Um de nossos desafios é mostrar a diferença de nossa identidade (nem federais, nem “privadas”), mas “comunitárias”, que só alcançam reconhecimento trabalhando acima da média das grandes instituições financiadas pelo governo (federais). Um de nossos desafios é pensar modos alternativos para alcançar a autonomia financeira.

Mudanças:

  • O processo de integração da missão já encontra nas IES um movimento da reconfiguração do modo como compreendemos, por exemplo, a relação de graduação e pós-graduação, o papel do professor na educação etc. No entanto, os prazos restritos são perigosos, pois mudanças de paradigma levam tempo. A questão é, pensando agora no contexto da estruturação da missão do Brasil: qual é o novo paradigma, quais são as suas etapas, qual a lógica desse processo? Mudanças de paradigma levam vários anos.
  • Quais são as grandes perspectivas de nossas universidades para as próximas décadas e como integrá-las numa política efetiva de apoio mútuo e de integração regional? Promover planejamentos estratégicos comuns, por exemplo: a) projetos de integração dos trabalhos sociais numa região; b) integração das universidades para repensar seus cursos: currículo, metodologia.
  • Para discernir o processo da missão ainda nos falta um estudo de cenários da Companhia, da Igreja e da Sociedade brasileiras. E ao mesmo tempo fazer o nosso planejamento estratégico, por exemplo: como queremos ser vistos (= o que queremos expressar de nós ou como queremos nos recriar) daqui a dez ou vinte anos? Quais são as etapas e estratégias que devemos utilizar? Quais são os sujeitos dessa nova missão e como formá-los? Um exemplo de nossa intervenção social e de nossa visibilidade num mundo de tendências individualistas: a criação de projetos para a promoção da solidariedade na sociedade (voluntariados); o treinamento de lideranças.

Grupo 4:

  • O novo paradigma vai contribuir para que haja maior colaboração em nível de plataforma, construindo um corpo apostólico a serviço da missão comum.
  • Em nível de área do Ensino Superior sua contribuição nas ações das plataformas poderia ser grande qualidade, porém se pensa em Brasil, em termos de incidência, o trabalho em comum entre as obras dessa área parece ao grupo mais importante e privilegiado.
  • Neste sentido vê-se a necessidade de traçar para essa área específica certos valores, princípios e opções comuns que norteariam a ação das instituições dessa área, além de estabelecer parcerias em projetos comuns.
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