Boletim Unicap

Católica sedia abertura do I Retábulo Cultural Osman Lins

A Universidade Católica de Pernambuco foi palco do I Retábulo Cultural Osman Lins – A árvore, um ponto, um grão: 40 vezes a face do desenho, na noite desta quarta-feira, dia 15/08, no Auditório Dom Helder Camara, no térreo do bloco A. O evento, que acontece até sábado, dia 18, marca os 40 anos da morte do escritor pernambucano, natural de Vitória de Santo Antão.

Segundo um dos organizadores do evento, o vice-presidente do Instituto Cultural Osman Lins, ICOL, e professor do curso de Letras da Católica, Robson Teles, o objetivo do evento é divulgar, aqui no Estado, o escritor que é mundialmente e nacionalmente conhecido. “Osman Lins é um pouco estrangeiro em Pernambuco. Ele é mais conhecido pela produção de “Lisbela e o Prisioneiro” e, por esse motivo, a presidente do ICOL e filha do Osman, Ângela Lins, e eu decidimos fazer esse evento aqui no Recife para divulgar e quebrar essa coisa de ele ser estrangeiro no estado em que nasceu”, explicou o professor Robson Teles.

A abertura do evento foi realizada pelo Pró-reitor de Graduação e Extensão, professor Degislando Nóbrega, que também representou o Reitor Padre Pedro Rubens, na ocasião; pelo Diretor do Centro de Teologia e Ciências Humanas, CTCH, professor Danilo Vaz-Curado; pela coordenadora do curso de Letras, professora Flávia Ramos; e pela pesquisadora do Grupo de Estudos Osmanianos, POSLT-TEL, da Universidade de Brasília, UnB, Elisabeth Hazin.

“Para a gente é um motivo de muita alegria poder ancorar, quer dizer, ser vetor dessa memória do escritor Osman Lins”, ressaltou o Pró-reitor em sua saudação aos presentes. Em seguida, destacou o título do evento. “Achei muito interessante Retábulo, que evoca muita coisa, sacralidade, arte, transcendência, evoca o dito e o não dito, que fica na imaginação. Então, é nessa perspectiva que eu desejo que o evento seja muito virtuoso, à altura daquilo que seu título evoca e que a sacralidade da contribuição do escritor seja ressaltada e saboreada nesses dias de aprofundamento”, frisou.

O Diretor do CTCH, professor Danilo Vaz-Curado enfatizou a honra em receber o evento neste ano jubilar, no qual a Universidade completa 75 anos e tem o curso de Letras como um dos fundadores da Unicap. “O curso de Letras tem uma relação muito próxima da biografia de Osman Lins, um escritor local que tem uma abrangência internacional. O nosso curso, posso dizer sem medo de ufanismo, já tem desde o seu nascedouro até os dias de hoje um protagonismo de propor um curso de Letras com línguas germânicas, francês, o espanhol e o inglês, isso em um momento em que pouco se pensava sobre o assunto no Estado de Pernambuco. Para nós, esse evento sobre um escritor de Vitória de Santo Antão, que está no mundo todo merecidamente, é uma alegria”, destacou professor Danilo Vaz-Curado.

A coordenadora do curso de Letras, professora Flávia Ramos, agradeceu às instituições parceiras e falou da felicidade de abrir o evento. “Nós estamos abrindo o I Retábulo Cultural Osman Lins e estamos muito felizes e honrados em poder proporcionar isso. Agradecemos ao professor Robson Teles, que é o vice-presidente do ICOL, por instigar a coordenação a sempre sonhar com algumas ideias que ele tem e perspectivas que ele busca. É sempre um desafio para a coordenação, mas não podíamos ficar de fora desse evento sobre o escritor Osman Lins, que tem tanta relevância para o Brasil e para o mundo”, agradeceu professora Flávia Ramos.

A professora Elisabeth Hazin, uma das organizadoras do evento, disse que está de volta ao Recife após 35 anos e que está muito feliz em participar da inauguração do Retábulo Cultural ligado a Osman Lins. “Esse Retábulo, com o título de primeiro sugere que haverá outros, a gente espera. O Retábulo, no caso de Osman, nos fez pensar na junção de coisas diversas. Nós temos aqui três instituições, a Unicap, a Universidade Federal de Pernambuco e a Escola Cobogó das Artes. Nós temos três espaços e três tempos, onde uma reunião se dá à noite, outra pela manhã e a outra se dá à tarde. São três cidades envolvidas, Rosário (Argentina), Recife e Brasília. Então, tudo isso faz parte do que a gente pensou e é tudo Osmaniano”, explicou.

Após a sessão de boas-vindas, foi formada a mesa da noite que debateu sobre o tema “Primeiro Mistério”. Participaram da mesa Ângela Lins, presidente do ICOL, que apresentou o tema “O pai: marinheiro de terceira viagem”; Graciela Cariello, da Universidade de Rosário, na Argentina, com o tema “La Paz existe? Uma leitura estranha”; Ermelinda Ferreira, da UFPE, falou sobre “O conto assina(la)do pelo ponto”; Ricardo Andrade, da UnB, abordou “Avalovara e Ideias para onde passar o fim do mundo, de João Almino: aproximações” e Thomas Abreu, da UnB, que apresentou o tema “Osman Lins: crítico da sociedade”. A mediação foi do vice-presidente do ICOL e professor da Católica, Robson Teles.

Em entrevista ao Boletim Unicap, a presidente do ICOL e filha de Osman Lins, Ângela Lins falou que esse é o primeiro evento do Instituto Cultural Osman Lins e sobre alguns projetos futuros, como conseguir uma sede própria para o Instituto, constituir uma editora para reeditar as obras do escritor e de autores pernambucanos e, desse modo, contribuir com a cultura do Estado de Pernambuco.

Ângela Lins falou sobre a produção de Osman Lins. “Ele publicou umas 24 obras, entre romances, peças de teatro, ensaios, narrativas de viagens e, infelizmente, quando ele faleceu com 53 anos de idade, em 1978, ele estava escrevendo ‘A cabeça levada em Triunfo’, que não chegou a concluir e seria o seu 25º trabalho”. Ângela contou ainda uma curiosidade sobre “Lisbela e o Prisioneiro”, peça que virou filme. “Se Osman Lins estivesse vivo, ele não iria gostar nada disso, porque Lisbela foi um recreio, vamos dizer assim, de fim de semana. Ariano Suassuna era o professor de dramaturgia dele e, como atividade, pediu a Osman que fizesse uma peça de fim de semana. Aí ele juntou um bocado de coisa engraçada que ele tinha ouvido falar e fez Lisbela, sem muito esforço. Osman Lins encarava essa peça como uma coisa menor da sua obra”, revelou a filha caçula do escritor pernambucano.

A programação do I Retábulo Cultural Osman Lins contempla debates acadêmicos com pesquisadores locais, nacionais e internacionais; passeios turísticos em Vitória de Santo Antão e no Recife, pelas ruas citadas na obra “A rainha dos cárceres da Grécia”, do autor homenageado.

Nesta quinta-feira, dia 16, das 9h às 12h, no Auditório da Editora UFPE, acontece um debate “Segundo Mistério”, com a participação da pesquisadora internacional, Maria Emília Vico, da Universidade de Rosário, na Argentina, além dos pesquisadores brasileiros Sebastiana Lima Ribeiro, Carla Rios e Elizabeth Hazin, da UnB; Lourival Holanda, da UFPE, e Rosana Teles do IFPE. O debate será mediado pela professora Elisabeth Hazin.

À tarde da quinta-feira acontece o Passeio Cultural por Vitória de Santo Antão, com mediação de Ângela Lins.

Na sexta-feira, dia 17, a programação acontece na Cobogó das Artes, espaço de iniciação artística, que fica na Rua Oiticica Lins, 134, no Bairro de Areias, no Recife. A Cobogó estreou, em maio, seu primeiro espetáculo no Teatro Apolo, uma peça de Osman Lins, “Lisbela e o Prisioneiro”. Participarão do encontro Miriam Cristofanelli, da Universidade de Rosário, na Argentina; Paulo Souza, da UFPE; Luciana Barreto, Marina Arantes e Pedro Couto, da UnB. A mediação é de Adriano Portela, da Cobogó das Artes e Portela Produções.

No sábado, dia 18, acontece o Passeio Cultural “Passos pelo Recife de Maria de França – um roteiro literário, com mediação de Sebastiana Lima Ribeiro, da UnB.

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